Capítulo 08

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POV Ken
   Freneticamente, as lâmpadas tremeluzem, como se eu estivesse num cenário de filme de terror. E realmente há uma grande chance de eu estar prestes a viver os piores momentos da minha vida.
   — Eu confesso. — Digo a James. — Eu matei meus pais. — Meu peito sobe e desce.
   À medida que as palavras ganham significado na minha cabeça, o espaço na sala começa a diminuir, como se as paredes pudessem mover-se e uma viesse ao encontro da outra com o intuito de esmagar-me.
   Não há mais volta, uma vez que acabo de cometer o maior erro da vida, confessando algo que não fiz, mas que ainda assim, serei condenado por um longo tempo.
   De repente, observo-me analisando a face de James, que está inexpressiva e não sei como me portar diante dessa situação.

   — Por que agora? — Ele vem até mim enquanto faz a pergunta, mas não compreendo de imediato onde quer chegar. — Por que se entregar somente agora?

   — Porque não aguento mais. Essa mentira está tirando meu sono, minha vida.

    Minhas mãos tremem, por isso, escondo-as para que não as veja. Talvez, meu corpo esteja reagindo assim por estar mergulhando numa grande enrrascada. Ou, apenas como parte do teatro, da maior mentira que já contei e que preciso sustentar.

   — Acompanhe-me! — Ordena enquanto volta a colocar a arma no coldre.

    Estamos numa outra sala que parece ter sido feita para comportar, no máximo, cinco pessoas. A mesa ocupa um espaço quase desprezível no cômodo e logo estou sentado na cadeira que James me indica. A tinta marrom que cobre as paredes está descascando em alguns pontos, por conta da falta de manutenção. A única lâmpada presente na sala emite poucos feixes de luz, fazendo com que alguns lugares fiquem mais escuros que outros, o que ofusca minha visão quando preciso olhar para outros ângulos quando não suporto mais encarar James.
    Logo atrás do seu corpo parado à minha frente vejo um grande vidro, uma espécie de janela, mas que não me permite ver o que está além. Em contrapartida, tenho a sensação que há pessoas na sala ao lado e que estão assistindo-me agora.
   Não tenho certeza se está gravando-me enquanto estou prestes a arrancar minhas unhas, de tanto nervosismo, mas, à minha direita, há uma câmera sobre um suporte, focando no meu rosto.
   Os poucos minutos, que arrastam-se durante meu tempo refletindo nesta sala, parecem uma eternidade. Respiro fundo depois de repensar em toda minha história. Aprendi, depois de estar na liderança no primeiro ano do colégio, que depois de repetir tanto uma falsa estória, ela torna-se verdadeira. É isso que pretendo.

   — Como? — Após mexer na câmera por mais de meio segundo, faz sua voz ecoar no ambiente e chegar aos meus ouvidos, como pregos perfurando meus tímpanos desesperadamente.

   Sinto a bile subir lentamente, fazendo a sensação ruim durar mais tempo do que necessário. Minha mão necessita chegar à minha nuca e acariciá-la, mas não atendo aos meus desejos; permaneço imóvel, exceto, pelo fato de acompanhá-lo, através dos olhos, enquanto anda de um lado a outro, vasculhando sua mente enquanto espera minha resposta.

   — Não quero falar sobre isso. — Faço a entonação da minha voz sair trêmula.

   Realmente, não existe muito o que encenar no que diz respeito ao fato de estar nervoso. James estará atento a todo meu contexto corporal e verbal, buscando a menor falha na minha narração, por isso, preciso avaliar as palavras e medir cada elevação de tom.

   — Mas você precisa, por isso estamos aqui. — Seu corpo para no centro da sala e vem até mim, mas só percebo que andou quando suas mãos apoiam-se na mesa à minha frente. — Todos os dias, inúmeras pessoas passam por aquela porta e dizem terem cometido algum crime, mas nem sempre é verdade. Muitas vezes estão protegendo outra pessoa.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora