Capítulo 38

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Quando Alfonso chegou na PATT no dia seguinte, parecia que algo de muito errado havia acontecido. Primeiro porque, Anahí já havia chegado. Ele soube disso por causa das marcas sujas do sapato dela no chão, da catraca até o elevador no saguão do prédio. Ele não havia perdido a hora, muito menos havia se atrasado no transito. Chegara no mesmo horário de sempre, e parecia que ela havia resolvido fazer uma surpresa a todos. Segundo porque, todos estavam eriçados, correndo de um lado para o outro, desesperados. Ele encontrou Emma no corredor alguns andares abaixo da cobertura e ela estava quase aos prantos. Parecia que Anahí não estava muito sociável naquele dia. E isso o fez fazer uma nota mentalmente de não chegar perto dela naquele dia.

Mas seus planos foram todos por água abaixo.

A guerra de copos quebrados e chãos sujos, haviam começado outra vez. Não era nem meio dia ainda, e ele já havia perdido a conta de quantos cacos de xícaras e copos ele havia limpado. Ela esteve em duas reuniões naquela manhã, e nas duas, ele entrara duas vezes para limpar o chão sujo de café. E ela estava sempre o observando com o meio sorriso contido nos lábios. Ele já andava esperando pelo chamado, que era a qualquer momento.

Ele estava no refeitório almoçando, sozinho, uma vez que Emma ficou sem almoçar para poder dar conta do que Anahí havia pedido para aquele dia. Ele estava quase terminando quando seu rádio o chamou. Era Emma, o chamando para limpar a sala dela, que acreditem, havia deixado o prato de comida cair ao chão.

Ele se levantou, esperando pelo dia em que jogaria tudo isso para o ar, pediria demissão, e ainda por cima, deixaria a marca de seus dedos no pescoço dela.

Quando ele chegou na sala dela, queria mata-la por nem mesmo ter feito sua digestão ainda e ter que limpar o chão dela. Mas ao invés disso, ele entrou, em silêncio, e percebeu que ela falava ao telefone. Ele se direcionou até onde estava o prato quebrado no chão, e se abaixou para juntar os cacos. Havia outra mesa na sala de Anahí, de vidro, redonda, onde ela almoçava e as vezes, usava quando tinha algumas reuniões. Ela caminhava pela sala, falando no celular, sem tirar os olhos dele.

Anahí: Sim, Richard, eu sei. –ela falava no celular, andando, e se aproximando dele aos poucos- Eu vou mandar minha secretária ver isso. Eu já disse! –falou com a voz dura, mas seu rosto era leve, e os olhos indecifráveis observando, agora, Alfonso levantar, e passar o pano no chão- Eu não vou repetir. Até mais.

Ele evitou olhar para ela, mas podia sentir os olhos dela queimarem sua pele. A mesma tensão estava lá, naquela mesma sala, outra vez. Ele sentia-se tentado, sentia-se atraído como um imã, para ela. Queria ir até ela, beijá-la da mesma forma, porque estava com a mesma raiva, e fazê-la sentir isso. Queria sentir os lábios dela, o gosto de sua boca, mas ele tinha algo muito maior do que sua tentação. Ele não podia arriscar seu emprego outra vez.

Quando ele acabou de limpar, ajeitava suas coisas no seu carrinho, quando ela se aproximou ainda mais dele, terrivelmente mais próxima. Havia um copo com água em cima da mesa, e ela o pegou. Ele suspirou, observando o ato, já esperando pelo copo quebrado no chão, somente para ele limpar. Mas ela não o fez. Ao invés disso, ela levou o copo até a boca, bebendo a água do copo.

Ele a observou, como se admirasse um musical da Broadway. Quando ela trouxe o copo de volta, deixou, acidentalmente, um fio de água cair entre sua boca e o copo. Fazendo a água escorrer por seus lábios, seu queixo, e seguir um caminho até o vão de seus seios, que os primeiros botões da blusa abertos, exibiam.

Anahí: Veja só, que desastrada eu sou! –falou o encarando, com uma pequena ruguinha entre as sobrancelhas, deixando o copo sobre a mesa, e deu mais um passo, quase colando seu corpo no dele- Mas aqui, você não pode limpar, não é mesmo? –sussurrou, os lábios quase encostando nos dele-

Alfonso esqueceu até mesmo a raiva que estava sentindo segundos atrás. Ele só conseguia olhar e pensar nos lábios dela, chamativos clamando por ele. Maldita seja, aquela mulher seria sua perdição. Ele arrumaria outro emprego, que fosse de faxineiro mesmo, ele conseguiria. A tal da experiência, ele já tinha. Não seria fácil, claro, nunca pensou que seria, mas valeria a pena.

Alfonso: Não posso? –perguntou irônico, soltando um pequeno riso. Ela continuou o encarando da mesma forma, desafiadora, e ele avançou-

Ele levou uma das mãos até a nuca dela, a segurando. Mas não a beijou. Ela arfou surpresa, para logo sentir a língua dele em contato com a pele de seu colo, subindo por seu pescoço, fazendo o mesmo caminho da água, até chegar em seu queixo, chegando finalmente nos lábios. Onde ele os devorou, com a mesma devassidade, e o mesmo desejo que sentiu todas as horas desde a ultima vez. Céus, ele queria tanto beijá-la!

Anahí agarrou as mãos na gola do macacão de Alfonso, o puxando ainda mais para si, como se fosse possível. Não existia nem mesmo a possibilidade de um átomo passar entre eles, não havia espaço. As línguas se cumprimentaram, saudosas, e Alfonso chupava os lábios dela, tão macios, como ele nunca havia provado em nenhuma outra boca. Era o inferno. A mão ainda a segurava firme pela nuca, enquanto a outra resolveu passear pelo corpo dela. Se era a ultima vez, se valeria o seu emprego, então que ele aproveitasse.

A mão dele livre foi até sua cintura, a apertando enquanto as línguas se devoravam. A outra mão também desceu, e ele as levou até os seios dela os apertando, como um menino sendo apresentado a um corpo feminino pela primeira vez. Ela arfou entre o beijo, e foi como um incentivo para ele. Que a empurrou contra a mesa, sentindo as unhas dela arranharem seu peito pela abertura de seu uniforme. As mãos dele desceram até o traseiro dela, a levantando e a fazendo sentar sobre a mesa. As pernas dela o envolveram pelo quadril, os aproximando ainda mais, sentindo a ereção dele recém formada em seu ventre através da sua calça de linho e a roupa dele.

Anahí sentia-se embriagada, sentia-se como se estivesse dopada, e querendo apenas sentir a boca dele em seus lábios, em sua pele. Ela não se importava quem ele era. Ela só queria matar aquela maldita tensão sexual e o desejo que sentia quando ele estava por perto.

A boca de Alfonso desceu pelo pescoço dela, Anahí tinha os lábios estavam vermelhos e inchados. E ele desceu, indo para o colo dela, colocando as mãos nos botões de sua camisa, mordendo a parte superior de um de seus seios, que se mostrou devido ao sutiã meia taça que ela usava. Ela arfou outra vez, sentindo a umidade da boca dele em sua pele quente, tão quente como...

E o telefone tocou.

Alfonso: Não atenda. –grunhiu com a boca encostada no colo dela-

O telefone continuou insistindo, e ela suspirou, fechando os olhos. Se dando conta do que fazia. A boca dele subia outra vez por seu rosto, indo até sua orelha, arrepiando seu corpo inteiro...

E ela o afastou. Pulando da mesa, fechando sua blusa rapidamente, e indo até a sua mesa, ajeitando a roupa, e o cabelo. Ela respirou fundo, esperando ele se recompor. Colocou a mão sobre o telefone, mas não o atendeu, ainda.

Anahí: Saia. –falou, já com a voz lavada. Firme outra vez. Puxou o telefone, e o atendeu. Virando-se em sua cadeira, de frente para a vidraça, falando ao telefone, ouvindo segundos depois, a porta sendo fechada- 


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