- Oi, mãe. - falei- Jace! Graças a Deus, você está vivo! - ela gritou. Eu queria dizer que não foi exatamente graças ao Big Guy que eu estava vivo, foi em detrimento de várias pessoas, inclusive se era para culpar alguém pela confusão seria ele, mas não era isso que eu ia discutir.- Onde você está? Diana está com você? Oh, Jace, me desculpe, eu tentei impedir seu pai, mas ele não me escutou. Eu fiquei com medo de ele machucar vocês e...
- Ei, não se preocupa. Eu estou bem, estou... - eu queria contar, queria mesmo, mas eu não podia me arriscar - Estou num lugar seguro. Diana está bem, também, só não está comigo. Como está por aí?
- Seu pai tem estado um pouco... Instável. - ela disse
Se você perguntar para a minha mãe se em algum momento do casamento dela, meu pai já bateu nela, ela vai desviar o assunto ou usar um eufemismo muito bem trabalhado.
- Eu tentei impedir que ele fizesse alguma coisa com você, querido, mas ele não me escutou. Me perdoa, por favor.
Certo, olha. A fé da minha mãe no meu pai é inabalável. Ela não se casou por amor, mas por um casamento arranjado entre primos para manter a linhagem pura, e eu tenho certeza que ela se apaixonou por ele em algum momento. O negócio é que ela se importava com a gente mais do que qualquer coisa, ela era mais uma vítima. Por isso eu sabia que podia ligar para ela.
- Eu estou bem, sério. Escuta... Eu queria perguntar uma coisa.
- Claro, qualquer coisa, Jace. - minha mãe falou
- Eu descobri uma coisa a um tempo e eu queria saber se você já sabia. Porque não é justo se você for a única que não sabe e... - respirei fundo. Eu estava divagando demais - Você sabe que a Di e eu não somos seus filhos biológicos, né?
- Ah, eu sei. - ela respondeu. - Eu sempre quis ter filhos, Jace, e seu pai quis manter um legado, mas não é fácil ter filhos saudáveis quando os pais são parentes próximos.
" Quando eu estava grávida da minha primeira filha, ela nasceu morta, mas seu pai não estava na sala. E foi então que uma das enfermeiras me ofereceu uma oportunidade. Ela me deu a Diana e eu a acolhi como minha.
" Um ano depois, eu tentei de novo, mas o bebê também nasceu morto. Outra enfermeira, disse que tinha um menino de dois meses que precisava de uma família. Esse menino era você.
" Eu não me importava com mais nada, eu tinha dois filhos saudáveis e isso era o bastante, mas seu pai disse que só um menino para manter o nome Norman, não era o bastante, então tentamos mais uma vez. E veio a Regina.
" Seu pai só desconfiou nesses últimos meses, mas eu disse que não sabia de nada."
- Tudo bem, eu só queria ter certeza. Eu tenho que ir. Eu te amo.
- Também te amo, querido. Cuidado e me desculpe.
E desliguei.
- Então... Eu ouvi dizer que você ligou para a sua mãe. - uma voz perguntou atrás de mim, duas horas depois de eu ter desligado.
- As pessoas precisam da mãe em momentos de crise - respondi, me virando para trás.
- Nem todo mundo - Ruby comentou. Ah, eu tinha esquecido que Diana e eu tínhamos um pai maluco e ela, Mike e Jim tinham uma mãe maluca.
- Certo...Eu estava pensando em comer alguma coisa. Quer ver o que tem na cafeteria?
- Na verdade, o pessoal está te esperando. - Ruby disse - A gente tem que conversar sobre a situação e tudo, quem marcou foi o Vinícius.
- Esse cara ainda existe, né?
Nós somos para a cafeteira quase correndo. Nós estávamos meio nervosos sobre a "situação", porque afinal era assim que estamos chamando. Ninguém se referiu ao episódio como nós-todos-quase-morremos, era mais um acordo silencioso.
- Ninguém me atualiza de nada? - Alex gritou quando Ruby e eu chegamos - Ninguém me avisou que vocês se decidiram.
