Capítulo 37

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POV Lewy

As vozes são como gritos ensurdecedores dentro da minha cabeça. Estou preso dentro dos meus pensamentos e, além dos sons angustiantes, é tudo completamente escuro e amedrontador. A sensação é semelhante a uma paralisia do sono. Meu corpo continua inerte, sem conseguir executar movimento algum e minha mente, por outro lado, é tomada por todo o seu potencial de reflexão. É sufocante e sinto não ser possível lidar com meus sofrimentos internos agora. Preciso acordar e sair daqui o mais rápido que conseguir.

O ambiente é úmido e minhas costas estão molhadas há muito tempo. Forço a visão e se minha vida dependesse de enxergar um palmo à frente, seria missão falha sobreviver. O reverberar dos grunhidos assustam-me a ponto abraçar as pernas na tentativa de proteção. Estar sozinho me aflige mais do que pensei. Seco as lágrimas, que mal notei deslizarem por minha face, com as mangas da camisa. Meu nariz arde por causa de um cheiro horrível que não sei identificar o que é.

— Lewy? — A voz é distante e obrigo minha mente a aceitar que é mais uma alucinação. Já não basta minha mãe e o Ken? Não posso ser enganado novamente. — Sou eu, o Nick. — A voz insiste e só quero desistir de tudo e ser consumido pela escuridão. Estou fraco demais para lutar. — Onde você está? Estou aqui por você?

O eco passeia ao meu redor e perfura meus tímpanos com ferocidade. A sacudo com rapidez e cessar o ato é minha missão impossível. Os sons se ampliam bruscamente e a qualquer segundo posso explodir com tanta energia. Um grito angustiante se desprende da minha garganta e tudo some ao meu redor. A escuridão é momentaneamente preenchida pelo nada e logo meus olhos têm que acostumar com o ambiente interno do shopping da cidade. Estou no corredor principal, sozinho. Não há outras pessoas, nenhum movimento e dou voltas em trezentos e sessenta graus para compreender o que acontece agora.

Os corredores parecem maiores e mais assustadores. Apressadamente percorro o local em busca de uma saída. A porta de entrada está travada e não há janelas baixas o suficiente para eu conseguir pular e continuar com vida. Meu reflexo no vidro assusta-me por causa da aparência cansada. Minha mente está enlouquecida. Essa é a única explicação possível.

O pânico está presente há muitos minutos e necessito percorrer esses corredores e gastar toda essa energia antes de cometer uma loucura. Andar não é mais suficiente, por isso meu corpo inicia uma corrida desastrosa, mas sem êxito de saída daqui. O barulho dos passos contra o piso é ouvido por todo o ambiente, meus pedidos de ajuda ecoam por todo o local e nenhuma certeza de ajuda retorna até mim. Oh, Deus! Aqui deve ser meu temido inferno pessoal. Ficar sozinho, pela eternidade. Devo ter morrido e agora ninguém mais pode me ajudar.

Meus olhos desviam um pouco para o lado e noto a entrada das salas do cinema. Meu coração dispara incontrolavelmente e sou atraído para lá. Empurro a porta devagar e paraliso quando figuras surgem no telão à minha frente. Os sons de gargalhadas dos espectadores são trocados pelos sons dos atores e trilhas sonoras do filme. A lembrança deixa de ser apenas uma recordação e ganha um aspecto completamente real, mais intenso que dejá vú, quando sinto dedos entrelaçarem-se aos meus. Perco o fôlego por alguns segundos e tenho medo de olhar para o lado.

— Você conseguiu me encontrar. — O som reconhecível da voz do Nick chega até mim e acalenta meu coração. — Precisamos sair daqui.

— Para onde? — Pergunto, confuso.

— Vamos! — Ele puxa meu corpo e não mostro qualquer resistência à sua vontade.

Como se estivéssemos em algum filme, assim que cruzamos a porta de acesso à sala, surgimos no banheiro. No exato local em que conversamos depois do Nick confessar a mim que é gay.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora