Eles moravam numa casa maior agora. Márcia Aguiar e seu marido desaparecido haviam ficado para trás. Alessandra insistira em que precisavam de mais espaço, e especialmente de mais privacidade, para o pequeno que ia chegar. Ele não seria exatamente sociável no começo, mas algumas visitas à Mãe cuidariam disso.
Alessandra pediu para o marido se despir e deitar na cama, ao que ele obedeceu prontamente.
Ela abriu a gaveta do criado mudo e retirou algo, depois virou-se para ele, mantendo o que tinha nas mãos escondido atrás das costas.
_O que é? – ele perguntou, inocente – Uma surpresa?
_É só um doce, meu amor. Um doce para o meu docinho.
_Hum – ele fez.
_Agora, seja bonzinho e feche os olhos.
Danilo não obedeceu. Ficou olhando para ela, desconfiado. Mas não era nada que ela não estivesse preparada para contornar. Mantendo uma mão atrás das costas, com a outra voltou a provocar o membro sensível do marido, e Danilo cedeu de novo. Fechou os olhos obedientemente.
Num passe de mágica, quando voltou a abri-los, seus punhos estavam algemados à armação de metal da cama. Forte ela era, e ágil também.
_O que significa isso? – ele perguntou. Não estava preocupado. Se ela era forte, ele também era. Sua real forma poderia derrubá-la num segundo. Mas não podia fazer isso, podia? Afinal, ela estava grávida.
_Querida. Perguntei o que significa isso. – ele já estava forçando o braço direito para se soltar. Mas antes que a corrente da algema se rompesse, Alessandra apareceu com outro objeto que havia mantido escondido. Era um abridor de boca de metal inoxidável usado por dentistas. Ela enfiou aquilo na boca do marido e abriu tudo, quase estourando sua mandíbula – mas ela sabia que a mandíbula dele era de mentira.
Danilo tentou balbuciar algo, mas não saiu nada que pudesse ser compreendido. Tentou se comunicar telepaticamente com ela, mas viu que não daria tempo.
_Não se preocupe, meu amor – ela disse. – Agora, vou te dar aquele doce. Tente não engasgar.
Ela puxou um balde de plástico com bico que estava embaixo da cama, que geralmente ficava na lavanderia. O balde estava cheio, na borda havia um desentupidor de banheiro e um cano de PVC, uma seção de 10 centímetros de diâmetro por quase 20 de comprimento.
Alessandra enfiou o cano na boca escancarada do marido e começou a despejar sal.

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GULOSEIMAS
Fiksi IlmiahVocê tem nojo de lesmas? Alessandra tem tanto nojo, um pavor patológico, resultado de um trauma de infância, que acredita que essas criaturas inofensivas a perseguem de propósito. Família, marido e amigos já tentaram convencê-la de que isso não fari...