Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)

Capítulo 25

POV Ken

A essa altura, perdemos toda a noção de tempo e fases do clima. O céu está repleto de estrelas, com cores vibrantes, e o ar gélido entra por todas as ventilações da casa. Olho firme para o feitiço em minhas mãos enquanto Daenerys organiza as velas, poções e outros livros que trouxe consigo do quarto dos meus pais. Meu corpo está presente na sala, mas minha mente está muito preocupada e concentrada em Lia. Trevis já saiu há mais de duas horas e ela ainda não acordou. Não deu o menor sinal de que vai ficar bem.

Olho de relance para o céu pela janela da sala de estar. Como um efeito surpreendentemente irreal, a Lua surge vigorosamente e gigantesca. E em outro segundo, que não posso acompanhar, o Sol também atravessa o céu, com um brilho de ofuscar a visão, mas ainda assim sem clarear a cidade. A meia escuridão permanece como nossa fiel companheira.

— Precisamos agir agora, Ken. — Como em um leve sussurro, ouço a voz da Daenerys ecoar de algum ponto da sala. A ignoro por completo, pelo tempo que consigo. — Estamos na reta final. — Encaro seu rosto lentamente. Suas expressões são firmes e suas mãos tremem.

No mesmo momento em que obrigo-me a focar no que precisamos fazer, uma inquietante sensação atravessa meu peito e corpo, de muitas formas e com tanta intensidade, que me faz querer desabar o mais rápido possível. Sou atingido por uma única certeza: perdi completamente a noção de todas as decisões e escolhas que tenho tomado ultimamente.

— Não pode se culpar agora. Também precisamos de você para o feitiço, Ken. Eles chegarão logo, logo. — Quando termina de falar, a porta de entrada é aberta e meu corpo trepida. Necessito de algum tempo para me acostumar com a imagem da Lyanna à minha frente.

Logo atrás dela, Trevis surge com uma criança nos braços. Fico sem palavras e rapidamente fito Daenerys, que logo está a meu lado. Seus olhos, assim com os meus, transitam entre os três, à espera de uma explicação.

Sem pedir licença, Lyanna passa por nós e, timidamente, Trevis acompanha seus passos. O silencio predomina e não é preciso pedirmos explicações para que bruxa marrenta comece a falar. 

— Trevis fez uma besteira das grandes, para variar. — Com extrema atenção, espero que prossiga. — Ele transformou o pequeno Pietro em vampiro. 

— Sem chances. — Sobressaltada, Daenerys diz. Seus olhos faltam deixar as órbitas oculares. Sua expressão muda bruscamente e por isso percebo a seriedade da situação. — Você tem noção do que fez, Trevis? Você já viveu o suficiente para entender que não se intervém no desenvolvimento natural dos humanos. 

— Eu sei que não devemos trazer crianças para nosso mundo, nossos jogos. Não pensei bem quando fiz o que fiz. Foi apenas um impulso. 

— Eles virão atrás de você. — Com uma voz tranquila, quase inaudível, Daenerys diz. Quando capto o pânico e a incredulidade no seu olhar, meu corpo entra em sinal de alerta. 

— Os Caçadores? — Pergunto, com a tentativa de entender essa situação. 

— Eles também. — Ela responde, ainda com os olhos fixos no Trevis e Pietro. — Mas se sairmos daqui vivos, eles serão a menor das preocupações do Trevis. 

— Eu não entendo. — Pontuo, na torcida para que as explicações deixem o campo da subjetividade. — Podem ser mais diretos? 

— Assim como os bruxos têm os ancestrais e os lobos um Alfa, os vampiros também têm uma representação que dita regras e sentenças. O grupo foi criado pela minha família, que os abandonou quando não viram mais utilidade. Eles virão atrás de vocês assim que sentirem o cheiro dessa cri... Desse ser.