Eu dei uma corada e Ruby fez uma piadinha.
- Sutil como uma bomba atômica, Firethorn. - ela disse e nós sentamos
- Vamos lá - Vinícius falou - Jace, você não pode mais ficar aqui no hospital, eles precisam do quarto. Nós vamos atacar mais um laboratório e precisam dos quartos no caso de acidentes. E como você não pode sair por aí, como se nada tivesse acontecido.
Porque realmente aconteceu, mas ninguém completou.
- Eu tenho uns amigos do submundo que podem arranjar uma casa para você na Itália - ele continuou e depois deu uma pausa para tomar o suco de laranja
- Ou... - Alex disse - Eu posso pedir a casa da minha tia emprestada. É no vilarejo Ainsworth, ninguém vai suspeitar que você esteja se escondendo debaixo do nariz deles. Você pode falar que é um intercâmbio, ou sei lá.
- Isso é uma... Ótima ideia. - Di comentou - Boa, Alex.
- Eu tenho os meus momentos. - ele concordou - E você podia levar o Jim, também. É só falar que vocês são irmãos, gente loira sempre se parece.
- Ei! Isso não... - Ruby, Mike e eu nos olhamos e eu corrigi - Tudo bem, é verdade. Enfim, eu não sei se tenho responsabilidade para cuidar do Jim. Eu mal consigo cuidar de mim, droga.
"É só por um tempo" Mike pediu " E ele te adora. Por favor".
- Beleza, mas se ele voltar com uma tatuagem a culpa não é minha. - brinquei.
Depois disso, Ruby e Mike foram atualizar o Jim dos novos planos, enquanto Diana me ajudava a arrumar mala e arranjar umas últimas coisas que faltavam.
O negócio é que eu estava ficando um pouco desesperado. Parece um clichê, sei lá, mas a minha experiência no laboratório tinha me deixado um pouco paranóico e eu até topava em dar uma desintoxicada do que tinha acontecido, o problema é que eu não sabia lidar com a situação. Tipo, as coisas que aconteceram lá, voltavam em flashbacks o tempo todo, principalmente quando eu dormia e eu até podia lidar com isso, mas se eu acordasse no meio da noite com o Jim, do meu lado, eu podia assustar o garoto. Ele tinha sofrido bem mais que eu no laboratório e eu não precisava piorar nada.
- Di? - estamos no quarto dobrando umas roupas - Primeiro, não é assim que se dobra, me dá. - ela deu uma bufada, amarrotou a blusa, me jogou e sentou no sofá - Há quanto tempo você não dorme?
No total, foram três meses que eu fiquei fora, dois no COE e um no hospital. Eu não dormia direito a mais ou menos isso, mas nós todos estávamos detonados, cada um com uma olheira pior que a outra.
- Não sei direito, - ela suspirou - mas o meu cabelo está quase deixando rastro no chão, de tanto que cai. E pensar que antes eu virava a noite, para estudar. Agora, eu viro noite porqu... Porque eu tenho medo.
- Eu também. Daqui a pouco isso vai acabar, né?
- Eu espero que sim.
Depois que nós terminamos de arrumar tudo, nos juntamos. Viny tinha arranjado uma van para levar o Jim e eu.
- E aí? Animado? - perguntei para o garoto.
- Vai ser divertido, - Jim deu de ombros - pelo menos está claro.
Tinha feito sol pela primeira vez em quase um mês.
- Ei, Jace! - Ruby chamou quando estávamos entrando na van. Quando me virei para ela, eu só encontrei os seus lábios. Fififi fififi, meloso, eu sei. Ruby tinha me beijado de surpresa e cara, cada vez aquilo ficava melhor. Ela se afastou devagarinho, ainda com a mão na minha nuca - Vê se não faz merda.
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Jace Norman, o Nihil Proprium
Aventura[EM REVISÃO] Jace Norman é, na verdade, um garoto normal. O que não é normal na vida dele é todo o resto. Sua família pertence a Casa Norman, uma família cheia de pessoas super poderosas que controla e manipula metal. Agora que ele tem 16 anos, é ob...