POV Ken
Não diria que a semana que se sucedeu passou depressa, mas digamos que tenha fluído numa velocidade rápida o bastante para eu estar surpreso com o primeiro dia de aula. Em meio a tantos problemas, talvez, voltar à normalidade — se é que isso é possível — da rotina escolar, é a maneira ideal de ter minha vida nos eixos novamente. A cama não é mais tão confortável, já que todas as vezes que tento fechar meus olhos e ir em busca de uma noite de sono tranquila, os pesadelos vêm me atormentar. Não culpo meu subconsciente por se prender a memórias ruins e reproduzi-las num momento, em que teoricamente, deveria estar recarregando minhas energias.
Esforço-me até conseguir sair da cama e, assim que meus pés tocam o chão frio do quarto, sou tomado por todas as vezes que toquei em Louis e senti sua temperatura tão fria quanto uma geleira. Ligeiramente, fisco meu reflexo no espelho vejo minha mãe atrás de mim — deitada sobre minha cama, da mesma forma que estava sobre a sua quando Alice viu seu estado mórbido —. Cada membro do meu corpo se paralisa. Quero virar e encará-la face a face, mas não posso me mover. Letícia abre seus olhos, e esse mero movimento suga todo o meu fôlego e me deixa tonto, como se algo tivesse acertado minha cabeça.
Sinto meu pomo de Adão subir e descer. Ele está desesperado, assim como eu. Antes, em uma situação como esta, ficaria perplexo e, muito provavelmente, gritaria. Só que agora, o que me dá forças é descobrir a razão de estar tendo essas visões. Todas as coisas desagradáveis e medonhas que poderiam acontecer, já aconteceram. E, mesmo que eu tenha certeza que quando a situação está péssima, tende a piorar, não quero mais passar por nada semelhante ao que aconteceu há seis meses.
Para aumentar ainda mais o drama do momento, minha mãe levanta e me encara, despojando de um sorriso tão terno que me faz rever se ela está mesmo morta. Infelizmente, sim. Está tão morta quanto os outros. Viro abruptamente quando se move para frente, mas seus movimentos se resumem a isso: um único passo. Engulo mais de uma vez em seco e busco qualquer palavra que possa iniciar um diálogo.
— Você... — Começo a formular um argumento que não tenho certeza do que se trata e, de fato, não vou descobrir, uma vez que o quer que estivesse à minha frente, se foi. Evaporou como um gás.
O barulho estridente do despertador soa por todo o ambiente, mas sua função habitual não é cumprida e, já que estou bem desperto, seu papel torna-se inútil. Mas não o condeno. Todos temos dias em que não somos capazes de fazer nada direito. E, para mim, com certeza, se levar em consideração como minha manhã se iniciou, hoje vai ser um desses dias tremendos.
Sigo para o andar de baixo na esperança de encontrar uma Alice calma, ou que pelo menos não iniciássemos uma briga justamente depois do que acabei de ver no meu quarto. Mas não há ninguém. Ela deve estar no banho ainda ou já se foi. Preparo o café da manhã em silêncio.
— Bom dia. — Alice fala.
Não posso deixar de analisar como está vestida de uma maneira menos exagerada do que o costume. Sua calça preta, ainda é rasgada, mas bem menos. Sua blusa regata é cinza, sem rasgos, mas com uma estampa de caveira. Seus cabelos, que por mais incrível que pareça ainda estão louros, ficam presos em um rabo de cavalo. Nada de maquiagem. Eu nunca achei que ela precisasse, então não faz muita diferença.
— Bom dia. — Respondo enquanto abro a porta da geladeira, que está quase vazia. — O que vai querer? — Pergunto, mesmo que as opções são limitadas.
— Acha que não posso escolher tanto assim. — Escuto a cadeira ser arrastada para que ela possa se sentar.
Minha irmã parece estar de bom humor. Não vou contar vitória antes que as coisas desandem nessa pequena conversa.
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Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)
VampireLivro 1: Me Apaixonei por um Vampiro (História Gay) Livro 2: Me Apaixonei por um Vampiro(Caçadores Imortais - História Gay) "Louis Dewes é o meu declínio e não posso mais continuar a percorrer esse declive, que é uma estrada completamente escura. Nã...