POV Trevis Hale
Durante quase toda a madrugada percorro a rodovia secundária indicada pela bruxa que invadiu meu carro. Minhas pálpebras quase se fecharam muitas vezes, mas a necessidade em achá-la grita mais alto que tudo e, portanto, não posso me dar ao luxo de deixar a única pista mais provável escapar das minhas mãos.
Assim que adentro a pequena cidade, abro o papel mais uma vez — embora já tenha decorado o endereço — e leio o que está escrito. Viro à primeira direita e paro quando o sinal fica vermelho. Esta cidade, diferente da que estava antes, possui pessoas habitando as casas e prédios construídos.
Apreensivo, acelero quando o sinal fica verde e não me importo da curva seguinte ser um cruzamento. Para a minha sorte, nenhum carro vem em alta velocidade. Sigo olhando cada placa das casas por um longo tempo, temendo deixar que meus olhos cansados passem despercebidos pela numeração que corresponde a que estou procurando. Não sei quanto tempo falta, mas quando entro na rua seguinte, algo atinge meu carro e minha cabeça bate na janela e meu corpo vai de uma vez para frente, já que estou sem o cinto de segurança.
A tontura permanece consumindo-me por alguns segundos e logo abro a porta do carro para sair, precisando apoiar-me na lataria do veículo para não cair. Com os olhos semiabertos, vasculho a área à procura do que me atingiu e, a mais ou menos cinquenta metros, vejo a forma, um tanto desfigurada, vindo à minha direção.
Pressiono os olhos para enxergar melhor, mas só obtenho nitidez na imagem quando Luke já está em cima de mim, segurando-me pela gola da camisa. O ar falta em meus pulmões e, em reação, minha mão avança em direção a seu rosto, desferindo um soco, que faz sua cabeça virar para o lado, mas, ainda assim, não o suficiente para fazê-lo me soltar.
Sinto a parede rígida atingir minhas costas quando me pressiona contra ela. Agora, já não estou mais tonto. Porém, a escassez de forças não me permite emitir reações que me libertam das suas garras.— Olá, Trevis! — Cumprimenta com desprezo e aperta minha garganta, dificultando extremamente minha capacidade de respirar. Sinto um aperto no peito e meus olhos fecham-se por segundos. Lentamente, o ar vai retornando aos meus peitos e a tontura, que começava a instaurar-se novamente, vai cessando. — Onde ela está? — Meus ouvidos captam a quem está se referindo e meu corpo posiciona-se de modo rígido, mesmo sendo complicado mostrar-me na defensiva, já que a posição de submissão que me encontro e o cansaço nítido, não permitem.
— Luke, mesmo que eu soubesse não diria nada a você. — Rebato, cuspindo as palavras na sua face.
—Como pode ser tão ingrato depois de tudo o que fizemos por você? — Finalmente, me solta.
Meus olhos estão ofuscados pelo sono e pela luz do sol que queima minhas retinas. Tento pensar numa solução para me tirar desta situação, mas sei que fugir pode não ser uma estratégia muita sensata, já que sou ciente do que Luke Dewes é capaz de fazer após uma caçada às suas presas. Mantenho, depois de certa relutância, o foco em seu olhar, que é enigmático.— O que fizeram por mim? — Queria poder ter tido um tempo para recobrar o fôlego antes de falar novamente, mas não tenho. —Destruíram minha vida e querer fazer isso com a da minha filha. — Admitir isso a ele me causa uma sensação de contentamento que não consigo explicar. Sempre quis poder dizer a todos que tenho uma filha.
— Você a escondeu por mais de dezessete anos, garoto. — Seu corpo recua um pouco, mas não por medo, apenas como forma de me dar mais espaço para uma possível fuga. Luke é amante de caçadas, mas não vou dar essa chance de divertimento a ele. — Acha mesmo que ela importa-se com você? — Completa pondo a mão direita dentro do bolso do sobretudo preto que chega à altura dos joelhos.
— Eu tenho certeza. —Digo de modo firme, mesmo que nossa relação não esteja tão amigável agora. — E, mesmo que não, não daria informação alguma a você. —Completo desprezando a maneira que tenta manipular-me. — Acha que Lyanna e eu, somos uma família tão disfuncional quanto à sua? Jamais a trairia. Seu joguinho mental não vai funcionar comigo, Luke. — Sinto a respiração estabilizada agora, mas o nervosismo faz minhas mãos trepidarem um pouco. Não deveria estar com medo, mas estou. Talvez por cogitar a possibilidade de morrer antes de reconciliar-me com minha filha.
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Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)
VampireLivro 1: Me Apaixonei por um Vampiro (História Gay) Livro 2: Me Apaixonei por um Vampiro(Caçadores Imortais - História Gay) "Louis Dewes é o meu declínio e não posso mais continuar a percorrer esse declive, que é uma estrada completamente escura. Nã...