CAPÍTULO 8

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Poucas pessoas trabalhavam no Centro de Distribuição, e todos se conheciam, por isso, quando chegou à guarita, Danilo não precisou se identificar. O guarda não estava armado, e não havia uma única câmera de vigilância em todo o perímetro. Se houvesse, tinha sempre o risco de as fitas serem solicitadas por alguém, e tudo que acontecia ali dentro era particular e confidencial. Ao longo de todo o muro externo, desenrolavam-se metros e metros de arame farpado percorrido por corrente elétrica de alta voltagem. Apenas isso já era suficiente para afastar os curiosos ou os gatunos ocasionais.

Na verdade, existia outro mecanismo de segurança mais eficiente operando naquele prédio, que impedia qualquer pessoa de se aproximar.

Mesmo assim, certa noite, e Danilo se lembrava bem do ocorrido, dois estudantes aventureiros conseguiram pular o muro, entraram no galpão principal e penetraram na sala das máquinas, onde acabaram vendo mais do que deviam. Nessa noite, o mecanismo de segurança não funcionou de propósito. Eles queriam mesmo atrair alguns curiosos, e importantes experiências foram feitas com o material coletado.

Os garotos não voltaram para casa naquela noite, nem nas outras depois.

Se estavam procurando aventura, eles encontraram uma bem grande.

Danilo cumprimentou alguns amigos de longa data e lhes perguntou sobre suas esposas. Estavam todas grávidas, ele sabia. Faltava apenas Alessandra. Mas ele, com seus próprios dons, ainda não havia conseguido prepará-la. Por mais que tentasse, ele não tinha poder suficiente para isso. Sabia que precisava de ajuda.

Danilo contornou a grande máquina, uma prensa de jornal sucateada que na verdade não servia para nada, e encontrou o líder ali, trabalhando.

Que visão magnífica para ele, acostumado a caminhar entre seres estúpidos que se consideravam senhores de tudo, e que pensavam que sabiam de tudo.

Danilo acabou sorrindo, porque era bom estar em casa.

Ele olhou para cima, bem para cima mesmo, onde estava a cabeça dela. Sabia que seria repreendido pela atitude infantil, mas, sentia-se tão bem, que falou:

_Um bom dia para você... Mãe!


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