POV Ashley (Caçadora)
Não há mais tempo para brincadeiras ou jogos.
Finalmente chegou o momento de encerrarmos, definitivamente, nossos planos para os sobreviventes da cidade. No meu íntimo, sinto o desejo insaciável pelo caos e destruição. O chamado da escuridão para finalizarmos nossos planos percorrem todo o perímetro que circunda Mystery City e soa como uma verdadeira prece aos meus ouvidos.
Não posso negar a beleza dessa melodia, que parece um clamor por salvação.
Nossos pés param em frente à casa dos Kern e sinto o cheiro de cada um deles dentro da residência. Junto com meus dois irmãos, encaramos o céu cheio de estrelas e com a presença dos dois astros mais louváveis: o Sol e a Lua.
Quando uma leve brisa passa por meu nariz e o cheiro de morte impregna-se nele por muito tempo, o que me causa uma deliciosa sensação, meus irmãos e eu seguramos nossos instrumentos mortais na mão. Como mágica, ordenamos que toda e qualquer luz presente no céu desaparece.
Agora, não há mais Sol, Lua, estrelas ou qualquer outra luz presente na cidade. A escuridão toma conta de tudo e os corpos dentro da casa emanam o pânico à medida que tentam compreender os próximos passos desse momento final para eles.
Com determinação, escancaramos a porta principal que dá acesso à casa e não encontramos nenhuma pessoa. A cena me resgata uma memória distante: a primeira vez que invadimos a mansão Kern na floresta. Mas, desta vez, iremos garantir que nem sequer um deles saia vivo.
Todas nossas habilidades foram aprimoradas após séculos e séculos presos no pior lado do véu sobrenatural. Sofrimento, angústia, desespero e solidão permeiam cada pequeno poro do nosso corpo e são o combustível essencial para concretizarmos nossa ação redentora. O mal não pode reinar nesse mundo.
As pessoas humanas, os sobrenaturais e todos aqueles motivados pelo mal não podem dividir espaço com os seres que têm uma vida plena e feliz. É nossa função garantir um equilíbrio. Fomos chamados para isso.
No centro da sala, que está em completa escuridão, meus olhos já acostumados à penumbra conseguem identificar um círculo de um ritual bruxo. Há velas espalhadas por quase todos os lugares. Eles estavam apressados, mas ainda não será o suficiente para impedir nossos planos.
Com a visão periférica, busco por qualquer movimentação suspeita, mas está tudo estranhamente silencioso agora. Inclino a cabeça em direção à escada quando meus irmãos pedem as coordenadas dos próximos passos. Lentamente, os degraus são subidos um por um até que não reste mais nada.
O corredor do andar de cima está ainda mais silencioso. Meus olhos ligeiros buscam qualquer sinal de ataque e meu nariz exige sentir qualquer cheiro de medo e aflição. Eles estão aqui, eles precisam estar.
Sem que eu note nossa proximidade, os ombros de Brick batem no meu e fazem um pequeno barulho reverberar por todo o corredor até atingir o nada e sumir no ar. Clinton abre a primeira porta à nossa direita e o quarto está vazio. O mesmo acontece com todos os cômodos do corredor, até que resta apenas uma porta para abrir.
Brick está a postos, pronto para enfrentar o quem estiver do outro lado, assim como Clinton, mas sou eu a me prontificar a abrir a porta. Com um chute estridente e bem executado, a porta voa para o interior do quarto e nós três entramos preparados para atacar.
As armas em mãos e o desejo por ceifar vidas gritam dentro de nós.
Mas não há ninguém.
Tudo no mais absoluto e desconfiante silêncio.
— Onde diabos eles podem estar? — Clinton questiona com a voz sussurrada e com os olhos ávidos por uma explicação.
— Eles estão aqui. — Afirmo ao inalar o cheiro ambiente. — Consigo sentir. — Asseguro e olho ao redor com mais atenção.
Caminho a passos lentos em direção à janela. Não tarda muito para que meus irmãos estejam ao meu lado, também atentos.
— Achei que a escuridão fosse impedi-los de fugir. — Brick pontua com facilidade. — Nós somos acostumados à penumbra, não eles. — Com raiva na voz, vocifera.
— Aparentemente, vocês nos subestimaram. — A voz irritante do Ken surge atrás de nós, mas seus movimentos são rápidos demais para que possamos revidar.
Em um segundo que não calculamos, nossos corpos quebram a grande vidraça da janela e se chocam contra o chão. O impacto gera mais dor e desconforto do que seria capaz de admitir.
Rápidos, novamente estamos de pé e prontos para a melhor parte da noite: a matança.
— Deveria ter continuado escondido, Ken! Todos vocês! — Grito para que consiga me ouvir do alto da janela. Ele ainda continua parado, a nos encarar enquanto o que deveria fazer era traçar um plano de fuga.
— Chegou a melhor parte da noite, irmãos. — Anuncio de forma estridente e nos voltamos à entrada da casa. Dessa vez, não haverá elementos surpresas ou qualquer coisa do tipo.
POV Ken
Meus pensamentos correm mais rápido que um vendaval quando Lyanna constata que não há qualquer foco de luz na cidade. Minhas ideias são ligeiras em concretizar que Os Caçadores chegaram e não vieram apenas se divertir. Quando o ar gélido atravessa meu peito e se instala nele por mais tempo que pareço suportar, tenho a plena convicção de que vieram encerrar de vez com seus planos, que resume a matar todos nós.
Em meio ao silêncio devastador de todos, forço minha mente a encontrar uma saída disso tudo. Todos dizem que eu sou o bruxo mais poderoso. Possuo dois lados sobrenaturais e trouxe a Primeira Bruxa sozinho. Posso nos tirar dessa.
Toda essa magia e força dentro de mim precisa surgir agora. Necessito encontrar todo meu potencial e traçar, pela primeira vez, um plano que nos tire daqui vivos. Não podemos ter passado por tanta coisa nos últimos tempos para morrer assim. Não é justo ou correto.
Encaro Daenerys no segundo que ela entra no quarto que estamos. Só consigo pensar que há muita gente na casa e não deveríamos ter sido burros de ficar todos sob o mesmo teto. Inconscientemente, agradeço por Tiffany e Alex terem ido para a antiga mansão Kern na floresta. Precisavam cuidar do desejo insaciável da Tiffany de se alimentar de carne humana.
Louis sumiu durante todo o dia. Meu subconsciente me força a aceitar que sua presença agora seria muito útil, já que é surpreendentemente ágil em pensar e executar planos. Meus dedos dos pés formigam e isso é reflexo do meu exacerbado nervosismo.
A essa altura, Lindsey e Klew seriam extremamente necessários para ajudar a manejar magia, mas já que não estão aqui, só posso contar com a Daenerys, Miguel, Lewy e Letícia, além de mim, para ajudar a todos nós. Lyanna ainda não conseguiu retomar seus poderes e isso é algo muito ruim, já que precisaríamos de sua habilidade bruxa agora.
— Tenho um plano. — Anuncio quando as ideias parecem finalmente ganharem significado. — Estou perto da Lanna e, apesar da escuridão, posso jurar que está nervosa. — Precisamos tirar o máximo de pessoas da casa. Não vamos nos entregar tão facilmente. — Aviso, na esperança de que tenhamos tempo de executar qualquer ação contrária à investida deles.
— Rápido! — Lanna exige. — Não temos muito tempo. — Engulo a seco e torço para que meus pensamentos se materializem em palavras.
— Daenerys, Miguel, Lewy e Letícia, precisamos deixar todos que estão dentro dessa casa invisíveis. Agora! — Sem pestanejar, concordam e, mesmo diante da escuridão, é possível sentir que estamos invisíveis para qualquer pessoa. — Trevis e Lyanna, vocês precisam tirar Pietro, Sam, Rayan e Airton daqui assim que os Caçadores subirem as escadas. — Sem esperar outra ordem, saem em disparada pelo corredor ao encontro dos meninos que estão no primeiro quarto.
— Pai? — Chamo baixinho, com o receio de que os Caçadores já estejam dentro da casa. — Precisa levar Lia para um lugar seguro também. Ela ainda está muito fraca. — Seus braços ágeis a tiram da cama e ele segue rumo ao corredor.
O plano tem pouquíssimas chances de funcionar, mas ele é tudo que me agarro nesse momento. Acabei de recuperar minha família, então mantê-los aqui é minha maior prioridade.
— Nick e Letícia, — falo devagar — acho que deveriam sair também. Lanna, Miguel, Lewy e eu podemos encará-los.
— Nós quatro contra os três serem mais poderosos? — Com desdém, Lanna ironiza. — Sem chance. Eles precisam ficar, Ken.
— Eles não podem. — Tento explicar, mas as palavras se perdem quando ouvimos a porta de entrada ser aberta.
— Podemos ajudar. — Nick assegurar de forma sussurrada e aceito que não há mais saídas.
Lentamente, nos afastamos para o canto contrário à porta do quarto, à espreita. Meus batimentos estão acelerados e posso ouvir a respiração ofegante de todos eles. Desejo, incessantemente, que todos os outros consigam sair de casa o mais depressa. Eles têm que correr para locais seguros até que possamos realizar o feitiço que vai mandar esses infelizes para o maldito inferno de onde saíram.
A espera paralisa meu corpo inteiramente e minha mente parece perdida, ao mesmo tempo em que está potencialmente atenta a qualquer movimento. Mordo os lábios com força até sentir um gosto metálico na boca. O ardor momentâneo é tudo que preciso para controlar minhas emoções e confiar nas minhas habilidades. Com a motivação correta, e eu a tenho, posso neutralizar os Caçadores e nos dá tempo para fuga.
Só precisamos que eles entrem no quarto para que possamos sair.
— Não vão nos deixar sair facilmente. — Como se lesse meus pensamentos, minha mãe diz. Não consigo vê-la, mas está apreensiva. — Temos que atacá-los ou os outros não terão tempo para fugir.
Nossas vozes sussurradas são cortadas pelo estrondoso barulho da porta sendo derrubada. Levo a mão à boca para impedir a saída de um grito desesperador. Eles estão aqui. Não vieram brincar e nem estão a passeio. Capto energicamente a fúria e a insanidade dos Caçadores no segundo que buscam qualquer movimentação suspeita no quarto.
Recobro o fôlego que não notei ter perdido. Compassadamente, reorganizo a entrada e saída de ar nos meus pulmões até que minha cabeça começa a latejar com menos violência.
Surpreendentemente, não estou com medo. Talvez, pelos meus amigos e família, mas não por mim. Sinto uma fúria ensandecida corroer minha alma em todos os pontos vitais e isso me dá todo o gás necessário para dar um passo sorrateiro à frente. Sinto dedos suaves em contato com a pele do meu braço, na tentativa de cessar meu caminhar, mas é tarde demais.
Observo com extrema atenção Ashley fitar a janela. Seus irmãos, tão tenebrosos quanto ela, estão a seu lado quase que instantaneamente. Prendo a respiração com cuidado, para não perdê-la e precisar de mais tempo ainda para regularizá-la. No mesmo segundo que flashs de todos os momentos perturbadores e devoradores que passamos desde o começo do no passado me vêm à mente, concentro toda minha magia nos três corpos poucos centímetros à minha frente.
É rápido.
Parece um sopro para tirar fios de cabelos do rosto.
Em mim, o efeito é alucinógeno. Cada pequena molécula do meu corpo entra em estado de ebulição e sinto que tem muito mais poder de onde essa pequena amostra saiu.
Contemplo, muito admirado, seus corpos em uma dança perfeita em direção ao solo. Há sincronia entre eles, e a performance só encerra quando chega a meus ouvidos o reconfortante barulho do atrito dos seus corpos contra o chão.
Quando se recompõem, a Caçadora grita em direção à janela, mas não dou atenção. Me volto às pessoas no quarto. Precisamos de um plano de contingência de danos. Rápido!
Direciono-me rapidamente à saída do quarto. O elemento surpresa já foi usado e agora só nos resta agir com toda a força que temos. Recuar não é mais uma possibilidade e vencer se tornou nossa principal missão. Eles não podem nos parar.
— Satus Ignis. — Faço minha voz ser ouvida por toda a casa assim que chego ao topo da escada.
Todas as velas que estão presas ao corrimão da escada e, principalmente, as espalhadas pelo chão da sala, colocadas para o feitiço, se acendem triunfalmente. Suas chamas fazem um perfeito convite ao seu calor e embelezam todo o ambiente. Sua luz contrasta com a escuridão e por isso o lugar ganha um aspecto ainda mais assustador, de dar tremedeiras na espinha. Apesar disso, as chamas são nossa única forma de conseguir acompanhar os movimentos dos visitantes imortais.
Os corpos dos três Caçadores passam pela porta no exato segundo que a sala ganha sua parcial claridade. Sem hesitar, Clinton, que se hospedou por muito tempo no corpo da Anny, lança sua flecha na minha direção.
De forma estridente, ouço o grito da Letícia chegar a meus ouvidos, mas nem mesmo isso é capaz de te tirar minha atenção. Uso a magia para parar a flecha a poucos centímetros. Se andasse mais um pouco, faria um perfeito furo entre os meus olhos, um pouco a cima do nariz.
— Vai precisar mais do que isso para me machucar. — A voz sai mais firme do que estou acostumado. Nunca a ouvi assim antes, mas a entonação é agradável aos meus ouvidos.
Estalo os dedos antes mesmo que eles possam dizer algo. Os três corpos são arrastados até o centro da sala e com meu balançar de mão são arremessados na parede. O barulho é estridente e posso garantir que ouço estalo de ossos. Espero que o impacto gere danos irreparáveis, mas logo estão em pé, a postos para o próximo ataque.
Deslizo rapidamente rumo ao andar de baixo, na esperança de ainda atacá-los. Num ato inesperado para mim, Brick lança seu laço mágico em direção à porta de saída. Aparentemente, não há nada ali, mas noutro segundo, os corpos de Fernando e Lia aparecem no nosso campo de visão.
As fagulhas de luz que as velas lançam no ambiente nos permitem visualizá-los. O laço segura a mão direita do meu pai. Lia está mais à frente e parece muito fraca ainda. De supetão, me coloco a centímetros dele, bem próximo ao laço. Pretendo executar o mesmo feitiço que fiz na escola, quando a corda mágica do Brick se enrolou no pescoço do Airton. Mas é como dizem: impossível executar o mesmo movimento duas vezes.
O impacto que sinto em minhas costas é rápido. No segundo que meu corpo vai de encontro à parede mais próxima, tenho a certeza que Ashley minha atingiu com os pés. A força do seu chute é surpreendentemente forte, a ponto de me deixar por longos segundos sem ar.
Tento controlar o mundo que gira a minha volta e recobro o ar depressa. Estou pronto para qualquer outro ataque, mas ela simplesmente me fita com delicadeza. Seu olhar transmite serenidade e minhas pernas vacilam um pouco, mas não me permito ir ao chão. Lentamente, dá dois passos na minha direção. Por algum momento esqueço do laço que aperta o braço do meu pai, impedindo-o de sair e levar Lia para um local seguro.
Engulo a seco e concentro-me na força interior que existe em mim. Sinto-a em cada pequeno compartimento do meu ser. Só necessito encontrar a maneira correta de acessá-la e potencializar seu impacto no segundo que direcioná-la aos Caçadores. Sei que posso fazer isso.
— Agir assim só deixa as coisas mais divertidas. — Ela diz com cautela. Sua tranquilidade trepida minha coluna em alguns pontos, mas mantenho o foco nos seus próximos passos. Não posso ser pego desprevenido outra vez.
Sinto um leve incômodo nas costas quando me movimento, na busca por uma rota alternativa. Inclino a cabeça um pouco para a direita e vejo Lia e Fernando ainda parados. De relance, vejo Daenerys, Lanna, Letícia, Lewy e Nick ainda parados no andar de cima.
"Eles precisam fazer algo", penso repetidas vezes.
Ashley está mais próxima a mim agora. Seus lábios se contraem algumas vezes antes de finalmente pronunciar alguma coisa.
— Demos todo o tempo do mundo para vocês. Estivemos há dias sem nos manifestarmos e vocês simplesmente não conseguiram acelerar seus planos. Não podem nos culpar por esse momento. — Ela descreve com sutileza. — Tem algum comentário final? — Ela questiona a mim à medida que segura a espada com mais força na mão direita.
Seus olhos estão famintos e posso senti-los penetrando-me com ferocidade.
— Você só pode estar perturbada se acha que vou morrer assim. — Esbravejo. — Já passei por muita coisa, caçadora idiota. — Sentencio com rispidez na voz e ela recua levemente, mas permanece a uma distância apta para perfurar-me com sua espada.
Meus ouvidos são preenchidos por burburinhos bruxos no mesmo instante que vejo Daenerys, Miguel e Letícia desceram a escada. Em um único coro, eles executam o feitiço que demoro alguns segundos para compreender. De repente, toda casa começa a tremer. Os móveis balançam, quadros caem e Ahsley vira abruptamente para compreender o que acontece.
Quando Clinton fica sem ação frente ao encantamento, noto que o laço no braço do meu pai está frouxo. Aproveito a oportunidade e lanço minha mão na direção de Fernando e Lia, colocando-os para fora da casa. Fecho a porta em seguida, para não dar chances de um dos caçadores ir atrás dos fugitivos.
É rápido.
Seu corpo vira agilmente e junto com ele traz sua espada.
Levo a mão à barriga no mesmo segundo que a lâmina passa por ela. Não me perfura, apenas faz um rasgo de uma ponta a outra em linha horizontal.
A dor dilacera meu corpo inteiramente e sinto-me tonto por longos segundos. Prendo o grito na garganta e encaro firmemente seu corpo aproximar-se dos três bruxos.
Brick e Clinton se juntam à irmã e cercam os bruxos na tentativa de fazê-los parar. A casa continua a tremer e a parede parece querer abrir atrás de mim. É como se toda sua estrutura fosse ceder a qualquer segundo e me sugar para outra dimensão.
Talvez a sensação seja só um efeito alucinógeno da dor.
Mas preciso resistir.
Forço meu corpo a levantar e com muito sacrifício conseguir manter-me em pé.
O sangue continua a escorrer e pergunto-me até que ponto aguentarei.
Enquanto os três bruxos tentam executar o feitiço para mandá-los para o inferno, Lewy se aproxima sorrateiramente de mim. Sem pedir licença, coloca meu braço em volta do seu pescoço.
— Eles não vão conseguir sozinhos. — Falo enquanto escondo toda a dor. — Temos que ajudá-los.
— Você não consegue agora. — Ele diz de prontidão e eu nego veementemente com cabeça.
— Eu posso. — Asseguro, mesmo com a voz por um fio.
Concentro-me na tentativa de lembrar o feitiço, mas não me vem à memória. Bufo de frustração e meu corpo inteiro entrar em sinal de combustão quando Nick salta do andar de cima contra Ashley. Com toda sua habilidade de lobo, leva-a rumo à parede da sala. O estrondo que ecoa pelo ambiente me dá a certeza que a parede não é mais a mesma.
Nick é ágil e, aparentemente, já consegue dominar suas habilidades. Com sua avidez por justiça, consigo acompanhar suas garras e presas rasgar Ashley em vários lugares, mas a ação não parece suficiente para pará-la. Ela não se dá por vencida e Nick não desiste. O embate pode durar horas.
Como um raio que corta o céu em um dia longo de chuva, Lanna pega o maldito laço de Clinton. Já na outra extremidade da sala, a vampira lança agilmente o laço em direção ao pescoço do Caçador, que fica momentaneamente sufocado. Ela o puxa com força a seu encontro e quando estão próximos o suficiente, ela disfere um soco no seu rosto, jogando-o para o outro lado da sala.
O cenário à minha volta é quase apocalíptico: bruxos em um ritual que faz a casa inteira balançar; chamas das velas com quase dois metros de altura; Lanna e Nick num duelo desesperador com os caçadores e eu prestes a perder todo o sangue do meu corpo devido ao corte na barriga.
Sinto uma leve escuridão querer tomar conta dos meus olhos, mas sou rápido em afastá-la.
Brick ainda está próximo aos bruxos que entoam em uníssono o feitiço que eu deveria saber decorado. Ele prepara o arco e flecha e direciona para os peitos da minha mãe.
Os três bruxos estão com os olhos fechados.
Lewy segura-me com mais força e posso sentir seu corpo retesado com a cena da possível morte da minha mãe, novamente.
O caçador atira a flecha. Meus olhos se fecham e abrem rapidamente. Minha boca seca por um segundo. Não percebo de imediato, mas a flecha mudou sua rota e foi em direção à Lanna. A arma atinge o meio das suas costas e a faz parar qualquer movimento. A essa altura, Clinton está com seu laço de volta e envolve o pescoço da vampira. Dessa vez, o laço ganha uma tonalidade azul que reluz à medida que ele o pressiona no pescoço dela.
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Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)
VampireLivro 1: Me Apaixonei por um Vampiro (História Gay) Livro 2: Me Apaixonei por um Vampiro(Caçadores Imortais - História Gay) "Louis Dewes é o meu declínio e não posso mais continuar a percorrer esse declive, que é uma estrada completamente escura. Nã...