Capítulo 11

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POV Ken

Posso sentir os batimentos do meu coração quase por um fio. A vontade de correr para agredi-lo é imensa, mas meu corpo apenas permanece paralisado, sem saber o que fazer agora, já que jamais imaginei que ele fosse ter coragem de voltar depois de tudo o que fez a mim, a minha família e aos meus amigos.

Mesmo agora, rodeando de pessoas — e algumas conversando num tom de voz acima do indicado para o local — é como se o mundo congelasse e a ira e dor, instaurados dentro de mim, paralisassem toda minha estrutura corporal.

Seus olhos lançam faíscas aos meus. Pedem uma oportunidade de conversa e redenção, mas jamais poderia ceder. Não somente pelo feitiço que Letícia lançou em mim, mas pelo simples fato de ter sido o responsável pela morte de um número grande de pessoas que eram importantes na minha vida.

Mordo os lábios sem saber o que fazer ou falar. E, estou com medo, também, de começar um escândalo e aumentar ainda mais a imagem pejorativa que estou voltando a criar sobre mim. Na verdade, que as situações complicadas e inusitadas que venho passando, estão criando sobre mim. Não quero ser e não sou mais aquela pessoa. Só que, mesmo que me esforce para mostrar às pessoas que mudei, é difícil quando os casos e acasos sustentam uma versão sua que não tem como reverter.

— Não temos absolutamente nada para conversar, Louis. — As palavras saem concentradas numa entonação amena e venenosa, prontas para contaminarem em partes que ele não será capaz de se curar. — Já não foi suficiente tudo que fizeram? Por que voltar?

— Eu realmente quis ficar longe. — Fala com cautela. — Estava mesmo disposto a deixar que seguisse sua vida da melhor forma possível, mas as circunstâncias me obrigaram a regressar.

— Não precisava. — Admito com serenidade no olhar e nas palavras. — Posso cuidar muito melhor de mim se você não estiver por perto. Não quero alguém tóxico como você na minha vida. Na verdade, Louis, ninguém o quer por perto, por que não percebe isso?

Desvio, com sutileza, do seu corpo que está em frente à porta, mas, antes de girar a maçaneta, sua mão me toca, impedindo que eu avance, mesmo que um pouco. Sinto a pressão do seu aperto no meu pulso e controlo a respiração para não gritar desesperadamente.

Além de um desconforto, não sinto absolutamente mais nada. Não há mais amor guardado dentro de mim.

— Não precisa me dizer o que já sei. — Sua voz ainda está equilibrada e, seus lábios finos, comprimem-se assim que as palavras saem.

— Não acho que saiba. — Certifico-me de estar seguro de minhas palavras. — Me deixaria sair por esta porta e não me procuraria nunca mais, se soubesse disso. — Rebato, começando, gradativamente, a perder o autocontrole que venho batalhando para construir.

— Pode me odiar o quanto quiser. Tem todas as razões e motivos do mundo para isso. Mas o que não pode... — Cessa o espaço entre nós e tenta hipnotizar-me com o charme dos seus olhos, não com seu poder de compulsão. Mas não vai funcionar. Não como antes. — O que não pode é me pedir para sair da cidade quando sei o que está por vir. — Suas palavras me chocam por diversas razões.

Não consigo segurar a gargalhada que sobe por minha garganta.

— Você? Preocupado com a cidade? — Meus lábios formam um perfeito sorriso irônico. — Acho que nada nesta vida é capaz de surpreender-me mais.

— Pode não acreditar em mim, mas estou aqui para ajudar.

— Não, claro que não está. Já sei como esse jogo funciona, Louis. Não vou ser um fantoche seu mais uma vez. Seria burrice demais! — Exalto-me.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora