Capítulo 17

210 18 0
                                    




Hermione acordou de madrugada com um barulho e alguns cochichos no andar de baixo. Levantou-se com a varinha em mãos. Descia os degraus da escada em silêncio absoluto.

Chegando à cozinha, suspirou aliviada. Ron e Harry.

—O que é que os dois estão fazendo? — perguntou, pondo as duas mãos na cintura.

—Nossa, Hermi. Parece a minha mãe desse jeito. — Ron disse revirando os olhos.

—Por que é que os dois não estão dormindo? — ela perguntou e sentou-se em uma cadeira, à volta da mesa.

—Nós não vamos ficar aqui. Vamos sair agora. Eles correm perigo se eu continuar aqui. — Harry se pronunciou sem olhar para Hermione, mas sabia qual o olhar de reprovação ela estava a lhe oferecer. Mas ao invés de ouvir uma bronca, ouviu algo que fez os dois garotos a encararem.

—Vou com vocês. — ela disse. — Já volto, vou buscar minha bolsa. — disse se levantando da mesa e subindo as escadas antes que algo pudesse detê-la.

Em menos de dois minutos, ela já estava vestida, com a bolsinha em uma mão e a varinha em outra.

—Vamos? — ela chamou pelos dois. Eles se entreolharam e concordaram.

Já ia amanhecendo quando sentiram falta dos três na casa de Andrômeda Tonks.

Eles já estavam longe. Chegavam à uma cidadezinha quando viram em uma parede aquele símbolo, semelhante a um olho de gato.

—Hermione, esse símbolo, eu vi ele no colar de Xenofilio Lovegood, o pai da Luna, no casamento. — Harry dizia apontando para a parede.

—E eu vi desenhado à tinta na contracapa do livro que Dumbledore me deixou. — ela buscou o livro dentro da bolsa e mostrou o desenho para os amigos.

—Vocês não sabem o que é? — Ron perguntou para eles. Os dois negaram com a cabeça. — Poxa. Hermi, você tem aí o exemplar de Os Contos de Beedle, o Bardo. Abra no conto dos três irmãos. — disse e a garota abriu o livro, sem entender. Leia aí, e eu explico.

Era uma vez três irmãos que caminhavam por uma estrada solitária e sinuosa ao crepúsculo, a certa altura, os irmãos chegaram a um rio demasiado fundo para passar a pé e demasiado perigoso para atravessar a nado. Contudo, esses irmãos eram exímios em artes mágicas, por isso limitaram-se a agitar as varinhas e fizeram aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Iam a meio desta quando encontraram o caminho bloqueado por uma figura encapuzada. E a Morte falou-lhes. Estava zangada por ter sido defraudada em três novas vítimas, pois normalmente os viajantes afogavam-se no rio. Mas a Morte era astuta.

Fingiu felicitar os três irmãos pela sua magia e disse que cada um deles havia ganho um prêmio por ter sido suficientemente esperto para a evitar.

E assim, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu uma varinha mais poderosa que todas as que existissem: uma varinha que vencera a Morte! Portanto a Morte foi até um velho sabugueiro na margem do rio, moldou uma varinha de um ramo tombado e deu-a ao irmão mais velho.

Depois, o segundo irmão, que era um homem arrogante, decidiu que queria humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de trazer outros de volta da Morte. Então a Morte pegou numa pedra da margem do rio e deu-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra teria o poder de fazer regressar os mortos.

E depois a Morte perguntou ao terceiro irmão, o mais jovem, do que gostaria ele. O irmão mais novo era o mais humilde e também o mais sensato dos irmãos, e não confiava na Morte. Por isso, pediu qualquer coisa que lhe permitisse sair daquele local sem ser seguido pela Morte. E esta, muito contrariada, entregou-lhe o seu próprio Manto de Invisibilidade. Depois a Morte afastou-se e permitiu que os três irmãos prosseguissem o seu caminho, e eles assim fizeram, falando com espanto a aventura que tinham vivido, e admirando os presentes da Morte.
A seu tempo, os irmãos separaram-se, seguindo cada um o seu destino. O primeiro irmão continuou a viajar durante uma semana ou mais e, ao chegar a uma vila distante, foi procurar um outro feiticeiro com quem tinha desavenças. Naturalmente, com a Varinha do Sabugueiro como arma, não podia deixar de vencer o duelo que se seguiu. Abandonando o inimigo morto estendido no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a uma estalagem onde se gabou, alto e bom som, da poderosa varinha que arrancara à própria Morte, e que o tornava invencível. Nessa mesma noite, outro feiticeiro aproximou-se silenciosamente do irmão mais velho, que se achava estendido na sua cama, encharcando em vinho. O ladrão roubou a varinha e, à cautela, cortou o pescoço ao irmão mais velho.Assim a Morte levou consigo o irmão mais velho.

Entretanto, o segundo irmão viajara para sua casa, onde vivia sozinho. Aí, pegou na pedra que tinha o poder de fazer regressar os mortos, e a fez girar três vezes na mão. Para seu espanto e satisfação, a figura da moça que em tempos esperava desposar, antes da sua morte prematura, apareceu imediatamente diante dele. No entanto, ela estava triste e fria, separada dele como que por um véu. Embora tivesse voltado ao mundo mortal, não pertencia verdadeiramente ali, e sofria. Por fim o segundo irmão louco de saudades não mitigadas, suicidou-se para se juntar verdadeiramente com ela. E assim a Morte levou consigo o segundo irmão.

Mas embora procurasse durante muitos anos o terceiro irmão, a Morte nunca conseguiu encontra-lo. Só ao atingir uma idade provecta é que o irmão mais novo tirou finalmente o manto de invisibilidade e deu ao seu filho. E então acolheu a Morte como uma velha amiga, e foi com ela satisfeito e, como iguais, abandonaram esta vida."  Mas o que isto tem haver com o desenho? — ela perguntou ao terminar de ler o conto.

—Tem tudo haver. Você tem pergaminho e pena aí? — Ron perguntou. Ela retirou um pedaço de pergaminho, pena e tinta da bolsinha e entregou para o amigo. — Veja o desenho que vou fazer. A varinha. — disse e fez uma linha reta no papel. — A pedra. — disse e fez um círculo, cortado ao meio pelo traço que fizera anteriormente. — A capa. — finalizou o desenho com um triangulo, deixando os dois desenhos anteriores dentro dele. — Viu? O desenho representa as relíquias da morte.

—Isso, faz todo o sentido. As relíquias... Elas são reais? — Hermione perguntou guardando o pergaminho de volta na bolsa.

—Isso ninguém sabe. Mas eu sempre acreditei que sim.

Harry de súbito caiu no chão. Estava tendo uma visão. Hermione e Ron seguraram Harry e o puseram sentado em um banco. Após alguns segundos, Harry voltou a falar.

—Umbridge. Ela está usando um medalhão. Acho que é uma Horcrux.

ProudOnde histórias criam vida. Descubra agora