Capítulo 07

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POV Ken
   Ainda luto para tirar a água que está dentro do meu nariz enquanto encaro Lewy, que está do lado de fora da piscina. Ainda é dia, mas por conta do clima frio e por estar encharcado, meu corpo treme. Por um instante, penso ser por medo, porém, já estive diante de situações mais assustadoras e as reações emitidas por mim não foram tão drásticas.
   Percebo a água movimentar-se ao meu redor e sei, no mesmo segundo, que Sam — o garoto que protegi e que no fim, acabou voltando-se contra mim — está saindo da piscina, restando apenas eu. Não consigo encará-lo depois de quase ter me matado.
   Lewy continua imóvel; eu, em contrapartida, mexo-me o tempo inteiro e tento decidir se o ideal é que vá para a superfície ou continue com parte do corpo imerso na água.

   — Você pode ir agora. — Com um tom de voz grave e áspero dirigi-se a Sam, que sai antes que consiga ver seu corpo movimentar-se.

   Seguro na barra de metal da escada quando acabo por decidir sair da água. Os olhos do Lewy seguem-me como cães farejadores.

   — Não sei o que acha que está fazendo, mas quase me matar não foi uma boa ideia. — Tento aquecer-me ao mesmo tempo que falo com ele.

   Seu sorriso, quase maníaco, aumenta a sensação de frio e seguro a respiração por meio segundo quando vem até mim. Não sei o porquê de estar com medo, mas estou.

   — Boas ideias nunca foram o seu forte, não é mesmo, Ken? — Há uma certa melodia em suas palavras. E são justamente elas que aumentam o nível de tensão entre nós.

   — Não. — Falo rápido. — E depois do que fez comigo, — aponto para a piscina — também não é o seu.

   Nos encaramos por muito tempo. Não achei que fosse vê-lo tão cedo, ainda mais depois de tudo que aconteceu. Tento acreditar que já superou, que está disposto a me perdoar, porém, esses desejos tornam-se mais utópicos a cada segundo que permanecemos no mesmo ambiente.

   — Não achei que seu ódio fosse tão grande. — Por fim, falo e começo a andar.

   — Não se trata de ódio. — Diz, cessando meus passos e tomando minha atenção de volta. — Isso é vingança, Ken. Por mais que as pessoas queiram mostrar que você não teve culpa, você teve sim. Foi o grande responsável pela morte da minha mãe.

   Suas voz está neutra. Ele aprendeu a controlar as emoções.

   — Eu sei. — Falo, num sussurro.

   — Não, você não sabe. — Rapidamente, fala. — Tudo o que fez foi ficar aqui, lamentando-se, ao invés de tentar resolver as coisas.

   — Acha que não quis ir atrás de uma solução? — Indago, começando a perder o pouco controle que venho trabalhando para manter. — Mas tanto você quanto eu sabemos que não se pode brincar com a morte.

   Minha voz sai estrangulada. Esgarrida. Por um fio.

   — Foi menos trabalhoso desistir? — Ele diz, com a voz levada para o estresse. — Estamos falando de família, Ken. Que consequência pode ser mais cruel do que ficar sem a pessoa que amamos? — Ele pensa mais um pouco. — Você perdeu quase toda a sua e ainda assim acredita que não é bom correr riscos.

   — Conheço meus pais. Eles não iriam aprovar algo assim. — Engulo, mesmo não havendo saliva na minha boca. — Lewy, eu... — A voz perde-se por meio segundo. — Eu sinto muito.

   Digo, segurando as lágrimas persistentes. Um rápido lampejo de todos os momentos que compartilhamos atingem minha cabeça e sinto-me tonto, mas continuo a falar:

   — Se eu soubesse que as coisas iriam acabar daquela forma, eu teria pensado melhor. Me sinto um lixo. Eu só queria ter tido a chance de resolver tudo isso sozinho, já que eu confiei nela, não vocês. — Ele permanece calado.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora