Capítulo 16

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O trio chegou à silenciosa casa dos Dursley. Harry lembrou-se de cada vez que desejou sair dali e não voltar mais. Sentiu o peso do fim da infância. Sairia dali em poucas horas e não voltaria mais.

Os Dursley's estavam acomodados ao sofá, assistindo à televisão em um volume mínimo. Eles perceberam a presença e viraram-se para trás para ver quem chegava.

—Harry, o que faz aqui e quem são estes? — Tia Petúnia praticamente cochichou, com os olhos arregalados. Tio Válter já estava roxo e Duda se agarrava ao braço da mãe.

—Estes são meus amigos Ron e Hermione. Precisamos ficar aqui esta noite. A guerra do meu mundo começou. — Ele disse olhando para os tios. Eles não esboçaram reação.

—Só esta noite. — Guinchou tio Válter se virando para a televisão.

—Ah.. Senhores... Desculpe o incômodo, mas eu preciso avisar a Ordem da Fênix que estamos aqui. Eles virão nos buscar. — Hermione disse baixo olhando para os três.

—A casa será destruída? — Perguntou tio Válter sem olhar para trás.

—Creio que não. — Ron respondeu com uma risadinha e recebeu uma cotovelada de Hermione.

—Não senhor. — Ela respondeu. O homem gorducho bufou.

—Que seja. — disse e aumentou o volume da televisão.

—Vamos lá para cima. —Harry disse para os amigos.

Subiram a escada e entraram no minúsculo quarto de Harry. Ele escutou um pio de Edwiges e foi até a gaiola. Pôs comida no pote e fez um breve carinho em suas penas.

—O que faremos agora? — Ron perguntou sentando-se à cama.

—Primeiro chamaremos a Ordem. Depois decidimos o que fazer. — Hermione disse e tirou a varinha do bolso da capa. Produziu um patrono que logo saiu pela janela.

O quarto estava iluminado apenas pela luz da lua. Cada um no seu silêncio, cada um no seu mundo. Até que se ouviram vários -cracs- e alguns gritos da tia Petúnia. Desceram as escadas correndo e viram vários aurores e integrantes da ordem. Ao canto da sala estavam os três familiares de Harry.

—Sr. Potter. Satisfação em revê-lo. — Kinglsey Shacklebolt lhe estendeu a mão. Depois disso, os outros começaram a cumprimentar o trio.

—Harry, temos que tirar você daqui antes da meia noite. Você vai perder sua proteção em breve, já que ela era garantida por Dumbledore. - Disse Moody. — Você já arrumou suas coisas? Temos que ir para a casa de Andrômeda. É o local mais seguro para onde podemos ir agora.

—Sim, nossas coisas já estão arrumadas. — disse e olhou para Hermione. A amiga era muito prestativa.

—Ótimo. — disse e virou-se para os Dursley. — Vocês devem sair desta casa até a meia noite. A casa será atacada e destruída por comensais da morte. Eles não hesitarão em torturar e matar vocês. — olhou para o relógio da cozinha. — Vocês tem uma hora. — e soou a badalada das onze horas.

Os Dursley imediatamente correram para os seus quartos para pegar o máximo de coisas que conseguissem. Corriam pelas escadas com caixas e malas, guardando coisas no carro.

Enquanto isso, o grupo de bruxos presente na sala, bebia uma poção bem conhecida para Hermione, Ron e Harry. Poção Polissuco. Após alguns instantes, podiam ser vistos vários Harrys.

Na horas de se despedir, o Harry verdadeiro foi até eles.

—Não voltem aqui. Será perigoso. Vão para o lugar mais longe que puderem. — disse para os tios.

—Mãe, ele vai ficar bem? — Duda perguntou num sussurro para tia Petúnia. Harry ouviu. Tia Petúnia apenas assentiu com a cabeça.

—Vai pro carro, Dudinha. A mamãe já vai. — disse para o filho que foi até o carro, onde o pai já o esperava. — Harry, saiba que não só você perdeu seus pais naquela noite, como eu perdi uma irmã. Boa sorte. — Disse e deu um rápido abraço no sobrinho.

Harry não entendeu aquela delicadeza. Nunca recebera uma única palavra de afeto por parte dos tios. Parece que lá no fundo, existia um coração em Petúnia.

Ele entrou em casa e buscou Edwiges. Deu uma última olhada em todos os cômodos da casa, especialmente no armário sob a escada. Ali foi o seu lugar de descanso por tantos anos.

Saiu pela porta da frente, deixando as luzes da casa apagadas. Os outros já o esperavam na rua. Foi então que chegou Hagrid com uma motocicleta voadora.

—Harry, foi eu quem trouxe você para cá quando era apenas um bebezinho. Acho justo que seja eu a levar-lhe de volta. — disse com habitual doçura na voz. Harry sorriu.

A viagem ia muito bem até que Harry sentiu uma dor lancinante na cicatriz. Num piscar de olhos, via uma imensa batalha à sua volta. Vários comensais disparavam feitiços contra seus amigos, estes revidando. Eis que um dos feitiços atingiu Edwiges, que morreu instantaneamente.

Harry ia entrar na luta e já estava com a varinha em mãos, pronto para atacar, quando Hagrid apertou um botão de super rapidez na motocicleta. Porém a dor na cicatriz foi tão forte que ele acabou por desmaiar.

Acordou com o zum-zum das conversas entre os aurores e participantes da Ordem da Fênix. Quase ninguém percebeu que ele acordou. Ron e Hermione sim.

—Harry, está bem? — Ron ajoelhou-se ao lado do sofá onde Harry estava deitado.

—Estou.. Ai. — Sentiu uma ferroada na testa e pôs a mão sobre a cicatriz.

—Fomos atacados durante a viagem. Como os comensais descobriram da transição ninguém sabe. — Hermione dizia apreensiva. Caminhava em volta da mesinha de centro.

—Acalma-te, Hermione. Daqui a pouco você vai fazer um buraco no chão da sala. — disse e abraçou a amiga de lado, fazendo com que ela estancasse seu movimento. Ela o olhou de lado, mas não falou nada.

Andrômeda apareceu na sala trazendo xícaras de chá em uma bandeja.

—Olá, Harry, como se sente? — sentou-se numa poltrona e pôs a bandeja em cima da mesinha de centro, que há segundo Hermione rodeava.

—Tonto. — disse e pegou um xícara de chá.

—Ah... Eu vou lá em cima ver umas coisas e já volto. — Hermione se pronunciou e subiu as escadas até o quarto em que estavam suas coisas.

Sentou-se na chaise aos pés da cama, abriu sua bolsa e tirou a caixinha de bombons que ganhara sabe-se lá de quem.

Retirou um dos bombons e pôs na boca. Sentiu como se nada tivesse acontecido. Sentiu como se ainda estivesse em Hogwarts e sentiu como se estivesse na aula de Herbologia com Neville.

Lembrou-se do seu beijo com Neville e desejou que onde quer que estivesse, o amigo estivesse bem.

Este ano estava sendo definitivamente muito estranho.

Ela guardou novamente a caixa de chocolates na sua bolsa. Tinha doze bombons, e ela já comeu dois. Logo acabariam. E estavam tão bons...

Pegou o livro que ganhou de Dumbledore para ler. Ao abrir o livro, notou um desenho feito à tinta, mas não deu muita atenção. Leu até ficar com sono, e dormiu.

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