Ok, eu nunca tive uma namorada. Chocante, eu sei. Quem não gostaria de um pedacinho desse moleque magrelo, com baixa autoestima, cheio de traumas familiares?
Eu vou explicar. Tradicionalmente, os speciallis são educados em casa ou em colégios especiais, só que a vida inteira eu estudei em escolas normais públicas em NY, porque meus pais tinham visões diferentes sobre a nossa escola. Então minha mãe insistiu em termos um ensino normal e meu pai disse que não ia gastar um centavo na minha educação Nihil Proprium, mas tudo bem porque ele também disse a mesma coisa sobre a educação da Diana, só a filha prodígio escapou do cheiro de comida estragada e professores mal pagos dos EUA.
O ponto é, as pessoas de lá sempre achavam um pouco estranho que nossos pais nunca apareciam em nenhuma de nossas apresentações e feiras de ciências, e suspeitavam do por quê, que de vez em quando, Di e eu aparecíamos com o olho roxo ou qualquer coisa do gênero. Então os outros alunos meio que se afastavam de nós e depois que a minha irmã fez o primeiro ano do colegial na Livety, os caras começaram a criar as melhores teorias do mundo, inclusive uma que lembra muito Riverdale. Tudo isso para dizer que, eu nunca tive nada parecido com uma namorada e agora eu tinha a Ruby. E eu tenho plena consciência de que não se pode "ter" uma pessoa, porque pessoas não são geladeiras ou sapatos para você possuir, mas... Você entendeu o que eu quis dizer.
Depois do meu mais recente beijo com a Ruby, eu passei os primeiros minutos da viagem pensando nele e em o quão próximo de termos um relacionamento amoroso nós estamos (ou do quanto eu imaginava estarmos). Jim ficou no banco de trás jogando no DS que eu tinha achado nas minhas coisas. Como a vila ficava praticamente do lado da Livety, só mais enfiada e escondida na floresta, nós não íamos demorar muito para chegar.
O plano era bem simples: eu e Jim íamos nos passar por uma ramificação beeeeem longe dos Firethore até a poeira baixar, até nós encontrarmos mais aliados, descobrirmos onde estava o Controlador de Mentes psicopata, até arranjamos um plano e aí voltaríamos para casa, para lutarmos contra os Erasers, Normans, e outras ameaças. Tudo bem, em retrospectiva não era exatamente um plano simples. Era um plano suicida, mas toda a Resistência estava bem confiante com ele.
Depois de quase uma hora na estrada, as luzes de uma viatura começaram a brilhar, atrás de nós. Viny deu seta e foi para o acostamento. Ninguém precisava falar, nós sabíamos: não podíamos confiar em ninguém, os normais e os speciallis podiam estar do lado inimigo. E suspeito do jeito que era, uma viatura no meio da floresta, podia ser uma armadilha. Me virei para trás e cutuquei o Jim.
- Ei. Quando eu falar, eu quero que você saia correndo e não olhe para trás, ok? - ele fez que sim com a cabeça.
O policial apareceu e só então eu percebi que as mãos do Viny estavam estendidas no painel, tipo, extremamente estendidas. Eu fiz igual.
- Documentos. - e o Viny foi muito devagar até o porta luvas, para pegar os documentos. O policial pegou e foi até a viatura. Ele voltou cinco minutos depois e perguntou - Tudo certo por aqui?
Eu percebi que ele não tinha perguntado para o Vinícius, e sim para mim. Eu fiz que sim, ele mandou eu e o Jim sairmos do carro e eu gelei. Depois de tudo o que a gente passou, a gente vai morrer assim?, pensei.
- Vocês estão com esse homem por vontade própria? - o policial perguntou
- Sim, senhor. - respondi
- Se ele tiver feito algum mal a vocês, pisquem duas vezes. Esses daí sempre aprontam alguma.
Era daquilo que se tratava? Sério? Que coisa mais imbecil!
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Jace Norman, o Nihil Proprium
Aventura[EM REVISÃO] Jace Norman é, na verdade, um garoto normal. O que não é normal na vida dele é todo o resto. Sua família pertence a Casa Norman, uma família cheia de pessoas super poderosas que controla e manipula metal. Agora que ele tem 16 anos, é ob...