CAPÍTULO 30

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Na rodovia que seguia para o Centro de Distribuição, o policial rodoviário parou um caminhão, um peso pesado, um velho Mercedes Bens de carroceria azul, com uma caçamba de 30 toneladas parcialmente coberta por lona – só o suficiente para que a carga não fosse levada pelo vento.

Era só uma checagem de rotina. O veículo parou conforme indicado e o policial solicitou os documentos – do veículo, do condutor, e da carga.

Ele conferiu os documentos e ficou surpreso. Não havia nome de empresa. Ele comparou o nome do comprador com os nomes nos documentos.

_A carga é de vocês mesmo? – ele perguntou.

Os ocupantes confirmaram.

O policial arqueou uma sobrancelha. Balançou a cabeça, surpreso.

Onde é a festa?, foi tudo o que conseguiu pensar na hora.

Estava tudo certo com os documentos. Mesmo assim, ele disse para esperarem, que precisava perguntar ao comandante se podia liberar a carga. Tinha alguma coisa errada, ele sabia.

Mas a pessoa que dirigia conhecia os macetes. Comentou o horário, e perguntou se ele já havia tomado o café. O policial olhou para os dois ocupantes do veículo e deu uma tossida totalmente fingida.

_Na verdade, como seus documentos estão OK, eu não teria qualquer motivo para não liberá-las. – Disse isso enquanto passeava a mão por dentro da cabine. O maço de notas que foi colocado na mão do guarda daria para muito mais do que alguns cafezinhos.

O oficial levou a mão ao bolso e depois reapareceu com ela, vazia. Desceu os degraus da cabine e disse que o veículo estava liberado.

_E dirijam com cuidado! – acabou falando, sem pensar. Ele se recriminou pelo comentário, mas sabia que era um reflexo machista totalmente inevitável. Esperava que não tivessem ouvido. Mulheres caminhoneiras tem pouca tolerância com essas coisas.

Mas que dupla, ele pensou, enquanto voltava ao posto, a mão apalpando o volume no bolso da calça. E uma delas era exatamente o seu tipo. Coxas grossas. Tá bom que estava pra lá dos 40, quem sabe até dos 50, mas aquele popozão...

Bem mais tarde, na sua casa, quando estava sentado na privada, se aliviando, ele relembrou a cena, e foi só então que pensou:

Engraçado!

O que será que duas mulheres, uma delas grávida, fariam com tanto sal?


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