Capítulo 37

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Ela caminhou até o salão comunal e quando estava quase na escada, percebeu uma pessoa sentada próximo à lareira, no lugar em que ela sempre ficava.

—Olá, Neville. — disse ela, sentando-se ao lado dele, estranhando a situação.

—Eu me senti muito culpado, Hermione. Então vim aqui te pedir desculpas. — disse ele, esfregando uma mão na outra.

—Desculpas pelo que?— perguntou ela confusa.

—Eu usei a poção Amortentia para fazer alguns bombons para você. Achei que se você gostasse de mim, seria mais facil. As pessoas zombam de mim o tempo inteiro, mas você é inteligente e todos gostam de você. — disse ele, virando-se para o fogo.

Hermione riu nervosa. Então agora tudo fazia sentido. Os bombons direcionados a ela, o beijo no pátio do colégio, a preocupação súbita que a fez cair nas mãos de Lestrange.

—Foi você? — foi tudo o que conseguiu dizer entre os dentes. O rapaz acanhado de vergonha assentiu com a cabeça.

—Foi um ato impensado, me perdoa.

—Eu poderia ter morrido por causa disso, sabia? Por causa dos seus bombons eu fui parar nas mãos da Bellatrix Lestrange. Olha o que me causou! — disse ela levantando a blusa e mostrando seus ferimentos.

Ela levantou e saiu caminhando da sala. Foi até seu dormitório. Não havia ninguém. Realmente, Hogwarts estava estranhamente calma. Isso lhe causou um arrepio na espinha.

Hermione deitou a cabeça no travesseiro e só então pode pensar claramente. Lembrou-se de uma das imagens que Dumbledore lhe passou rapidamente antes de ser morto.

Ela se levantou em meio a escuridão e correu até a sala de Dumbledore.

Foi até o armário no canto da sala, abriu-no e pegou um vidrinho com conteúdo prateado. A etiqueta pendurada na rolha dizia "Gaunt".

Derrubou na penseira e mergulhou a cabeça. Em poucos segundos estava de volta. Olhou em volta. Respirou com dificuldade. Estava tudo muito escuro. Sentiu um zumbido em seus ouvidos. Correu até a mesa do diretor e abriu a segundo gaveta.

Estava ali: o Anel de Slytherin.

Pôs o anel em seu dedo e ficou contemplando algum tempo. Sentia aquela mesma raiva que Luna parecia sentir quando usou o Diadema. Retirou e guardou cuidadosamente no bolso, enrolado em um lenço que trazia.

Foi para o seu, atualmente inabitado, dormitório. Conjurou algumas cobertas e se deitou. Permaneceu muitas horas naquela posição, observando a parede de pedra, iluminada por um fio de luz da lua. Aquela noite fazia muito frio.

O que poderia fazer para ajudar Harry? Mal se lembrava das instruções de Dumbledore pouco antes de sua morte. Grunhiu de raiva. As respostas estavam bem debaixo do seu nariz, estavam na sua mão, e ela não conseguia agarrar.

—Merda! — deu um soco na cama ainda deitada.

Levantou-se rapidamente. Estava de pés descalços e vestia somente uma anágua preta. Torceu para não encontrar ninguém pelo caminho.

Com a dor que sentiu em seus cortes ela sentiu ainda mais raiva: era culpa do Longbottom. Se ela estava nesta situação, toda cortada e apaixonada por Malfoy. A culpa era de Longbottom.

Por que beijara ele? Por que aquela caixa de bombons estava com seu nome na sua poltrona sem o nome do remetente? Por que fugiu para salva-lo quando comeu todos os bombons de uma vez? A culpa toda era do Longbottom

Por causa dele, ela fugiu. Por causa dele, ela foi pega. Por causa dele, foi ferida. Por causa dele, Malfoy a salvou, cuidou dela. Por causa dele, ela havia se aproximado de Malfoy, e se apaixonado por ele. Não estava pensando com clareza por que estava enfeitiçada.

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