Revelações de um adolescente em crise

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Eu estava feliz de finalmente eu e Alex termos um inimigo em comum. O grupinho Anti-Adam se tornou bem complicado de se manter, todo mundo na Livety adorava o meu primo e ninguém tinha qualquer suspeita de que ele estivesse armando alguma coisa. Ele tinha boas notas, jogava beisebol e basquete e tinha se tornado o capitão do time (em duas semanas! Eu não conseguiria em três anos), era cortejado pelas meninas o tempo todo. Até Ash e o Sebastian eram legais com ele. Não existia nenhum motivo para não gostar do Adam. Nenhum motivo até então.

Depois de todos nos conhecemos no primeiro dia de aula, eu, Alex, Ruby e Diana tínhamos combinado de ir ao Starbucks do campus toda semana. Como se fosse uma reunião de amigos íntimos, ou sei lá. Em pouco tempo já éramos melhores amigos e ir ao Starbucks toda semana só deixava isso mais explícito. Todos nós estávamos bem, éramos um grupo pequeno e fechado que não gostava muito de que outras pessoas entrassem. Só nós quatro e eventualmente o Mike, mas ele era do terceiro colegial e tinha a turma dele, até que chegou o dia que Ruby levou um convidado para o nosso encontro. Acontece que ela trouxe o Adam e por incrível que pareça, quem mais ficou revoltado com isso, foi a Diana.

Aparentemente, Ruby e Adam tinham começado a namorar e não contaram a ninguém. E isso era uma espécie de ofensa para a amizade entre Diana e Ruby, que compartilhavam tudo (em duas semanas!). Aquilo foi a gota d'água para minha irmã se juntar ao grupo da discórdia.

  - Tem alguma coisa errada com ela. - minha irmã argumentou - Alguma coisa bem errada. Eu detesto admitir, Jace e Alex, mas vocês estavam certos.

Dois dias se passaram depois de a Diana ter se juntado a nós aconteceu um momento, infelizmente, memorável. Estávamos no final do quarto período e eu já estava sentindo alguma coisa estranha acontecendo. Eu não sei todos os detalhes direito, nem minha irmã, nem Ruby me contaram a história toda, mas pelo o que eu sei, foi assim: Diana estava remexendo na mente de Ruby para saber mais detalhes sobre ela e o Adam, já que a loira se recusava a contar detalhes sobre ela e o namorado. Acontece que quando um telepata fica xeretando a mente de uma pessoa, geralmente ela percebe. E foi o que aconteceu. As duas tiveram uma longa discussão telepática que começou passiva e ficou agressiva.

O quinto período era educação física e as duas ficaram em times opostos na queimada, porque a Livety não tem originalidade no assunto ''educação física''. Nada deu muito certo naquele dia. Todos imaginaram que depois de elas terem acabado com os adversários e ficar só uma contra a outra, elas jogariam de um jeito não tão violento, só que o jogo piorou e virou selvagem. Mesmo depois de o professor intervir, elas continuaram, até que Ruby lançou uma bola de fogo roxo enorme, que precisou das duas mãos para ser contido, contra Diana, mas minha irmã centralizou o fogo e o fez reverter contra a garota Winchester. Houve uma grande explosão. Eu, que já estava fora do jogo a tempos, quase não tive tempo de me proteger. Senti a mesma pressão na boca do estômago que tinha sentido na noite do telhado, mas dessa vez 10 vezes maior. Do nada eu já não estava mais na quadra do ginásio onde o jogo de queimada tinha acontecido, e sim duas quadras de distância, mas não me importei. Eu tinha coisas mais urgentes para me preocupar.

Eu conhecia Diana e se ela tivesse condições de conter o fogo e redirecionar o alvo, ela nunca miraria em alguém, nem mesmo na Ruby por mais brava que estivesse. Eu conhecia minha irmã muito bem e aquilo, aquela cena toda da explosão, não era do feitio dela. Não mesmo.

                                                                    ***

Voltei para a quadra de queimada e todos os alunos terem recebido atenção médica, depois a diretora avaliou os estragos (canos de gás tinham explodido junto e destruiu grande parte da fachada do prédio) e mandou que fossemos para os quartos.

Ruby e os outros manipuladores do fogo foram os que menos se machucaram já que são a prova de fogo e alguns vis ager (são as pessoas capazes de criar campos de força) conseguiram se proteger. Corri a procura de minha irmã, mas só encontrei uma marca de corpo forçada contra a parede. Onde ela estava?

Senti como se tivesse um fio imaginário me puxando para um lugar aleatório. Quando Di começou a desenvolver os poderes telepáticos, ela ligou a minha mente a dela, para o caso de alguma emergência. A minha conexão psíquica que me ligava com minha irmã estava me levando a ela.

Eu não estava entendendo absolutamente nada. Enquanto eu seguia o fio psíquico, minha cabeça se enchia de perguntas. Como eu tinha ido parar em outra quadra? Será que Ruby estava certa sobre eu ser um jumper? Onde estava Di? Para onde a ligação estava me levando? Minha irmã estava bem? O que tinha acontecido entre ela e Ruby e por que? Eu duvidava que meu primo tivesse alguma coisa diretamente ligada a explosão, já que ele não era um mentis imperium, ou seja, ele não podia controlar nem induzir pensamentos, mas ele ainda era um pouco suspeito para mim, porque, curiosamente, justo quando minha irmã mais velha xeretou a mente de Ruby a procura de alguma coisa que fosse incriminadora sobre ele, ela se machucou.

Encontrei minha irmã na biblioteca, ela estava inconsciente, mas assim que fui ver seus batimentos cardíacos, ela acordou.

- Jace? - ela me abraçou com força

- Graças aos deuses. - falei - Você está bem?

- Estou, graças a você. A quanto tempo você faz isso?

Eu estava tão confuso quanto ela.

- Do que você está falando, Di?

- Você não... você não se lembra? Você me teletransportou para cá. 

- Eu não me lembro de nada disso. - falei. Diana encostou a testa dela na minha. Ela estava me mostrando o que tinha acabado de acontecer.

De repente estávamos de volta a quadra. Tudo estava em câmera lenta. Ruby tinha acabado de lançar a bola de fogo, minha irmã reverteu o fogo e estava indo contra Ruby.  Começou um clarão, os canos de gás tinham acabado de estourar, eu fiquei encarando o meu eu do flashback, eu do passado estava parado olhando a explosão, como se estivesse esperando pelo momento certo e do nada uma nuvem azul me envolveu e BAMF, reapareci em frente a minha irmã, agarrei ela e BAMF, desapareci de novo. Agora estávamos na biblioteca, deixei Diana lá e desapareci mais uma vez. 

Minha irmã terminou de me mostrar:

- Jace, a quanto tempo você faz isso? - ela perguntou de novo e então me lembrei de todas as vezes que tinha, milagrosamente, escapado de algum perigo. Uma vez, quando eu tinha cinco anos, outra vez quando eu tinha nove, uma outra vez, com onze.

- Desde sempre, eu acho

Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora