Crianças, nunca aceitem pen drive misteriosos em copos de Coca Cola

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Nós voltamos para a casa sem dizer uma palavra, todo mundo estava cansado demais para isso. Quando chegamos, cada um foi para o quarto e eu dormi de roupa e tudo.

Mais ou menos as cinco da manhã, eu perdi o sono. Maravilha. Eu tinha sonhado que o pingente estava fervendo e acabou derretendo o meu peito, o pior foi que quando eu acordei, o colar realmente estava quente. Tirei do pescoço e ele esfriou na hora.

Eu fiquei mudando ele de mão e depois de um tempo, eu descobri que a pontinha do retângulo saia, peguei meu celular para iluminar e, por essa eu não esperava, era um pen drive. Ok, aquilo era algum mal entendido e, sei lá, o pen drive deveria ter ido para outra pessoa, mas se enganaram no copo de Coca Cola ou... É, bem, eu não conseguia pensar em outra explicação. Talvez os arquivos dissessem de quem o pingente-que-na-verdade-é-um-pen-drive-secreto era. Decidi que ia esperar amanhecer, pedir emprestado um computador, descobrir quem era o dono.

Deitei de novo e só acordei às oito, com Ruby batendo na porta do quarto. Ela falou que o café já estava na mesa e que os pais tinham saído para levar o Jim no psicologo (certo, era o menino que precisava de ajuda médica), foi até o irmão na cama do lado e sacudiu ele. Depois virou para mim e falou

- Você tá com uma cara horrível, Jace.

- Bom saber. Realmente. Obrigada. - respondi, mas ela já tinha ido embora.

Peguei uma roupa da minha mala e fui me trocar no banheiro, aí desci. Alguém tinha preparado ovos, bacon, panquecas, e colocado cereais, pasta de amendoim, sucos de laranja e café na mesa. Nunca vou entender como alguém consegue comer tudo isso de café da manhã.

- Vocês tem um computador por aí? - perguntei

- Bom dia. É um ato milenar, que deu certo para toda a humanidade ao longo da vida, se chama "boa educação". - Diana reclamou

- Eu te vejo todo dia, eu não preciso desejar bom dia para saber que vai ser uma merda, Di.

- Come uma panqueca, Norman. Você tá um saco. - recomendou Ruby - Por que você precisa do computador?

- Eu encontrei um pen drive ontem e queria saber de quem é.

- Isso é invasão de privacidade, mas tudo bem. Pede o computador do Mike.

Ela falou isso e ele desceu as escadas. Acenou para nós e sentou na mesa.

Lembra quando eu disse que não entendia como alguém tinha capacidade de comer tudo em um café da manhã? Veja bem, eu estava com fome. Tipo, muita fome mesmo, então... Eu finalmente entendi. Quando acabamos, eu pedi o computador para o Mike e ele simplesmente deu de ombros, foi até o quarto e pegou o laptop da Apple.

***

O único arquivo que tinha era um vídeo de 5 minutos e dei o play.

Era um cara com a pele cor de chcolate de uns 30 anos, ele tinha uma cara de maluco, mas acho que era por causa dos olhos e o cabelo tão bagunçado que parecia um ninho. Ele estava muito próximo da câmera, então eu não conseguia ver onde ele estava. E então, ele começou a falar

- Oi, hum, esse vídeo é para um menino chamado Griffin Weinsberg. - ótimo, já temos um nome. Eu poderia ter desligado o computador e saído por aí procurar esse cara, mas alguma coisa me fez continuar assistindo.

Ruby, Diana e Mike sentaram onde eu estava para assistirem o vídeo comigo, mais por curiosidade de saber quem era o dono do misterioso pen drive (não acredito que eu disse ''misterioso pen drive''. Eu queria que soasse como um truque de mágica? Idiota) do que qualquer outra coisa. Além disso, se os Winchester conhecessem a pessoa, era mais fácil de devolver. O cara continuou:

- Se estiver vendo isso, significa duas coisas. Um, você é um jumper, o último sobrevivente da Casa Weinsberg . Dois, eu estou escondido ou morto, o que seria uma pena. Vo...

Parei o vídeo. O cara disse ''jumper'', tipo jumper jumper, certo? Eu não estou delirando, né? Olhei para os três, e todos estavam com a mesma reação.

- Se isso é uma mensagem enviada para o último jumper, então... - Diana começou

- Então você não... - Ruby tentou

- Ainda tem jumpers vivos. - finalizei. - Isso é... Uou. Continuo o vídeo? - eles fizeram que sim.

Dei o play

- ...cê não deve reconhecer o nome, porque você foi criado em outra família, mas deve estar familiarizado com a Batalha de Wagner. A teoria da conspiração sobre a Batalha é verdade, o filho do capitão Wagner, Thomas Wagner se apaixonou pela filha do outro capitão, e para Maximilum era inadmissível que um specialis se envolvesse com uma pessoa comum, e como o clima já estava tenso por causa da Guerra Civil Americana, foi o momento perfeito para os specialis atacarem os normais. Nesse meio tempo, Thomas se envolveu com Sarah, a filha do outro capitão, e tiveram um filho. O ponto é, Sarah não tinha poderes, mas não se importava com isso, tanto é que os pombinhos tiveram uma filha, a primeira jumper do mundo. - o cara parou de falar para respirar e teve um ataque de tosse - Quando Maximilum descobriu que era avô, ele caçou o filho e a nora e os matou... Mas não encontrou a neta. Antes de morrerem, eles deixaram a filha com uma família de telepatas, que deveriam proteger a linhagem de jumpers até que estivesse segura. Desde então, os Norman e os Erasers tem caçado os jumpers, por basicamente terem "sujado a linhagem" pura de primos se casando com primos para gerar novos manipuladores de metal. Eu e minha prima somos os últimos descendentes dessa família de telepatas. Meus pais tiveram que enviar minha prima para a família Norman, onde foi criada como Diana Norman e depois te enviamos, e seu nome agora é Jonathan Norman. Tome cuidado com o...

O vídeo tinha acabado e ficamos em silêncio por muito tempo. Diana estava tremendo, e acho que eu também. Ruby cobria a boca com as mãos e Mike tinha um braço em volta da minha irmã. Ficamos lá por mais uns minutos, mas ninguém se importava.

Quando os pais e Jim chegaram, subimos para os quartos em silêncio, Ruby e Mike ficaram em um, e eu e Di em outro.

Estava escurecendo quando Diana decidiu falar pela primeira vez. Ela sentou do meu lado na cama e disse

- Eu vou sentar aqui, até você estar pronto para falar. Você não precisa falar nada até estar preparado, mas... eu não vou a lugar nenhum até você falar.

Então continuamos em silêncio

Jace Norman, o Nihil PropriumOnde histórias criam vida. Descubra agora