Capítulo 10

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POV Lewy Simon

Por causa da forte chuva da noite anterior — que mais uma vez comprova que o clima está completamente instável e louco — o asfalto torna-se mais molhado, à medida que percorro os becos escondidos de Mystery City. Minhas botam rangem e pesam conforme a água lamacenta vai acumulando-se sob meus pés. O cheiro forte de terra molhada, vindo dos parques próximos, entra no meu nariz e me incomoda quando viro à direita e volto às ruas, não tão movimentadas da cidade, mas ainda claras por conta da luz da lua e estrelas, e pelas luminárias dos postes espalhados estrategicamente.

Enfio as mãos dentro dos bolsos do meu sobretudo e respiro profundamente quando o frio atravessa minhas entranhas e arrepia meus pelos, mesmo estando mais que agasalhado. Rapidamente, retiro as mãos dos bolsos, assopro-as e esfrego-as fortemente, levandoo-as à nuca, tentando aquecer a região. Meus passos aceleram gradativamente e entro na rua que leva ao Colégio Secundário, mas não estou tão próximo a ele. Olho para trás de relance, só que ainda continuando meu percurso, e vejo três silhuetas saindo das sombras e aparecendo no meu campo de visão periférica.

— Vou logo avisando: estou armado. — Paro abruptamente e brinco com as palavras, não temendo a possível "encurralada" que eles acham estar me colocando. — O que querem?

Finalmente nos encaramos, mas eles permanecem calados. Dou passos para frente e paro quando meu pai começa a falar.

— Você não está bem. — Diz com rapidez.

— Não é verdade. — Defendo-me. — Nunca estive tão bem. Desligar é libertador. Deveriam tentar.

— Podemos ajudá-lo. — Jen diz com calma, aproximando-se do meu pai e deixando seu irmão, Miguel, um pouco mais para trás.

— Ajudar-me? — Ironicamente, pergunto. — Não preciso de ajuda. — Fito meu pai. — Disse que não que deveria entrar no meu caminho. Achou que estava brincando?

— Não, eu não achei. Mas você deveria saber que não desistiria de você tão fácil. — Prontifica-se em responder. — Está indo à ruína e nem percebe.

— Todos nós estamos indo. — Corrijo-o. — Como pode querer estar com eles depois do que fizeram com a mamãe? Ela não merecia aquilo. Não merecia.

— Mas não irá resolver tudo deixando de se importar com as coisas e pessoas à sua volta.

— Sim, eu irei. — Acabo definitivamente com o espaço entre nós. — Estou fazendo isso, na verdade. Nem você e nem seus novos amigos vão poder fazer algo a respeito.

— Nós podemos fazer muitas coisas. — Miguel, finalmente, intervém em toda discussão. — Já lidamos com pessoas que desligaram a humanidade e há como voltar atrás. Não é fácil, mas também não é impossível.

— Não quero ajuda. — Ratifico novamente, entredentes. — Sei o que estou fazendo e vocês não vão querer estar no meu caminho. — Mais uma vez, ameaço com cautela.

— Lewy. —Meu pai diz com a voz por um fio. — Não vamos deixá-lo sair assim, sem lutarmos. — Klew fala, tomando toda minha atenção.

— Isso aqui é uma emboscada? — Sinto o atrito do ar gélido no meu rosto, mas isso não importa agora. — Sabe que irá se arrepender disto, não é?

— Irá me agradecer depois.

— Claro que irei. — Digo com ironia e desdém, olhando firme para seus aliados, esperando que me ataquem. — Sabe o que me torna mais forte do que vocês? — Pergunto, olhando para Jen, querendo que seja ela a responder, mas é seu irmão que questiona-me.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora