Taylor
- Não acredito - sussurrou meu pai - Laura? É você? - questionou perplexo.
- Olá, querido Hadfield.- ela disse saltitando em nossa direção - Não creio que esse é o pequeno Taylor. Lembro-me dele tomando banho de chuva no nosso jardim.
Laura veio em minha direção e abraçou-me como se fôssemos amigos de longa data. Ela usava uma espécie de camisola Branca, que sob sua pele alva dava a impressão de nudez. A única coisa destacável eram os olhos azuis, tão claros quanto os de Yasmim.
- Cadê a Yasmim? - questionei firme
- Ela está bem, vou salvá-lá - Laura disse articulando as mãos freneticamente, parecia um pouco atordoada e incomodada com a quantidade de luz que havia na sala - Tragam-me o maldito! - de repente gritou.
Bryan que antes estava ao nosso lado, agora subia as escadas em busca do tal maldito, que a essa altura do campeonato eu torcia para ser o assassino, porém está mais para o tio Paul, haja vista a relação complicada que deveriam ter tido para que ele quisesse excluir essa mulher de sua casa, de sua vida. Espera! Será que a morte de Laura foi forjada por Paul? Isso é bem possível se julgar o fato dela estar viva e recém chegada de um asilo, apesar de ser razoavelmente jovem.
- Sentem-se - ela pediu apontando para o sofá.
Papai me olhou esperando que eu seguisse para o sofá, entretanto me mantive parado.
- Então fiquem em pé, sem problemas, mas esses pés vão doer, porque isso aqui demorará bastante.
Tio Paul apareceu nos últimos degraus, ele estava totalmente abatido. Olhos inchados, alguns ferimentos no rosto, e trajes imundos. Meu pai deu um passo a frente, mas segurei sua mão e apertei. Infelizmente não sabemos com o que estamos lidando. Não sabemos se isso trata-se do possível assassinato de Yasmim, ou de um acerto de contas devido brigas do passado. Óbvio que a segunda opçao seria bem mais conveniente, assim Yasmim não correria o risco de morrer, a não ser se for uma morte por ataque cardíaco devido ao retorno da mãe que até então estava morta.
- Seu maldito! Conte à eles o que você fez comigo! Conte!- ela falou com uma calma estranhamente forçada.
- Com você não fiz nada, mas já pela minha filha fiz muito. Consegui impedir que ela vivesse contigo - Paul falou ríspido.
- Impediu que uma mãe visse sua filha crescer! Você é um monstro! Me mandou para aquele maldito lugar!
- Você é maluca, tentou matar sua filha porque dizia que ela que havia matado aquele vagabundo! Não te mandei para lugar nenhum, eu te coloquei para se tratar. Tratar tua esquizofrenia.
- Se eu sou maluca, você é mais. Por que se casou comigo se sabia que eu era doente? Para de mentir! Nunca fui diagnosticada com esquizofrenia.
- Claro que foi! Eu que comprava seus remédios. Conheci você na farmácia, disso tu tens que lembrar!!! Você é doente! Totalmente pertubada! Tentou matar sua filha varias vezes!- ele falou e olhou para seu mordomo que continuava de cabeça baixa no canto da sala - Estou mentindo Michael?
- Não envolva terceiros na nossa discussão - ela pediu mais calma.
- Se quisesse falar a sós me chamava para um café! Você montou seu circo, e precisa de um palhaço.
Ele olhou para mim como se implorasse para eu tirar sua filha desse lugar. Percebi que o Bryan não estava mais entre nós, provavelmente havia subido as escadas.
Há uma possibilidade de eu conseguir pegar Yasmim, mas Laura precisa ficar muito atordoada, a ponto de perder a consciência. Meu pai pode ajudar.
- Tenho um plano. Apenas apoie Paul, assim Laura perderá o controle e eu irei atrás de Yasmim.- sussurrei e ele concordou com a cabeça.
- Laura, você sempre traiu meu amigo, mas nem por isso ele te colocou no olho da rua, onde tu merecia estar.- papai falou andando para perto dela.
- Não se meta, meu assunto é com esse monstro aqui!
- Aceite a verdade, você nunca quis saber da família. Em primeiro lugar era aquelas pinturas idiotas, depois vinha seu amante aproveitador. Onde estava sua filha e o cara que te acolheu?
- Seu idiota!- ela gritou.
- Você é uma doente!- ele disse.
Laura sentou no chão e começou a se contorcer.
- Eles estão vindo, depois não reclama quando te enforcarem!- ela disse e começou a riscar o piso com um grampo de cabelo. Parecia pintar algo.
Corri pela escada, e dei de cara com Bryan, ele me olhou a virou de costas, como se estivesse permitindo minha presença. Parou frente ao quarto de Yasmim, virou mais uma vez para mim e depois seguiu ao final do corredor, onde alguns homens falavam.
Agora eu não conseguia distinguir o que era o que. Ainda pouco mandou eu calar a boca porque perguntei por Yasmim, agora deixou eu entrar no quarto dela sem mais nem menos. Há algo muito errado aqui.
Entrei no quarto, e antes de olhar em volta, tranquei. Não queria ser surpreendido. Mas sim, quando atentei o olhar, ela estava lá! Deitada na cama, provavelmente sedada.
Seu rosto estava molhado, deve ter chorado, gritado e por esse motivo a doparam. Coloquei seu rosto nas minhas mãos e nesse momento, quando senti sua respiração, suspirei aliviado. Ela estava viva! Levantei sua blusa para verificar se havia sinais de violência, felizmente não.
Entrei no banheiro, peguei um vidro de álcool em gel e dei para ela cheirar. Acordou um pouco fraca, talvez sua visão estivesse turva e por isso não me reconheceu.
- Não encosta em mim! O que você fez com ele? Diz que não matou o Taylor- ela ja estava chorando.
Encostei a mão no seu rosto e ela afastou, enterrando o rosto no travesseiro, talvez para evitar inalar novamente o sedativo.
- Yasmim, sou eu, Taylor. Calma, vou te tirar daqui e nunca mais te largar. Se você tivesse ideia do quanto temi perder você.
Ela levantou o rosto vagarosamente, com os olhos ainda pesados. Passou a mão no meu rosto e me puxou para um abraço.
- Estava com tanto medo, ele me pegou tão de repente.
- Te machucaram?- perguntei e ela continuou calada - Yasmim, te machucaram?
- Não, eu tô aqui, não estou?
Conduzi minha pequena até o banheiro para que ele lavasse o rosto para acordar melhor e poder andar sem ajuda.
Abri sua gaveta e lá havia uma caixa de sapato cheia de jóias, e em baixo disso estava um revólver.
- Por que minhas joias estão aí?
- Porque não é seguro deixar tuas coisas expostas, então eu fiz isso, e como você não usa suas coisas, nem notou. Mas o que me surpreende é o fato de não ter perguntado o que um revólver faz nas tuas coisas.
- Obviamente você colocou.
Sorri para ela, e abri a cortina vagarosamente para ver se havia como sair. Não havia, estava cheio de ex agentes no jardim.
- Olha pra mim, talvez você precise do máximo autocontrole agora. Terás o pior caso psicológico da tua carreira!
- Como assim?
- Tua mae não morreu. Tá lá em baixo, mas ela não é quem você pensa. Ela é esquizofrênica e sequestrou você e seu pai. Mas também parece que ele era doente por ela... tá confuso, mas o fato de você estar viva ja é meio caminho andado.- falei o mais rápido que consegui, talvez eu só queira que ela não entenda nada. Não quero que surte ou sei lá o que.
- Taylor, não tô entendendo nada. Não to bem. Tô tonta. Acho que vou vomitar.
- Se eu fosse você guardava isso lá para reunião em família, seria mais dramático e possibilitaria nossa fuga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Paixão Quase Perfeita
RomanceDurante o casamento de sua melhor amiga, o advogado Taylor Hadfield recebe uma proposta irrecusável. Irrecusável não pelo fato de ser boa ou tentadora, mas sim por ser uma resposta de gratidão ao homem que teve um papel paterno em sua vida. Paul Sh...