Voltaram para dentro do castelo de mãos dadas, quase como se fosse uma necessidade sentirem a pele um do outro, para garantir que não se separariam jamais.
Hermione sentiu seu estômago colar nas costas quando viu mole Weasley ajoelhada no chão. Artur tentava consola-lá passando carinhosamente a mão nas costas da esposa, mas estava tão desolado quanto ela.
A boca de Hermione secou. O corpo estremeceu, e lhe faltou o ar dos pulmões, conforme ela se aproximava com pressão até o corpo estirado no chão. Seus olhos começaram a expulsar as lágrimas que estiveram presas pelos últimos dias. Um soluço escapou, e Draco Malfoy tornou a prendê-la fortemente nos braços.
Fred Weasley estava morto.
Na manhã seguinte, os alunos e professores que acordavam, tomavam café da manhã com o pior tipo de sentimento que poderia existir.
Muita gente morreu na guerra, principalmente na batalha final. O vazio que essas pessoas deixaram era desesperador. Famílias foram destruídas. Vidas foram ceifadas demasiado cedo.
A família Weasley, desesperada, não saíra do lado do corpo frio de Fred Weasley. A senhora Weasley trazia enormes bolsas embaixo dos olhos, inchados e vermelhos.
Mais uma família destruída. Ao lado de Fred Weasley, estavam os corpos de Tonks e Lupin.
Harry não podia deixar de pensar que era tudo culpa sua. Que seus amigos morreram por ele. Mas não era verdade. Eles morreram pelo que acreditavam, morreram em prol da justiça, da liberdade, do bem.
Inconsolado pela morte do irmão, George destruíra cada item de sua loja. A Gemialidades Weasley não era Gemialidades, se não tivesse o outro gêmeo. E o sonho dos dois, morrera junto com Fred.
Conforme os dias iam passando, o prejuízo causado à escola ia sendo calculado, aos poucos. Ninguém tinha muita cabeça pra pensar nisso agora, mas precisavam seguir em frente.
Hermione decidiu que precisava de tempo pra pensar. Tudo foi muito intenso, e ela estava bem na linha de frente dessa batalha tempo toda. Estava esgotada.
Numa manhã fria, acordou-se cedo. Olhou para o lado, Ginny dormia. Saiu do seu dormitório em silêncio. Carregava apenas a bolsinha de contas.
Caminhou pelo castelo ainda parcialmente destruído. Foi até Hogsmeade. O sol ainda não tinha nascido. Estava tudo escuro. Aparatou para o Beco Diagonal. Estava tudo fechado, mas o Caldeirão Furado estava aberto.
Pediu somente um café preto.
Bebeu devagar, olhando em volta. Lembrou-se da primeira vez que estivera ali, anos atrás. Tanta coisa aconteceu. Tanta coisa mudou. Estava tão empolgada aquele dia. Deu um sorriso fraco. Sentiria saudade. Mas deveria abandonar o mundo bruxo.
Era o que pensava.
Nascera trouxa, seria trouxa para sempre. Não por que aprendera a fazer algumas coisas com uma varinha que isso a tornava uma pessoa diferente. E essa coisa de magia quase arrancou dela sua vida. E na verdade, o fez. Tirou sua família, o que era praticamente o mesmo que tirar sua vida.
Não fazia ideia de como recuperar a memória de seus pais. Mas tinha colocado na sua cabeça de que era a última vez que usaria magia novamente. Pesquisaria a fundo sobre memorias, hipnose ou qualquer outra coisa que pudesse ajuda-la, e depois, abandonaria essa vida.
Suspirou.
Sentiria, certamente, saudade de Ginny, Harry, Ron. Principalmente de Malfoy. Mas não se arrependia da decisão que tomara. Levantou-se, pagou seu café e passou pela porta.
Sumiu na escuridão da rua.
Pouco a pouco o dia clareava. Ginny acordou e olhou para os lados. Hermione não estava ali. Pensou que pudesse estar com Malfoy, então não preocupou-se. Tomou banho, se vestiu e desceu. Precisava se alimentar.
Viu que algo estava errado quando foi parada no corredor por Draco Malfoy.
—Hermione está com você? Procurei por ela em todos os cantos e não achei.
—Não. Hermi não está comigo, pensei que estivesse com você.
Correram até Harry Potter.
—Pegue o mapa, veja se ela está no castelo. — disse Ginny.
—Hermione está com meu mapa. E minha capa. — disse ele. —Temos que dar outro jeito.
Correram até McGonnagal.
—Não podemos alarmar a população bruxa. Voldemort morreu, mas muitos de seus comensais não. Se souberem que Hermione está vagando por aí... Prefiro nem pensar nas possibilidades. Temos que reunir a Ordem.
E assim o fizeram. Na mesma noite, estavam todos, incluindo Draco Malfoy, reunidos no Largo Grimmauld. A antiga casa dos Black. Agora, Casa dos Potter.
—Hermione Granger está desaparecida. — disse McGonnagal, dando início à reunião. — Não sabemos o que aconteceu. Se foi capturada ou se sumiu por vontade própria. Precisamos encontra-la. Sabemos que mesmo Voldemort estando morto, seus seguidores ainda estão vivos. Hermione é uma pessoa pública agora, heroína de guerra. Pode estar correndo perigo.
—Tenho alguns amigos espalhados pelo país. São de confiança. — disse Shacklebolt, chamando a atenção para si. — Posso pedir-lhes que, discretamente, procurem por Hermione. Sabe, pro caso de ela aparecer em cidades vizinhas. Podem ficar de olho.
—Isso é ótimo, senhor Shacklebolt. Faça isso o quanto antes. — agradeceu Minerva. O homem alto foi até a mesa com alguns rolos de pergaminho e uma pena. Começaria a escrever as cartas imediatamente.
—Podemos procurar pistas em suas coisas. Ela deixou algumas coisas no armário e no malão. Deve ter algo. — disse Ginny.
—Você fica encarregada de vasculhar as coisas dela. — disse Mcgonnagal.
—Poderíamos refazer nossos passos. Onde estivemos com ela durante a guerra. Talvez esteja em um dos nossos esconderijos. — disse Harry.
—Esta é um teoria interessante. Mas não se separem. Andem em grupos. Se ela estiver em perigo, apenas um de vocês não dará conta.
—Ron e Ginny vem comigo. — disse Harry.
Malfoy o fitou. Por que não estava incluído? Já não provou ser confiável até agora? Ficou desapontado. Decepcionado. Com raiva.
—E quanto a você, senhor Malfoy? — foi puxado de volta para a conversa pela voz da diretora.
—Farei minha própria investigação. — disse com o tom de voz levemente alterado. Olhou para Harry Potter. — Sozinho.
Com isso, virou-se e foi embora.
O grupo ficou em silêncio por alguns segundos.
—Precisava excluí-lo do grupo, Harry? — perguntou Ginny, indignada.
—Ele é filho de um comensal.
—Como você pode ser TÃO idiota e egoísta, Harry? — gritou Ginny, perdendo totalmente a paciência. — Depois de tudo pelo que passamos. Depois de Malfoy ter LITERALMENTE confrontado Voldemort para salvar a sua pele e de todos em Hogwarts! E se Hermi confia nele, eu confio também.
E saiu pela porta numa rapidez extraordinária. Não deu tempo nem de alguém respondê-la.
Na rua, encontrou Malfoy sentado no meio fio.
—O que está fazendo aqui? — perguntaram ao mesmo tempo.
—Não faço ideia por onde começar. — disse ele.
—Vim te ajudar. — respondeu Ginny. — Harry está errado. Você é importante e precisamos de você.
Ele sorriu brevemente. Estava feliz em finalmente ter a confiança de alguém.
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Proud
Fiksi PenggemarO sexto ano escolar de Hermione e seus amigos se vê conturbado após a morte do adorado professor e diretor Albus Dumbledore. Hermione se vê então em uma situação embaraçosa sobre amor e guerra. Eis que após peças pregadas pela vida, ela aceita aj...