CAPÍTULO 33

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Márcia não estava brincando quando disse à amiga que ela e o marido tinham bastante dinheiro guardado. Eles tinham mesmo! Márcia alugou o caminhão Mercedes Benz de um amigo e pagou pela carga de 30 toneladas de sal que despejaram na Mãe quando invadiram o Centro de Distribuição. Ela jamais esqueceria aquela visão.

Depois que arrombaram o portão, não tiveram nenhum problema com os guardas. Eram poucos e nem estavam armados. Eles nunca precisaram de armas, pois sempre contaram com o poder mental da Mãe. Márcia, ou qualquer outro maluco, jamais conseguiria se aproximar da Mãe sem ser percebida e ter seus pensamentos bloqueados. Mas Alessandra era imune.

De algum modo, ela conseguiu proteger a si mesmo, e também à amiga, do controle da Mãe. Elas invadiram o prédio e, enquanto Márcia Tunada manobrava o caminhão, a pequena Alessandra, o corpo ainda magro, com exceção da barriga de três meses, desceu com um machado – um machado! – e cuidou de limpar o caminho pra amiga.

Havia poucas pessoas ali na hora. Provavelmente havia sempre poucas pessoas.

Márcia se surpreendeu quando a amiga revelou a arma que pretendia usar na ação.

_Machado? Tem certeza?

Alessandra respondeu que sim. Ela tinha muita certeza.

_Não queremos fazer mais barulho que o necessário – ela disse. – Nada de tiros!

_Imagino que arrombar um portão de aço, invadir um prédio pelos fundos com um caminhão e destruir uma lesma do tamanho de um ônibus não fará nenhum barulho!

Mas Alessandra sabia do que estava falando. Ela fez tudo certo.


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