Yasmim
Acordei com uma dor de cabeça insuportável. Lembro de ter acordado várias vezes gritando, era só eu cair no sono que tinha pesadelos. O último foi um homem incapuzado entrando no quarto, matando Taylor e em seguida me sufocando com o travesseiro. Aquilo na biblioteca era demais para mim, senti tanto medo, aquelas palavras. Eu tenho plena consciência que estou em perigo, e o pior é que poderia evitar muita coisa se tivesse contado ao FBI.
Não sei se estou preocupada com meu pai, que além dos crimes financeiros que ele comete, agora pode morrer por minha causa...
- Bom dia- falou Taylor saindo do banheiro com o cabelo molhado e sem camisa.
Odeio ter que concordar, mas agora preciso dele. Preciso dele para viver, o que atrapalha meu processo de superação. Toda vez que o encaro, um nó na garganta se forma e a vontade de sair correndo sem olhar para trás me pertuba.
- Esse dia não vai ser bom. Nós sabemos disso.- respondi levantando sem manter contato visual.
- Eu sinto muito, mas vou precisar passar 24 horas ao seu lado. Você já deveria imaginar.- ele falou indo para minha frente.
- Temos que avisar o papai do que está acontecendo -falei tentando mudar de assunto.
- Seu pai está seguro, sereal killers são extremamente metódicos. Não pularão a ordem, seria primeiro você, depois alguém próximo, no caso seu pai. Contar à ele vai piorar a situação, tio Paul vai querer vir aqui, atrapalhar a investigação... melhor não. Vou achar o assassino, vou dar um jeito nisso.- ele falou certo de si.
- Tudo bem.- respondi e saí do quarto. Precisava tomar um banho e afastar a imagem de ontem da minha cabeça. Aquelas palavras de ameaça repetiam de forma musical na minha mente.
Terminei o banho, coloquei uma calça jeans e uma blusa preta, calcei um tênis. Preciso ir à Universidade. Meu trabalho vai ser apresentado amanhã, e faltei os últimos dias.
Desci as escadas e avistei Taylor conversando com Harry, dei bom dia e segui para a cozinha.
- Yasmim, preciso de você -ele falou simplesmente, e agora todos os agentes que fazem parte da minha casa estavam nos olhando.
- Preciso ir para aula, pode ser na volta? - falei tentando parecer calma
- Infelizmente não, preciso do seu depoimento quanto a vida a partir da arte. Eu posso entrar em contato com a Universidade, ou ir lá pessoalmente mais tarde.
- Tudo bem- respondi pegando a xícara de café, e segui para o escritório.
- Gostaria de saber quando você começou a pintar.- ele perguntou após ligar o gravador.
- Eu tinha cerca de seis anos, quando ganhei a chave do quarto da minha mãe. Na verdade, falar o nome dela ou ter uma foto dela é um pecado nessa casa. Meu pai odeia qualquer referência à ela, então frequentar o quarto que ele trancou e proibiu a entrada foi algo essencialmente divertido para uma criança.
- Como assim ganhou a chave?
- Bom, ouvi ele conversando com uma das empregadas para limpar o quarto e jogar fora tudo que havia nele. Então passei dias seguindo a moça, na esperança de impedir que ela fizesse isso. Eu não sabia exatamente o motivo do papai estar fazendo isso, até hoje não entendo, parecia que ele odiava tanto ela que afasta-la de nós seria a única saída.- parei, respirei fundo e Taylor me encarou com certa pena - Bom, um dia qualquer, mais um dos muitos dias que eu ficava sentada na escada olhando se a moça da limpeza subiria, finalmente a avistei subindo as escadas, corri para o meu quarto e fingi dormir. Ela entrou, me olhou, e saiu. Segundos depois corri para o corredor, a porta estava aberta. O quarto da minha mãe estava aberto. Não pensei muito, entrei correndo. Implorei para ela não dar fim nos quadros nem nas tintas. Michael ouviu a confusão, subiu e pediu a mesma coisa que eu. Então mantivemos esse segredo, sabíamos que o papai não pisaria lá, então nunca descobriria.
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Paixão Quase Perfeita
RomanceDurante o casamento de sua melhor amiga, o advogado Taylor Hadfield recebe uma proposta irrecusável. Irrecusável não pelo fato de ser boa ou tentadora, mas sim por ser uma resposta de gratidão ao homem que teve um papel paterno em sua vida. Paul Sh...