Capítulo 06

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POV Lyanna
   Pela vigésima vez, tento descobrir uma maneira de sair dessa quarto escuro, mas as chances de poder manejar magia são baixas. Eles fizeram alguma coisa com meu lado sobrenatural e não posso acessá-lo como uma alternativa de fuga, portanto, tudo o que me resta é desferir socos e pontapés na grande porta de metal, mas que na realidade, parece uma versão mais complexa de uma rocha mágmatica, uma vez que é bem resistente. Ou, talvez, minha força, na situação desgastante que me encontro, seja pouca para ter a possibilidade de causar um dano notável.
   A visita que recebo das guardiãs, Carmem e Lucy, é apenas uma vez ao dia, no horário que acredito ser próximo ao almoço, já que é a única vez que trazem água e comida. Hoje faz dois dias que estou presa neste minúsculo cômodo. Ainda não fizeram nada comigo, mas pelas coisas espalhadas nas prateleiras na entrada e pelo modo que fizeram o feitiço que me deixou sem poder, acredito que as sessões de testes estão muito prestes a entrarem em ação.
   Ao finalizar o pensamento, a trava da porta emite um barulho similar ao que faz ao ser aberta. Faz poucos minutos que desisti de usar as forças, escassas, para abri-la, por isso estou sentada no canto, onde a pouca claridade que vem de fora, não chega. Meus olhos habituaram-se à escuridão tão depressa, que o simples contato com a luminosidade me cega, momentaneamente.
   Instintivamente, coloco-me de pé antes da porta ser escancarada por definitivo e as guardiãs do clã Petrick entrarem. Elas me encaram, com certo medo e, ao mesmo tempo, um misto de encanto. Percebo isso em seus olhos, que parecem brilhar ao me fitarem. É a segunda vez que as vejo dentro de dois dias. Elas nunca abriram a porta antes, o que me leva a concretizar que esta não é apenas uma visita rotineira para verificar se vivo em boas condições, o que adianto logo: são péssimas. Nem mesmo há um lugar adequado para que eu possa dormir.
   Lentamente, temendo insinuar que vou tentar escapar, dou três passos à frente e fico exatamente onde os feixes de luz atingem perfeitamente. Por um segundo, prendo-me à tarefa de analisar minhas vestes. Estão sujas, assim como minha pele e cabelos. Em palavras mais informais, estou acabada, física e mentalmente. Procuro a voz e quando sai, a garganta arde, já que faz muitas horas que não a uso.
   Essa é uma ótima oportunidade para fuga, se tivesse tido a chance de pensar em um plano. Tudo o que idealizei esses dias caíram por terra, pois jamais imaginei que essa porta seria aberta tão cedo. Busco, fortemente no fundo dos meus pensamentos, os planos que detalhei na noite anterior, porém, ele não está mais em lugar algum.
   Olho por sobre os ombros delas, tentando ver algo que me dê pelo menos um pouco de garantias que vou conseguir chegar ao lado de fora sem ser capturada. Todavia, a paisagem se resume a uma parede de concreto, sem nenhuma porta ou janela visível. Seria uma corrida às cegas sair agora, mas que saída eu tenho? Se não for agora, eles me matam uma outra hora. Preciso usar todas as chances, mesmo aquelas que parecem loucas e suicídas.
   Levanto os braços em sinal de redenção e dou passos, dessa vez, um pouco mais rápidos, já que não sei ao certo quanto tempo terei para colocar minha ideia em prática. Mesmo sem forças e vontade, sorrio para elas, que me lançam um olhar de questionamento.

   — Quer mesmo fazer isso? — Paro quando ouço uma voz na minha cabeça. Não é a minha. — Não está louca, Lyanna. — Encaro Lucy, que rir para mim.

   — Saia da minha mente! — Levo as mãos à cabeça e a sacudo quando me dou conta do que está havendo.

   — Não posso. — Diz. — É o único meio de saber se vai cooperar.

   Saber que há outra pessoa pessoa vendo exatamente as coisas que você mantém para si, não é lá um pensamento alegre. Para a sorte dela, minha magia está em período latente, portanto, mesmo que queira quebrar seu pescoço agora, não posso.
   Droga! Ela também está ouvindo isso. Ela ouve tudo.

   — Não estão aqui para verem como estou. — Tento manter minha atenção voltada para o motivo da visita inesperada e não na passagem indesejada de Lucy em minha cabeça. — Chegou a hora do meu julgamento? — Pergunto, de modo irônico.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora