CAPÍTULO 16

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Fazia sete dias que Orlando havia desaparecido. Não havia marcas de violência na residência do casal, onde a esposa o viu pela última vez antes de sair para a feira. Não havia testemunhas que pudessem afirmar tê-lo visto na rua. Nada de valor estava faltando. Não havia pedido de resgate. O casal Aguiar tinha muito dinheiro guardado; então, a primeira coisa que se pensou foi em sequestro... Mas não parecia o caso. Os filhos apareceram, mas não ajudaram muito. Não havia o que fazer.

Depois de uma semana sem qualquer sinal, a polícia já sinalizava que esse seria mais um caso sem solução. Não era assim que a senhora Aguiar esperava terminar o casamento. Ela sabia que, cedo ou tarde, um dos dois partiria, mas não desse jeito. Não desaparecendo assim, tragado pela terra ou por sabe-se lá o que.

E ainda estaria vivo? Não havia como saber. Pelo menos, nenhum corpo foi identificado. Orlando era mais velho que a esposa, e já passara dos sessenta. Será que a mente começou a falhar? Estaria ele perdido por aí, sem saber o endereço, sem lembrar nem do próprio nome? Eram tantas perguntas e tantas dores para quem fica...

Alessandra e o marido não foram de muita ajuda para a polícia. Ela não chegou a vê-lo naquele dia, e Danilo tampouco. Os dois foram entrevistados, assim como todos os vizinhos e conhecidos do casal, mas nada significativo surgiu disso. Se Márcia estava perturbada, Alessandra, que lhe dava apoio quase 24 horas por dia, também não estava muito normal, e até se descuidou um pouco de sua faxina compulsiva. Chatos ou não, os Aguiar foram sempre gentis com eles; por isso, ela se sentia na obrigação de ajudar como pudesse.

Para descontrair um pouco da tragédia, Danilo trouxe, naquela quarta-feira, uma novidade que poderia alegrar a esposa.

No próximo sábado ele iria para o Centro de Distribuição, mas não a trabalho.

_Vai ser uma festa de confraternização – ele explicou. – Com todos os funcionários, de todos os turnos, e as esposas estão convidadas!

Alessandra lembrou que ainda não tinha a mínima ideia do que o marido fazia no trabalho. Recordou a conversa com dona Laíza e outras mulheres na festa de boas-vindas. "Centro de Distribuição de quê?", elas perguntaram, e ela não soube responder.

Mas ela deveria saber!

_Você nunca me disse o que faz lá – ela lembrou.

_Acho que já falei sim. Mas devo ter sido exageradamente técnico, talvez, e você acabou esquecendo. Mas eu sou gerente de logística, e o lugar, é exatamente o que o nome diz. Um Centro de Distribuição, e nada além disso.

_Trabalham mulheres lá? – Ela prestou atenção no marido, e viu que ele ficou surpreso com a pergunta. Danilo hesitou. Ela pensou se teria acertado no alvo.

_Por que a pergunta?

_Só queria saber. Ué. Nada demais!

Danilo pensou.

_Tem só uma – respondeu. – É a nossa líder. – Ele sorriu. Segurou os ombros magros da esposa, massageando. – Mas você não tem com que se preocupar. Porque ela é mais velha do que a sua avó seria se estivesse viva.

_Uma mulher é a chefe?

Ele assentiu.

_Qual o nome dela?

Ele sorriu. Depois, beijou-a na boca.

_Você vai saber. Meu amor! Você gostaria de ir?

Ela fez que sim.

_Quero conhecê-la – ela explicou.

_Que ótimo – ele respondeu. – Porque ela também está doida pra te conhecer!

Era a mais pura verdade.


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