De certa forma, descubro a verdade

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Eu só não visitei o Adam nos dias que se passaram porque ele tinha avisado para todo mundo que não queria receber ninguém. Mas depois de uma semana e tanto, ele avisou a enfermeira que era para me chamar.

Eu imaginei que ele ia chamar os outros, só que tanto a Diana, quanto Mike, Ruby e Alex tinham voltado para a escola. Nós decidimos que era melhor eles fingirem que não sabiam de nada, ficar na Livety e ajudar a rebelião. Eles iam para o hospital de vez em quando, para não levantar suspeitas.

Cada dia que passava, mais pessoas da Livety e de outras escolas speciallis apareciam pelo hospital, para visitar alguém ou para se recuperar, o problema era que quanto mais aliados, mais inimigos a gente acumulava. A diretora Hills não era favorável à supremacia speciallis, mas o vice-diretor era, por exemplo e diziam que um impeachment poderia acontecer a qualquer momento.

Eu fui para o quarto do Adam andando. Eu sei, parece uma grande bosta, mas eu passei mais de uma semana na cadeira de rodas por causa de uma não-tão-divertida desnutrição, que eu desenvolvi no tubo de ensaio. Aparentemente, mingau e carne de rato não são fontes de nutrientes muito recomendadas.

Voltando ao assunto, eu fui para o quarto do Adam pensando no o que eu diria para o cara. Que tal, "ei, foi mal você ter ficado paraplégico depois de nos ajudar a sair do laboratório"? Não existiam cartões desse tipo, eu teria que fazer um pelo Canva, mas eu não tinha tanto tempo assim. Bati na porta e uma enfermeira abriu, meu primo estava sentado na cama. Ok, vamos devagar, pensei. Ele deve estar chateado e irritado comigo, com toda razão e...

- Oi, Adam...

- Jace! - aquilo realmente me assustou, eu esperava que ele me chamaria de cretino ou pelo menos Griffing - Puxa uma cadeira, cara. A gente tem que conversar.

- Certo. Sobre o que você quer conversar? - seu imbecil! Talvez sobre ele nunca mais sair de uma cadeira de rodas?!

- Eu queria te pedir desculpas. - espera, o que? - No começo eu realmente achei que eles estavam fazendo a coisa certa. Você sabe como eles são. Deus, você sabe. O mesmo discurso de sempre de, sei lá, eugenia? E depois eles sabiam como me convencer, com cinco irmãos mais velhos, eu estava desesperado para fazer parte de alguma coisa importante. Não que isso seja desculpa, eu sei disso. - ele parou de falar para recuperar o fôlego e depois continuou - Enfim, aí eu percebi o que eles realmente queriam fazer, uma Idade Média 2.0, e... Merda, isso é tão estúpido de falar, eu entendo agora que você não era "o inimigo". As coisas que eles injetavam em você e nos seus amigos, era um soro em teste que tiraria os poderes de vocês. Teoricamente, todo mundo que não fosse Tracto Metal perderia os poderes, ou seria deportado para o país que tiver o novo governo daquele speciallis. 

- Adam, eu que tenho.... - ele não me deixou terminar.

- Docinho - ele chamou a enfermeira, que parecia estar odiando ser chamada de docinho - Você pode me ajudar a ir para a cadeira, por favor? Valeu.

Ela o ajudou, depois ele se aproximou de mim e continuou:

- Se você pedir desculpa por alguma merda qualquer, Jace, eu vou te dar um socão. Não me olha com essa cara, eu ainda consigo te meter porrada em qualquer dia, é o meu dever de primo te manter na linha. - ele respirou fundo e eu fechei a boca -  E outra, não é como se fosse culpa sua, ok? A nossa vida não é um romance mal escrito e eu não estou em uma cadeira de rodas para cumprir com o meu propósito e isso não é uma redenção. É uma guerra, eu me coloquei no lado errado. Foi só isso. Eu demorei um tempinho para aceitar isso, e vai demorar mais para eu ficar cem por cento, mas está tudo bem. Beleza?

- Beleza. - respondi

- Ótimo, agora me conta como anda você e a Ruby? Desculpe por isso, inclusive. Tudo parte do plano dos malucos. Eles tinham muitos planos.

Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora