Não deve ser tão difícil assim entrar em um ônibus escolar. Então né, eu nunca pensei que pudesse estar tão enganado.
"DIANA!" chamei
"Credo, moleque. Não é por que está na cabeça que você tem que gritar." ela reclamou
"Desculpe. Algum aviso?"
"Deuses, olha Jace. Você consegue sobreviver até chegar na escola. É só não sentar com o pessoal do fundão. Eles são os metidos a besta, só ligam para a popularidade e para a família da pessoa. Não converse com eles se não quiser ser descoberto."
"Ok. Obrigado."
O ônibus estava quase lotado, tinha um lugar vazio no começo do corredor, eu me sentei lá. Na verdade, eu não me sentei lá. Eu tentei. No momento que eu fui me sentar, não deu muito certo.
- Que diabos você tá tentando fazer, colega? - o banco perguntou
- Me desculpe, banco. Eu... Espera. Banco...? - perguntei e um menino se materializou no lugar onde eu tentei sentar. Quase dei um pulo para trás, eu já deveria ter me acostumado com aquele tipo de coisa.
Ele era bem magro e com certeza era mais alto que eu. Tinha pele negra clara, cabelo castanho bem escuro e cacheado, que escorria para os lados por causa de uma touca vermelha na cabeça. Diana teria dito que ele era descolado e "indie", tudo bem que ela descrevia qualquer pessoa que se vestisse como os caras daquela banda Wallows ou como o Conan Gray.
- Foi mal, cara. - falei
- Tudo bem, eu estava invisível mesmo. Eu sou Alex. Alex Firethorne. - ele se apresentou.
- Jace. Jace... - parei. Ser da Casa Norman era uma coisa importante e eu estava indo para um território hostil com adolescentes malvados com superpoderes, eu achei melhor aproveitar os únicos segundos de paz que eu teria. Quando descobrissem que eu era normal...Eu não queria pensar naquilo.
- Família problemática? Entendo. Isso aqui não é Harry Potter, então tranquilo. - ele se mudou para o banco do lado e fez sinal para eu sentar - Você é novo por aqui?
- É tão óbvio assim?
- Você acabou de sentar em um cara invisível e parece que vai vomitar. Completamente na cara. - ele respondeu. - Você não vai gorfar em mim, vai?
- Espero que não, mas não prometo nada.
Eu nunca fui bem em conversa fiada e muito menos em socializar, Di dizia que eu era socialmente desajeitado, um ótimo eufemismo para esquisitinho, como eu gostava de chamar. Toda vez que eu preciso puxar assunto, sai alguma coisa do tipo "quer conversar sobre o meu trauma?" e acabo assustando as pessoas. Por que será? Acabou que o Alex puxou conversa comigo e nos 15 minutos que se passaram, eu já podia considerar o cara como o meu melhor amigo. Ele contou que tinha uma irmã que estudava em outro país e reclamou das pessoas do fundão que não paravam de gritar. Ficamos conversando sobre a escola até que uma voz começou a falar do auto-falante:
Alunos, iremos entrar no subterrâneo em um minuto. Apertem o cinto.
- Subterrâneo? - perguntei
- Você não sabe nada da escola mesmo? - Alex brincou. - A gente chega lá pelo subterrâneo, porque é mais rápido. A escola fica no meio de uma floresta. Sabe o vilarejo Ainsworth? - todo mundo conhecia, é o único vilarejo completamente speciallis dos Estados Unidos. - Fica a alguns metros de lá. Onde você pensava que seria? Não daria para ser perto de Harvad, os normais nos achariam.
Só pelo cara chamar as pessoas sem poderes de normais e não de Nihil Proprium, ele já tinha pontos comigo. O minuto passou muito rápido, a entrada no subterrâneo, não.
Como eu posso descrever? Pense em um avião voando em plena tempestade; pense na estrada da morte na Bolívia; pense em dar a volta na boca de um vulcão no meio de um terremoto nível 8,5; fazer uma excursão na Cratera de Darvaz em Turcomenistão; andar pela Caverna dos cristais no México, no escuro. Some tudo. Essa é a sensação de entrar pelo subterrâneo da Livety. Tradução: Alex não precisava se preocupar com o meu vômito, porque ele me acompanhou. Depois das várias curvas e paradas bruscas, tinha uma reta. Foi aí que as coisas pesaram para o meu lado.
- Você tem ideia de quem eu sou? - uma menina gritou assim que as curvas acabaram. Para a minha infelicidade, essa menina era a Regina. - Eu sou Regina Norman!
"Ela tá brincando com a minha cara!" resmunguei para a Di
"Espera aí, o show já vai começar." ela respondeu
"O que?" perguntei para a Diana confuso, mas não recebi resposta.
- Eu podia ter adivinhado, pelo quão babaca você soa quando fala - a outra menina respondeu.
- Eu não vou me rebaixar respondendo você, Alius Puer. - Alius Puer significa filho anormal. É quando alguém com poderes nasce de uma família normal. Assim como Nihil Proprium, era o termo oficial, e não deixava de ser ofensivo.
- Oh, não. Meu ego foi ferido. - eu só conseguia ver as costas da menina. Ela fingiu ter levado uma facada invisível e continuou- É melhor do que ser uma menina mimada e fresca como você, Miss Universo. Hoje é seu primeiro dia, princesinha prepotente, e já acha que pode mandar em todo mundo só porque tem um sobrenome chique? Menos, vai. Você está pagando mico. Eu só derrubei café em você. Na próxima vez, não fica desfilando por aí.
"Quem é essa menina?" perguntei
"Não sei. Só sei que quero ela no meu time." Di respondeu.
Regina pareceu ofendida e saiu batendo o pé. Ela provavelmente teria tentado fazer alguma coisa contra a menina, se nós não tivéssemos acabado de chegar escola.
Todos nós saímos do ônibus e uma mulher de terninho e saltos muito altos veio nos cumprimentar:
-Bom dia, alunos! Eu sou a diretora Marie Hills e bem-vindos a Livety High School. Tenho certeza que grande parte de vocês já se conheceram. Ainda assim, que atividade melhor para nos conheceremos que não queimada? - Eu vi a menina loira tremer. Não fazia sentido ela enfrentar a minha irmã e ter medo de uma queimada inocente - Lembrando que vale criar bolas e mudá-las de direção com poderes. Não toleramos queimaduras de segundo grau ou qualquer outro tipo de acidente causado intencionalmente. - agora eu entendi porque a menina loira tremeu. - Mas antes, vamos nos apresentar.
A Diretora Hills nos fez falarmos nossos nomes. Caleb Montgomeri, Ulna Rodrig, Dean Blade, Fleur Mancs, Guy Mancs - várias outras pessoas que eu nunca tinha visto na vida e que já tinha esquecido o nome. Descobri que a menina loira, na verdade, se chamava Ruby Winchester. Eu me escondi atrás das pessoas para não ter que falar o meu nome.
- Agora que todos se conhecem, que comece a queimada. - ela nos levou para o ginásio, que era enorme. - Apresento a vocês, o professor Tough. Ele será o novo professor de educação física. - e ela saiu da quadra, nos deixando a sós com um cara de 1,80 que poderia se passar pelo filho do Hulk, principalmente pela cor verde dele.
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Jace Norman, o Nihil Proprium
Adventure[EM REVISÃO] Jace Norman é, na verdade, um garoto normal. O que não é normal na vida dele é todo o resto. Sua família pertence a Casa Norman, uma família cheia de pessoas super poderosas que controla e manipula metal. Agora que ele tem 16 anos, é ob...