Os deuses estão em ordem, meus sentimentos, não

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Em algum momento nós começamos a conversar, mas parecia que estávamos fazendo conspiração sobre nós mesmos. Pode parecer fácil dizer ''opa, tudo o que eu sei sobre mim está errado'', mas, plot twist, não é.

Diana estava tão confusa quanto eu sobre esse negócio de não sermos irmãos de verdade e termos um passado todo bagunçado.

- Recapitulando, - falei - nós dois somos adotados. A minha família biológica foi caçada e fizeram uma releitura de Superman e te ''enviaram'' para os Norman, a nossa família adotiva, porque você, de alguma forma, teria que proteger o último jumper, no caso, eu.

- Aparentemente é isso - Di confirmou

- Eu só não entendi por que acabamos na família que a gerações tenta acabar os jumpers se o objetivo era, sei lá, o oposto.

- O melhor lugar para se esconder é debaixo do nariz deles. - ela respondeu - Eu acho.

- Será... Será que os nossos pais sabem disso? Os Norman, eu digo. Sei lá, isso é complicado.

- Jace, eu não tenho ideia. Eu sei tanto quanto você, mas eu acho que não. Quer dizer, pelo menos não o nosso pai. Ele tem um fanatismo patriótico pela família que é meio assustador. É capaz dele tomar as dores dos antepassados e, sei lá, odiar os jumpers, simplesmente por uma coisa que aconteceu centenas de anos atrás. Acho que a nossa mãe pode ter feito tipo um acordo com os meus... tios? Isso está certo? Acertei a relação familiar?

- Pode ser. Talvez ela nem saiba. - grunhi - De que adianta ter metade das respostas e o dobro de perguntas?

Alguém bateu na porta e gritamos para entrar. Era Jim, devia ter acabado de voltar do psicólogo. Ele estava com uma cara péssima, parecia que não tinha dormido a noite inteira.

- Ei, cara. Tudo bem? - perguntei

- Não muito - ele respondeu e Diana deu uma batidinha na cama, incentivando que ele se sentasse lá 

- O que houve? - ela perguntou e ele suspirou

- Eu tenho pesadelos, eles começaram mais ou menos quando meus irmãos foram para a escola. Meus pais me levaram num médico estranho - ele torceu o nariz de um jeito engraçado. - A gente descobriu que eu tenho pânico noturno e o médico cada vez mais me deu um  monte de remédios diferentes que me deixavam meio bobo e com sono o tempo todo. E ajudou por um tempo, mas eles voltaram e agora os meus pesadelos são sobre vocês. Eu achei que, sei lá, as pessoas do meu sonho fossem alucinações ou sei lá, mas ai eu...

- Conheceu a gente. - Di completou

Então me lembrei do meu sonho no telhado da Livety, aquilo podia significar alguma coisa, mas só tinha um jeito de saber

- Jim, você sonhou com a gente na noite que chegamos aqui? - perguntei

- Sonhei, foi estranho. Vocês estavam...

- Num telhado? - sugeri

- É, eu sonhei com isso por semanas. Na noite que vocês chegaram eu tive o mesmo sonho, só que depois eu vi você dormindo e do nada você acordou gritando

- Jace, o que...? - Diana tentou, mas Jim pegou a mão dela e colocou na própria cabeça. Ela entendeu o que ele queria dizer e fechou os olhos. 

Eu fiquei assistindo os dois de olhos fechados por uns cinco minutos, foi meio desagradável não saber o que estava acontecendo. Depois de um tempo, os dois abriram os olhos e caíram sentados no chão.

- E então? Viu o sonho?

- Eu vi - ela estava confusa. Eu também estava confuso quando eu tive o sonho, mas ela estava reagindo de um modo diferente do que eu tinha imaginado

Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora