Minha notificação de morte parece encantadora

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Eu teria dormido até tarde se alguém não tivesse me acordado. Com alguém eu quero dizer a Ruby. Eu estava dormindo quando ela abriu a janela sorrateiramente e entrou no dormitório.

Ela botou a mão na minha boca e disse:

- Quer ver uma coisa muito legal?

Eu pensei seriamente em gritar e pedir socorro para o meu colega de quarto, mas para ser honesto, eu preferia seguir ela. Eu fiz que sim com a cabeça e ambos saímos pela janela.

Apesar dela não ter poderes para ajudá-la, ela escalava bem rápido. Depois de um certo tempo, chegamos ao telhado.

- Te trouxe aqui por um motivo.

Meu conhecimento de assassinos vinha das temporadas de Dexter, e como ele não falava assim com as vítimas dele, eu não me senti tão ameaçado.

- Tá bom... E o que é? - perguntei.

- Diana me contou que você é apaixonado pelo espaço e coisas assim. - ela comentou

Em minha defesa, apaixonado é um exagero. Eu gosto de ver as estrelas, a infinidade delas é meio reconfortante. Uma palhaçada filosófica que eu tinha criado.

- Acho que sim. E...

- Idiota, olha para o céu. - ela mandou.

E não estava mais do que certa. O céu estava limpíssimo, sem nuvem alguma, e dava para ver todas as estrelas. Algum aplicativo tinha me avisado que era dia de super lua, mas eu tinha esquecido completamente. A lua estava enorme, dava para ver ela inteirinha! Ruby começou a rir e eu perguntei o que era tão engraçado

- Sua cara. - Ruby respondeu ainda rindo. - Você olha para cima com a boca aberta, quase que com a língua para fora. É bonitinho.

Diana sempre tirou sarro de mim, dizendo que eu parecia uma beterraba quando eu coro. E a pior parte é que ela tem razão, as minhas bochechas ficam brilhantes e vermelhas exatamente como beterraba e se espalham pelo meu pescoço. É ridículo, por isso que eu agradeci silenciosamente pelo escuro. Nós dois rimos por um tempo, eu mais de nervoso. Depois de uns cinco minutos no silêncio, observando o céu, fiquei com vontade de conversar e eu queria saber mais sobre ela.

- Então... - comecei. Eu nunca soube conversar, as minhas tentativas sempre foram patéticas e certamente não ia ser diferente com a Ruby - Como é a sua família?

- Ahm, normal. Quer dizer, meus pais são normais, então eu não tenho Casa. Eles não queriam que eu viesse, me seguraram na escola normal até o ano passado. Minha mãe se chama Mare, meu pai é Albert e meus irmãos. - ela respondeu enquanto se deitava no telhado. - E a sua?

- Muito chata. Minha mãe se chama Helen, meu pai é Jonathan, Di é a mais velha, depois vem eu e aí a Regina.

- Como você aguenta aquela pentelinha mimada?! -Ruby brincou - Seus pais, sei lá, não se irritam com ela?

- Meus pais?! Ha! Regina é filha perfeita! Ela controla metal, tem a mesma arrogância e prepotência do resto da minha família. - falei - Tudo farinha do mesmo saco. 

- Por que eu tenho a impressão que você não se dá bem com o resto da trupe da Casa Norman? -Ruby ironizou

- Você só pode estar brincando. Todo sábado é a mesma coisa: " Jace não tem poderes isso..." "Jace é uma desonra aquilo...". Você não faz ideia.

Isso, Jace. Trauma compartilhado e autodepreciação sempre ajudam.

- Vai por mim, eu sei. Meus pais são normais, e são bem apegados a essa definição. Fica bem complicado viver em harmonia quando seus primos tem medo de você incendiá-los. Se eu respirar do jeito errado, eu posso sugar o ar do pulmão de alguém. Não ter poderes seria tão mais fácil. - ela parou para respirar - É assustador. Mas... Eu não trocaria meus poderes por nada. Eu adoro eles, são parte de quem eu sou. O problema é que meus pais, minha mãe especificamente, acha que pessoas com poderes são aberrações da natureza. Meu irmão e eu somos aberrações da natureza. 

Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora