Capítulo 12

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POV Ken

Gotas finíssimas de água começam a cair sobre nossos corpos gradativamente, mesmo o céu não despontando nenhuma possibilidade de chuva. Louis está quase catatônico, olhando fixamente para a "parede" à nossa frente. Mais ao lado, um pouco mais próximo ao carro, Lyanna sacode a cabeça negativamente, andando de um lado para o outro, não acreditando no que está acontecendo.

Os dedos longos e macios de Miguel tocam meus ombros, desnudos por causa da camiseta fina que uso, e tiram-me do transe. Seu rosto está pálido, da mesma forma que o de todos, mas ainda força um fraco e singelo sorrindo, querendo reconfortar-me, mas não funciona. Nem sei o que está acontecendo, mas sinto, naturalmente, que algo está muito, mas muito errado mesmo e que só tende a piorar.

— Eu não posso ficar presa aqui! — Lyanna grita inesperadamente e corre em direção ao bloqueio sobrenatural, socando-o incessantemente, mas não surti o efeito que deseja. Que nós desejamos. — Eu preciso sair! — Grita mais alto, com as lágrimas e o desespero escorrendo por sua face.

Engulo em seco e não sei o que fazer. Lyanna entrou nas nossas vidas abruptamente e, mesmo sendo uma boa pessoa, não construiu relação alguma com alguém. Isolou-se.

— Já chega! — Miguel grita mais alto do que o choro dela, assustando-me momentaneamente. — Não podemos entrar em desespero. — Complementa, aproximando-se dela. — Tem que haver uma saída e nós vamos encontrá-la. Não está sozinha.

As palavras dele me pegam mais de surpresa do que seu grito de intervenção anterior. Estou realmente comovido pela maneira que está tratando a situação. Nem mesmo conhece Lyanna e quer reconfortá-la. Não conseguiria fazer algo do gênero.

— Não temos saída. — Louis diz indiferente. — Estamos mortos. Todos nós. Todas as pessoas da cidade. Acabou.

— Não! Claro que não acabou. — Já calma, a filha de Trevis Hale — e isso é algo que ainda soa bem estranho, mesmo em pensamentos — comenta.

Surge, em alto e bom som, a sirene da polícia atrás de nós e, quando olhamos para trás, James desce do veículo, analisando a situação, buscando algo mais errado que apenas estarmos na saída da cidade, como se fosse um ponto turístico.

— Ora, ora, se não é Ken Kern com seus amigos. — Diz debochadamente. — Não digam que voltaram à ativa e as brincadeiras estão retornando à cidade?

— Devemos ir. — Anuncia e todos concordam.

— Não por mim. — Ele diz. — Se quiserem aprontar, vão em frente, mas saibam que as coisas irão funcionar diferentes agora.

— Já sabemos. — Assinto com a cabeça, entrando no carro.

— Você não sabe nada. — Sua cabeça aparece na janela aberta ao meu lado. Louis liga o carro, mas não dá partida. — Esperaria até amanhã, mas já que nos encontramos agora, preciso que vá à delegacia antes do meio dia.

— Vá...

— Cuidado, não vai querer ser apreendido por desacato.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Louis pergunta, mas eu respondo "não" no mesmo instante que James diz "sim", apenas para me contrariar. — Acho que estão num impasse.

— Ken e sua adorável irmã serão mandados a um orfanato até a maior idade, pois não podem morar sozinhos.

— Eles podem se emancipar. — Lyanna diz, mostrando indiferença.

— Poderiam. — Ele a corrige. — Mas seus pais estão mortos e não têm parentes próximos que possam ser responsáveis. Além do mais, precisariam de renda própria e, tudo que Ken sabe fazer é andar pelas ruas da cidade, procurando formas, ilegais, devo ressaltar, de se divertir.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora