Estávamos no dormitório feminino, algumas velocistas já tinham chegado nos quartos, mas estava basicamente vazio.
- Isso foi...
- Intenso? - sugeri
- Eu diria perturbador. Eu não tenho exatamente boas lembranças com o seu teletransporte.
- Justo. Quer entrar? Daqui a pouco vai encher de gente e não vai ser legal se eu estiver no corredor. Só quero esperar minha irmã chegar e já vou embora.
- Preocupado se o meu irmão não vai trazê-la a salvo da diretora malvada? - Ruby tirou sarro - Acomode-se nas minhas humildes instalações, eles já vão chegar.
Ela abriu a porta do quarto, jogou o sapato um para cada lado e se jogou na cama. Forçou um travesseiro contra o rosto e gritou de frustração. Como eu sabia que era de frustração? Eu inventei o grito de frustração, bb. Sentei na cama da Diana.
- Tem ideia da ressaca de amanhã? - ela perguntou, enquanto tirava o travesseiro do rosto - Sabe, eu decidi resolver as coisas com o seu primo na festa, em algum lugar entre o quarto e sexto copo.
- Essa foi a pior decisão que você tomou enquanto estava bêbada?
- Não quero me gabar, mas eu não preciso de álcool para tomar más decisões. - ela sentou na cama, encostando as costas na parede e suspirou- Eu não falei nada sobre o parasita, ou sobre o seu negócio jumper, nem nada. Mas eu posso ter falado que eu tenho um namorado cowboy em Lawerence. Esso foi um erro
- Um erro que iremos rir um dia - comentei
- Mas não hoje.
- Ah, não. Hoje vai ser uma bagunça. E o que ele falou?
- Ele estava mais bêbado que eu, e aparentemente as más decisões dele se intensificam com álcool. O Adam, de um jeito nada sutil, disse que ele mesmo ''daria um jeito'' - ela representou fazendo aspas com o dedo - nesse meu namorado cowboy, e depois tentou me beijar, então eu dei um passo para o lado e ele beijou o chão. Literalmente. Ele caiu no chão e ficou dando selinhos no chão. Foi bem estranho.
- Acho que é genético, pelo menos ela não funciona bem em mim. - rimos.
Certo, nós rimos por dois segundos, aí Ruby vomitou no meu pé. Nojento, eu sei, mas se vale acrescentar, eu fui um cavalheiro, a levei até o banheiro e segurei o cabelo dela enquanto ela vomitava na privada. Isso aconteceu por uns cinco minutos. De novo, nojento, eu sei. Uma hora ela se cansou, e dormiu com as costas na porta do box do chuveiro. Eu não sabia o que fazer!
Eu sempre falo sobre viver com três mulheres em casa e tal, mas eu nunca tive que lidar com uma delas babada de vômito, dormindo no banheiro, me desculpe se eu fiquei confuso com o que fazer. Sabe naqueles clichês do Wattpad que a minha irmã lê e que toda vez que a menina dorme ela fica com uma cara tranquila e angelical, mesmo tendo, provavelmente, entrado em coma alcoólico? Então, Ruby era a prova viva de que isso não acontece. Quando uma pessoa está dormindo, a última coisa com a qual ela vai se preocupar é de fechar a boca para não babar, e no caso Ruby não só estava babando, como também tinha vómito ao redor da boca dela.
Eu peguei um pedaço de papel higiênico e passei na boca dela (aquele negócio já estava começando a feder, mas ei, quem sou eu para julgar o cheiro do vômito alheio) e carreguei ela até a cama dela.Justo quando eu estava quase no pé da cama, Diana e Mike chegaram no quarto. Eu não culpo o Mike pelo o que aconteceu, numa boa. Se eu o visse carregando a Di eu faria exatamente a mesma coisa. Bom, eu acho que faria, sabe o cara é mais rápido que eu e tudo.
Mike correu, tirou a irmã dos meus braços (isso soou meio romântico e broxante), a deixou na cama e me deu um soco na barriga. E crianças, é só isso que eu lembro do dia da Festa da Ressaca.
***
No dia seguinte, dito e feito, a ressaca era grande e eu demorei um pouco para entender por que tinha um hematoma do tamanho de uma batata na minha barriga. Eu não sou o Harry Potter nem nada, e nem me inspirei nele e no Cálice de Fogo, mas eu lembro que tive um sonho muito estranho. Eu, Diana, Ruby, Mike e Alex estávamos no telhado; eu tinha um corte na testa que estava sangrando, Mike estava sentado no chão, tinha uns estilhaços na perna dele que (plot twist) também estava sangrando e Alex estava tentando fazer um torniquete, sem muito sucesso, na perna dele. Ruby e Diana estavam na posição de ataque, na nossa frente. Mais a frente, Adam estava na ponta do telhado, quase caindo. E tinha um cara, lá embaixo, não dava para ver quem ele era, mas eu sabia (olha eu, dando uma de Harry Potter, de novo) que era Sebastian Wyngarde, aquele cara que criou os parasitas quinze anos atrás.
Eu gostaria de me dar o mérito por ter acordado gritando, esse tipo de coisa só acontece em filme ou em pessoas que tem síndrome do pânico. Eu estava suando frio o que não é uma sensação agradável, Alex jogou uma almofada em mim e voltou a dormir, sentei na cama e esperei meu coração voltar ao ritmo normal. Sabe, quando você tem um pesadelo muito real, demora um tempo até você conseguir se sentir seguro de novo, você acaba sentando na cama pensando em absolutamente nada até conseguir raciocinar o quão idiota você foi por ficar paralisado de medo. O problema é que depois que isso acontece, demora muito tempo para conseguir voltar a dormir, então eu desisti, olhei o horário no relógio digital do meu criado-mudo, eram cinco e quinze, e decidi dar uma volta no campus. Peguei o primeiro casaco e tênis que eu achei e sai do quarto.
As vans que iam nos levar já estavam prontas na porta da escola (como isso era possível, eu não sei) e iam sair às cinco e quarenta. Fora eu, não tinha mais ninguém no campus, era melhor assim. Decidi ir para a clareira do campus, era um bom lugar para ir, se teletransportar de galho em galho das árvores e ficar pensando em um pesadelo que poderia significar a destruição dos meus amigos.
É, talvez não fosse essa a intenção quando eles criaram a clareira.- Ei, Jace - ouvi Lexie me chamando. Ela estava correndo na minha direção - Que diabos você está fazendo aqui fora nesse horário?
- Você acreditaria se eu dissesse que sou sonâmbulo? - perguntei
- Não
- Tudo bem. Eu acordei no meio da noite e não consegui mais dormir.
- E você decidiu vir para a clareira as cinco e meia da manhã para dar uma passeada. Justo - ela riu
- Que susto ontem, né? - olha, eu só converso com duas mulheres, minha irmã e a Ruby, uma fala sobre fanfics e como a vida não favorece e a outra arrota e vomita, me desculpe se eu não quero deixar o assunto morrer e não tenho mais nada para falar.
- Verdade, acabou que você me ensinou a tocar guitarra por nada.
- Eu não diria por nada. Eu queria dar uma fugida da festa e você precisava de um favor, estou sempre a disposição para ensinar as pessoas a tocar guitarra. Pelo menos eu aproveitei bastante.
- Teria sido mais legal se a gente tivesse ficado junto na festa, sabe, dançar um pouco ou qualquer coisa que valha. - vocês também viram isso, ou foi fruto da minha mente com ressaca? Ela realmente disse isso? Uou. Impressionado estou - Ah, antes que eu me esqueça...
Ela se aproximou de mim e me deu um beijo de leve na bochecha, então corou e continuou:
- Obrigada pela ajuda. - corou e saiu correndo
Antes que eu pudesse entender o que tinha acabado de acontecer meu telefone começou a tocar no meu bolso da calça. Era Diana, atendi
- Cadê você? - ela estava meio irritada, compreensível - Vem para a porta, a Ruby e o Mike querem explicar umas coisas antes de chegarmos na casa deles
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Jace Norman, o Nihil Proprium
Adventure[EM REVISÃO] Jace Norman é, na verdade, um garoto normal. O que não é normal na vida dele é todo o resto. Sua família pertence a Casa Norman, uma família cheia de pessoas super poderosas que controla e manipula metal. Agora que ele tem 16 anos, é ob...