Alerta de spoiler: eu quase morro

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Olha, merdas acontecem. E ser levado para o COE, podia facilmente se encaixar nessa descrição. 

Eu queria dizer alguma coisa como "até que foi divertido". Era um caminhão desses de transferir presidiários, e para dar o uma pitada de suspense, colocaram um capuz preto na minha cabeça, para eu não ver o caminho, embora eu tenha agradecido por ninguém ver a minha cara de desespero. Quando  o caminhão parou e me amarram naquele carrinho do Hannibal Lecter, eu finalmente tiraram o meu capuz e eu pude ver o lugar. Parecia o laboratório de Strangers Things, caras com jaleco correndo de um lado para o outro; um milhão de portas brancas, algumas com algum símbolo que representava algum poder; de vez em quando uma sirene tocava e as luzes começavam a piscar. Depois mandaram eu tirar as roupas (eu sei o que você está pensando, pelo menos me deram uma cuequinha limpa), jogaram elas para queimarem em uma fornalinha e me jogaram um macacão verde com um número e um X desenhado nas costas.

Acho que a essa altura do campeonato, eu queria chorar mais do que tudo, mas esperei me jogaram no que deveria ser uma cela numa sala escura, só que parecia um tubo de ensaio gigante quase sem iluminação. Foi adorável.

Meu passeio pelo spa estava indo muito bem, até que eu ouvi uma voz, eu conhecia a voz. E cara, eu estava desesperado.

- Com licença... - era de um menino, devia ter uns onze anos. Era o Jim - Quem está aí?

- Jim? Sou eu, o Jace! - gritei

- Fala baixo! - ele sussurrou, e eu imaginei ele se encolhendo - Eles ficam bravos.

- Os soldados? - e ele respondeu com um resmungo. - Certo, você está vivo, isso é um começo. Eu posso tentar teletrans...

- Não dá certo. Eu tentei me conectar com você. Esses tubos não deixam.

- Tem mais alguém aqui? - perguntei

- Tem um moço francês, mais para o lado, só que ele é mal humorado. Oi, Michel - Jim cumprimentou um pouco mais alto, mas o tal de Michel só resmungou. - Ele está aqui a mais tempo que eu. E uma menina, ela é meio quieta, mas é bem simpática. Diferente de certas pessoas. Oi, Lexie.

- Jim, por favor, eu estou cansada. - eu não podia acreditar!

- Lexie? Lexie Barrow? É você? - quase gritei.

- Jace! Graças aos deuses. Logo depois que vocês foram embora, fiquei preocupada e fui atrás de você para tentar ajudar, mas... No meio do caminho me interceptaram.

Eu teria usado outra palavra, mas deu para entender. Fiquei realmente impressionado dela ter se sacrificado por uma causa que ela nem sabia qual era, só que fiquei ainda pior ao perceber que ela só estava presa naquele lugar por minha causa. Se eu não tivesse encontrado com ela, se eu não tivesse falado com ela, talvez... Pelo menos Lexie, Jim e quem quer que fosse o cara francês, estavam vivos.

Eu continuei fazendo perguntas, Lexie e Jim respondiam, era a única coisa que podíamos fazer. Estava tudo quieto e tranquilo, até que do nada uma fumaça branca começou a descer pela ventilação do tubo de ensaio. Nós quatro começamos a tossir desesperadamente, meus olhos ardiam, minha garganta queimava , parecia que existia uma miniatura do Inferno nos meus pulmões.

Foi então que oito caras com máscara no rosto, iguais aos que me levaram para o COE, entraram na sala. Eles apertaram um botão que abriu as portas dos quatro tubos de ensaio e eu não consegui ficar de pé por causa da fumaça toda e caí para fora de lá. Um cara de máscara me agarrou (o que foi realmente desnecessário, já que eu não conseguia nem respirar direito) e outro me espetou  com uma agulha e injetou alguma coisa. Depois pegou um copinho cheio de comprimidos, escancarou a minha boca e me fez engolir.

Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora