Agimos como adolescentes normais... Ou quase isso

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Para resumir um pouco, ninguém da reunião ficou muito animado com o nosso plano, mas eles aceitaram. Consertaram e remendaram certas partes dele, colocaram mais remendos e trocaram a linha umas quinze vezes. E todas as minhas metáforas de costura já acabaram.

- Vocês disseram que a posse do Norman será em uma semana, certo? - uma menina reforçou - Bom, é pouco tempo, mas ainda é melhor do que nada. 

- Vocês já fizeram o seu trabalho. - a Diretora não falou para ninguém em especial - Agora vão, descansem até quando puderem. Já estamos em guerra, senhoras e senhores. E mais uma coisa: o que aconteceu aqui, não deve sair daqui. Vou fazer um pronunciamento em pouco tempo, até lá ninguém precisa se desesperar.

Uma vez que era um segredo mortal, a escola inteira já sabia. Alguma coisa sobre a Lexie ter construído e escondido um transmissor no bunker e todos terem ouvido a reunião. Depois disso, não foi muito difícil de imaginar o que aconteceria: a maior festa no campus desde a Festa da Ressaca, seria preparada em 24 horas. 

Mandei mensagem para Alex contando como a reunião tinha ido. Ele só respondeu dizendo "que ótimo" e depois falou que estava cansado e que ia dormir. Era cedo ainda, mas nós quatro também estávamos cansados por causa das lutas. Diana e Mike disseram que ainda dariam uma volta e nos deram boa noite, fiquei tentado a falar alguma coisa sobre os dois, mas aquilo era coisa de babaca, então fiquei quieto. 

- Quer assistir um filme? - Ruby perguntou, assim que os dois já tinham desaparecido no corredor e vi que ela estava um pouco corada, percebendo isso, eu corei também. 

- Claro. - respondi. Fomos para o meu dormitório e maratonamos todos os Como Treinar Seu Dragão, choramos muito (eu mais do que a Ruby). Paguei cinco dólares para o meu vizinho ir até a maquina de doces e pegar uma barra de chocolate para nós. Quando fui ver já  passava da uma da manhã.

Acordei com o meu braço sobre Ruby, ela ainda estava dormindo, a cabeça dela no meu peito, meu braço em volta dela. O filme tinha acabado tarde e ela tinha dormido no meu quarto. Uma mecha do cabelo de Ruby tinha caído no rosto e eu tentei afastar, foi quando ela acordou e eu gelei. Ela sorriu e murmurou um "bom dia", e eu voltei a respirar.  Eventualmente ela voltou para o dormitório dela, com as roupas do dia anterior, e eu voltei para a cama por mais cinco minutos.

Antes do almoço, decidimos fazer uma visita para o Alex

- Aquela menina, a Lexie Barrow, veio aqui avisar que hoje a noite tem uma festa. Nós vamos. - Alex decretou - Eu preciso tomar um porre antes de caçar o meu namorado. Vão me dar alta lá pelas seis da tarde e  a gente já pode fazer um esquenta. 

Eu nem pensei em avisar para ele que talvez não fosse a melhor ideia ele beber logo depois de sair da enfermaria.

- Eu nunca pensei que diria isso, mas eu também preciso tomar um porre - comentou Diana e Mike concordou. 

- Eu odeio ser estraga prazeres... - comecei - Só que antes disso, nós temos que falar com o Jim e ver se ele quer ajudar. 

- Ainda não gosto dessa ideia. - Ruby falou e depois suspirou - Mas se ele quiser participar, tudo bem. É o mundo dele agora.

O número de aliados da Livety tinha dobrado (tinham dito que até o final do dia, mais 100 pessoas iam chegar) o que fazia a escola inteira ficar lotada, algumas pessoas tinham se estabelecido em barracas e ficaram na clareira, outros já estavam dividindo o quarto com quatro pessoas. Se a escola não tivesse cheia de dobradores de terra e dedos-verdes  (como nós chamávamos aqueles que controlavam a natureza) provavelmente ela já teria entrado em colapso. Em compensação, a horta estava ótima. No caminho para encontrarmos o Jim, passamos pela horta e Ruby teve a ideia de pegar algumas frutas e fazermos um mini piquenique, então fomos até a ala do campus que ficou reservada para as crianças perseguidas e filhos de refugiados. 

Quando chegamos, Jim estava sentado na grama, vendo algumas crianças mais velhas brincando de bobinho. Assim que ele nos viu, saiu correndo nos encontrar. Abraçou os irmãos por meia hora e depois abraçou Di e eu. 

- Ei, garoto. - chamei. Mike estava oferecendo um morango para Diana e Ruby brincava com o lago e fazendo arco-íris. - Por que você não estava brincando com os outros? 

Jim ficou quieto e encarou o chão. 

- Você pode me falar, se quiser. - continuei

- Ontem eu tive um pesadelo, daquele tipo. - assenti enquanto ele falava - Eu acordei todo mundo do prédio. Agora eles têm medo de mim. Eu queria ter poderes, mas não assim. 

Mike, Di e Ruby tinham percebido o que o Winchester mais novo tinha falado e se voltaram para ele.

- Jim, eu já te contei que o elemento de um dominador conta muito sobre ele? - Ruby perguntou e o menino só sacudiu a cabeça - O fogo é o elemento de poder, energia e motivação para conseguir o que quer, mas também trás destruição. A terra, é o elemento da substância, diversidade e força, os dominadores de terra são muito teimosos. Ar é da liberdade e da adaptação, então eles têm problemas para confiar nos outros. A água é a criação e cura, e mesmo assim não aguentam serem contidos ou contrariados. 

Ruby ia brincando com os elementos enquanto falava sobre eles, como se fosse uma dança. É, eu podia passar o dia inteiro olhando para ela...

- Todas as partes legais da manipulação de um elemento, traz partes ruins, também - ela concluiu

- Mas você não assusta os outros! - Jim resmungou e cruzou os braços

- Eu assusto, ou assustava, pelo menos - Di comentou - Eu escutava muitas vozes ao mesmo tempo, entrava na cabeça dos outros e não sabia sair. Eu até sacudia os prédios e não sabia parar. Aí eu aprendi a controlar. Vai levar um tempo, mas você também vai.

- Eu tenho uma ideia - mal terminei de falar e BAMF. Onde estava? Procurei nas pilhas de roupa suja, nos armários, no banheiro. Finalmente achei o que eu queria embaixo da cama. Era só um casaco moletom verde-musgo, com capuz. Eu sinceramente esperava que a ideia que eu tinha tirado assistindo Cloak&Dagger desse certo. BAMF e eu estava de volta. - Aqui. Você tem pesadelos quase toda noite, né? Dorme com esse casaco e com o capuz, ou quando você sentir que vai ter uma visão, coloca ele. Uma hora você vai acabar ligando o capuz com as suas visões e só vai ter elas, quando colocar o casaco. Depois disso, você nunca mais vai precisar ter medo, porque você já vai ter controlado. 

Jim adorou a ideia e eu ganhei um beijo da Ruby como agradecimento (definitivamente a melhor parte).

"Jim, a gente tem que te perguntar uma coisa" Mike sinalizou e nós fizemos intervalos para explicar a situação para o garoto. No final, ele só disse:

- Eu topo. - e depois disse que precisava ir embora, tomar banho.

Ficamos lá, nós quatro deitados na grama, olhando para o céu que começava a ficar rosado com o pôr-do-sol, Ruby mãos dadas comigo. Fomos embora perto da hora do Alex receber alta, eu tinha dito que buscava ele na enfermaria enquanto os outros iam se arrumando para a festa.

- Como você está com tudo isso, cara? - perguntei para ele, quando chegamos no dormitório. 

- Ainda tentando processar. Mas nós podemos adicionar o Sebastian no nosso grupo do Whatsapp, o "Daddy Issues", o que você acha?

- Pode ser. - respondi rindo

- E você? Com medo?

-  A ponto de vomitar. Nada fora do normal.







Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora