Capítulo 15

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POV Lia

Minutos antes

Pelo basculante quase no topo da parede da sala vejo a lua sumir quase por completo no céu. Aprecio sua pouca luminosidade e sei que está quase na hora de pôr em prática minha ação final. Aos poucos, vislumbro tudo que precisei fazer até aqui e todas as mentiras e manipulações que realizei durante todo esse tempo. Sempre acreditei que enganar as pessoas é a melhor forma de passar o tempo. Vê-los acreditar que estão no controle — quando, na realidade, estão sendo controlados — é uma sensação indescritível.

Enganar Lewy — fazendo-o achar que estava controlando a mim — foi a ação mais instigadora que cultivei. Desde que jogou sua humanidade numa lata de lixo, começou a achar que é o ser mais maléfico e esperto que existe na Terra. Se ele soubesse as coisas que precisei fazer para chegar até aqui, as encenações que fiz, veria que tudo que anda fazendo é apenas uma simples brincadeira de criança. Sua ideia de maldade e frieza é muito infantil.

— Desculpe — uma das garotas diz, tirando-me do transe —, mas o que realmente teremos que fazer hoje? — Lentamente, começo a encará-las.

— Nada demais. — Asseguro, lançando um leve sorriso de consolo para elas. — Será bem simples. — Tiro meu celular da bolsa de mão. — Acho que devemos ir. Está quase na hora.

Como se essas fossem as palavras que elas mais ansiaram durante todo esse tempo, vejo-as comemoram com sorrisos e batidas de palmas incessantes. Sorrio para elas, mas não pela mesma razão. Estou animada porque serão elas (meninas puras de almas) que concretizarão meu maior feito, depois de muitos anos.

♠ ♦ ♠

O salão agora está menos agitado, mas as pessoas ainda estão conversando e bebendo despreocupadamente, exatamente como preciso que estejam agindo. As garotas andam à minha frente, ansiosas pelo grande momento. Procuro, em meio à multidão, Ken e sua turma. Vejo-os em pontos diferentes, mas todos dentro do salão de festas. Ken mal consegue manter-se em pé, por isso Airton o ajuda a manter-se estável.

Peço ao Dj que pare a música e as meninas já estão no centro do palco. O silêncio é abrupto e algumas pessoas focam no palco, buscando saber o que está acontecendo. Com um belo e caloroso sorriso no rosto, explano as duas notícias que tenho a contar. Assim como preferem, dou a notícia boa, mas, logo em seguida, acompanhada da ruim. Mesmo distante, vejo algumas pupilas sendo dilatadas pela revelação. Como é de se esperar, alguns simplesmente ignoram o que digo e sorriem; outros, por outro lado, assustam-se imediatamente.

— Acharam mesmo que esse era um baile comum? — Pergunto sorrindo, mas não espero por uma resposta. — Claro que não, bobinhos. Estão participando de um grande e complexo ritual de conjuração.

Como um raio, Lyanna já está em cima do palco, encarando-me firmemente, tentando fazer-me temê-la, mas não existe nada que possa me fazer ficar preocupada.

— Acho melhor parar com tudo isso. — Ela diz a uma altura que apenas nós duas possamos ouvir. — Está assustando-os. — Prossegue, querendo entender o que está acontecendo.

— Eles precisam ficar assustados. Não estou brincando. — Volto minha atenção à plateia novamente. — Ansiosos para começar?

— O que você realmente está querendo fazer? O que é tudo isso, Lia? — Mais uma vez, estamos nos encarando. Consigo ver a fúria em seus olhos atrelada a uma pequena dosagem de inquietação.

— Um ritual.

— Você quer trazê-los? Está louca?

— Não, não quero trazê-los. — Explico, com cuidado. — Eles já estão aqui. Na verdade, está olhando para um deles agora.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde histórias criam vida. Descubra agora