Capítulo 28

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POV Alice

      Seguro a maçaneta e respiro profundamente algumas vezes antes de abrir a porta da minha casa. Kennedy ter me revelado o que aconteceu na noite em que meus pais acreditaram terem o matado ainda reverbera na minha mente e faz minha mão tremer com intensidade. Com cuidado, desvencilho-me da maçaneta e recuo um passo para trás.

      Zack está dentro da minha casa, à minha espera para ser salvo. Mesmo ainda do lado de fora, consigo senti-lo. Daenerys não mentiu sobre isso. Meu íntimo pede para resgatá-lo o mais rápido possível e sair daqui, mas de alguma forma sei que há mais coisas para saber antes de finalmente deixar esse lugar.

      Com certa urgência, procuro Kennedy em meio à rua e por muito tempo meus olhos são preenchidos apenas pelo ambiente silencioso e acinzentado. Ele não está em lugar algum, por isso desço os degraus com rapidez e volto a percorrer a rua, em direção ao lugar em que conversamos minutos atrás.

      Quando meu corpo vira à minha primeira direita e paro em frente ao prédio em que projetou flashs do passado, bufo de frustração por ele não estar mais no mesmo lugar. O clima está frio demais e o céu não possui nenhuma estrela. Estar aqui, no mundo dos mortos, já é bizarro por si só, mas, estranhamente, começo a me assustar ainda mais.

      O fio de pânico percorre meus braços e barriga quando vejo silhuetas escondidas pela meia escuridão no fim da rua, que não tem saída. Lentamente seus corpos vêm à minha direção e até que estejam bem próximas, não consigo identificar nem sequer uma delas. Em sinal de alerta, recuo alguns passos, mas quando uma delas fala, a que está no meio, eu paro.

       — Não precisa ter medo, criança. — Sua voz é suave, mas ainda consigo captar o peso de cada sílaba e, sobretudo, o poder que parece ter. — Estamos aqui como amigas. Viemos a seu encontro. — Ela abre os braços e se refere às quatro pessoas que estão atrás de si.

      — Quem são vocês? — Pergunto quando um longo e tenebroso silêncio se instala entre nós.

      — Somos as regentes do mundo espiritual. — Ela diz sem demora. — Deve nos conhecer como as ancestrais. — Continua a falar e permaneço confusa quanto a suas presenças aqui.

      — Uau! — Incrédula, busco um pouco mais de ar antes de prosseguir. — Eu... — As palavras se confundem um pouco. — Preciso resolver umas coisas e dar o fora daqui. — Sem deixar de fitá-las, indico o caminho atrás de mim com polegar.

      — Alice, viemos a seu encontro. Quando a Renascida da Morte percorre o mundo espiritual ela está pronta para a missão que a espera. — Estamos muito próximas agora. Seus olhos são acinzentados e sua expressão é firme. — Kennedy deve ter dito algumas coisas a você, mas garanto que ainda tem muito a aprender.

      — Não agora. — Asseguro. — Preciso voltar ao plano terreno e ajudar meus amigos.

      Quando percebo que falo "amigos" com extrema facilidade, travo. É estranho que eu realmente me importe com o que pode acontecer a eles, porque ignorar a todos sempre foi o que fiz de melhor na vida.

      — É verdade. Precisa ajudá-los. — Sem que eu note, sua mão toca a minha e uma corrente gélida preenche meu ser de uma ponta a outra. — Isso aqui está uma loucura, Alice. Se quer realmente ajudar a todos, inclusive a nós, precisa entender qual seu papel nisso tudo.

      — Por ora, preciso salvar meus amigos que foram mortos nessa maldita batalha. — Desvencilho-me do aperto da sua mão. Ela me fita com atenção e não diz mais nada e aproveito a deixa para retornar à minha casa.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora