Já estou me contentando em ser chamado de tarado

228 8 1
                                    

Sabe aqueles filmes ou séries tipo As Vantagens de Ser Invisível e On My Block que mostram o como adolescentes gostam de sexo, drogas e rock n'roll? Então, é quase completamente verídico, só que com mais álcool e menos rock n'roll, o que significa que, se a primeira imagem que vier a sua mente quando se pensa em uma festa pré-feriado foi muita gente (como dizer isso sutilmente?) alta, vai estar bem próximo da realidade.

Fomos para a festa meia hora mais tarde e já dava para escutar as pessoas gritando no ginásio do terceiro andar. Até o Mike estava incomodado com o quanto as paredes pareciam tremer. Quando chegamos lá, Ruby arrastou Diana para a pista, Alex se perdeu na multidão, assim como Mike e eu fui pegar uma bebida.

É engraçado ver as pessoas em festas, dá para ver certinho os grupinhos, por mais que eles se fundem, eles vão se separar. É quase como dançar quadrilha, sabe? Isso porque eu odeio festa junina. Andei um pouco pela quadra evitando gente caída no chão e fui até o vestiário. Quando eu era mais novo, eu odiava ficar em lugares cheios de gente, esse ódio continua até hoje. Eu sei que eu dei a ideia de irmos para a festa, mas eu sinceramente não sei porque. Eu vivo fazendo as coisas no calor do momento e depois tenho vontade voltar no passado e me dar um soco.

Eu só queria avisar que tem uma leve possibilidade de o que eu te contar aqui sobre aquele dia não faça muito sentido ou não seja totalmente verdade. Eu não lembro de muita coisa da festa da ressaca, a não ser... Bom, da ressaca do dia seguinte.

Beleza, continuando. Eu fui até o vestiário e fiquei por um tempo dando uma respirada. Eu estava lá, numa boa, com o meu copo colorido e comecei a escutar um som horrível de guitarra e assim como uma pessoa que não assiste filmes de terror segui o som. Lembra da tal Lexie Barrow? Então, era ela tocando na divisória entre os boxes e os chuveiros. Bati na porta e entrei. Tudo bem que ela estava no vestiário errado e não eu, mas mesmo assim é estranho.

- Oi. - ela me olhou assustada. Ela que estava no banheiro errado, né? Não eu. Alex ia me zoar por um mês se isso acontecesse de novo.

- Oi. Precisa de alguma coisa? - perguntei

-Ahn, não.  E você? Tudo tranquilo lá na festa?

-Tá, eu acho. Eu sei que é uma pergunta óbvia, mas por que você está tocando guitarra no vestiário masculino?

- É uma longa história.

-Eu tenho tempo. Manda.

- Certo. Eu tinha chamado uma banda para tocar aqui na festa e tal, só que o guitarrista caiu da escada e quebrou a mão e agora está indo para a cirurgia. Então eu estou vendo vídeos e vídeos de como aprender a tocar guitarra.

- Ah. E a parte do banheiro masculino?

-Imaginei que a essa hora os meninos já estariam caindo de bêbados e nem iam se lembrar que existe banheiro. Enfim, eu preciso de ajuda. Você sabe tocar?

Veja bem. Essa é uma pergunta complicada. Quando eu tinha 10 anos, meu pai me comprou uma guitarra. Cara, eu adorava aquela guitarra. Eu aprendi a tocar e me achava um roqueiro de primeira (eu só tinha 10 anos, me dá um desconto). O problema é, quando eu fiz 14 anos, meu pai se irritou por alguma coisa que eu fiz, jogou minha guitarra pela janela do meu quarto e depois tacou fogo nela.
Então eu não tocava a muito tempo, mas ainda conhecia as posições.

-Sei, eu posso te ajudar. Só que...Como você vai fazer para decorar as músicas?

- Eu consigo exibir elas. – se vocês ainda não perceberam, a minha cara de ''não entendi'' é bem explicita, então ela explicou – Eu sou uma tecnopata, eu controlo tecnologia com a minha mente, o que significa que posso exibir as notas na parede e fico lendo. Essa parte é fácil, eu só preciso de ajuda na coordenação.

- Onde está a guitarra?

Agora pensando, cara, a gente ta no século 21, as pessoas não vão mais em festas para escutar música ao vivo, elas gostam mesmo é que um DJ faça remix de quinhentas músicas ao mesmo tempo, eu a ajudei. O plano era bem idiota, mas tudo bem. Eu gostaria de dizer que rolou aquelas cenas dignas de filmes, onde o garoto ensina a garota a jogar boliche, mas sabe, ela já sabia jogar boliche.

Eu nem tinha me tocado que eu fiquei no vestiário por um hora quando voltei para a festa, peguei um copo e tentei achar Alex, ou a Ruby, talvez Diana, quem sabe o Mike. Alex já tinha me avisado que sobre nenhuma circunstância era para procurar por ele, só eu que achei isso assustador?; Diana estava conversando com o Mike nas arquibancadas, pareciam bem concentrados; e Ruby estava...

- Oi - Ruby estava atrás de mim

-Oi, como vai?

- É uma festa, estou fingindo me divertir.

- Você não parece completamente infeliz do jeito que está aproveitando a bebida.

- Alguma coisa de bom tinha que vir dessa festa. - ela ofereceu o copo para brindarmos - Enfim, está nervoso?

- Por que estaria?

- Ah, sei lá. Amanhã vocês vão conhecer os meus pais racistas e tudo.

- Eles não podem ser tão ruins assim.

- Por que você acha que eu bebo? Tudo bem, eles não são horríveis, só são intolerantes à beça com essa coisa bizarra de poderes e mutação genética que nem eu entendo. Eu só quero chegar em casa para encontrar com o Jim.

- Quem é Jim, seu namorado de Lawrence? Ele seu é vizinho de fazenda? - ela me deu um soco. Aquela menina era bem patriota.

- Não se preocupe, Nathanzinho. Esse cargo de namorado cowboy ainda não foi preenchido. Jim é o meu irmão mais novo, ele tem oito anos.

- Quem diria que essa anã caipira tem sentimentos.

Ruby ia dizer alguma coisa quando gritaram que do corredor que a diretora estava chegando, aparentemente a festa da ressaca era ilegal. Todo mundo decidiu correr para a saída de emergência, parecia adequado.

''Jace, o que está acontecendo?'' Diana me chamou telepaticamente
'' A festa é ilegal, a gente tem que ir'' senti Diana assentindo, olhei para o lado e um borrão, também conhecido como Mike, estava levando a minha irmã para fora  do ginásio.

- Quer fazer as honras? - Ruby reclamou aflita

- Só se você pedir com jeitinho. - respondi

- Eu vou te dar um tapa.

- Você foi criada por lobos? - abracei ela e BAMF


Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora