Capítulo 31

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Taylor

Quando incentivei o desgraçado do tal de Adam a atirar, foi com a convicta certeza que ele não o faria. Visivelmente dá para saber quem é quem nesse plano insano. Laura é doente, não poderia ser a assassina, digo, ela não tem capacidade para executar alguém, talvez tenha feito em tempos onde ainda conseguia obter discernimento graças aos remédios controlados. Já Bryan... essa é a parte interessante, traçar o perfil psicológico dele em poucos minutos foi extremamente trabalhoso, pois, ele não é quem vemos aqui. Esse cara tem um laço de amor muito forte com a filha, e ousaria dizer que com a irmã também, haja vista que ele fez absolutamente de tudo para mantê-la segura, inclusive permitiu minha entrada naquele quarto.

Adam é a parte chave de todos os crimes, ele quem planeja, e mata. Por isso que não o fará essa noite, não a Yasmim. Todo matador em série, configurado psicopata necessita seguir uma ordem obrigatória, ja que isso desperta o prazer do assassinar. Dessa forma, aquela arma em sua mão não vai servir para absolutamente nada, ele precisará entregar ao irmão para poder se aproximar de Yasmim e praticar a asfixia. O que não dará certo nem durante nem após, porque depois de mata-la ele precisará de tempo para limpar, cortar a orelha e despir o cadáver.

Tempo esse impossível de obter, uma vez que o FBI está chegando, senão já está lá fora. Os irmãos trabalhavam para o governo, com total convicção estudaram as câmeras e escutas dessa casa e as desativaram ou burlaram, entretanto eu nunca pertenci de fato àquela porcaria. Eu instalei meus próprios mecanismos de proteção. Dá para perceber um abaixo da escada, uma câmera.

Olhei para o início da escada e os dois homens que desceram antes dos gêmeos estavam observando a tudo atentamente, mas em nenhum segundo tiravam suas atenções de mim. Sou eu que eles querem.

- Vão, façam o combinado- Adam disse calmamente para os dois, que por sua vez seguiram para o escritório.

Talvez eles tivessem ido avisar aos outros que já poderiam intervir para me levar.

Olhei em volta, Laura rodava em volta da mesa falando sozinha e gesticulando para o teto. Meu pai segurava tio Paul, que estava visualmente péssimo, seja pela angústia advinda da situação e filha, seja da carência nutricional causada pela falta de alimento. Ele deve estar preso há no mínimo três dias.

- Bryan, segura esse revólver e aponta para a cabeça do espertinho alí, vamos esperar Joe e Philip voltarem para levá-lo para seus chefes, e então Yasmim é nossa- Adam falou olhando para mim, e em seguida entregou a arma para o irmão.

- Achava interessante deixar ele sofrer, e viver com o trauma do que o egoísmo dele provocou- Bryan disse, parece estar planejando algo, pois é burrice me deixar aqui.

- Ele nem vai ficar vivo, tu achas mesmo que aquele chefão vai deixar esse babaca vivo? Mas até gostei da ideia, so mantém ele calado para não me atrapalhar.

Adam começou a ir em direção à Yasmim, ela me olhava apreensiva. Seus olhos estavam minúsculos devido ao choro excessivo. Estava em choque, sua saúde mental precisava de ajuda. Um ódio tão grande de vê-la assim tomou conta de mim, comecei a respirar fundo e tentar me controlar para não estragar tudo e acabar virando o assassino.

- Adam, não faça isso! Não precisamos mata-la sem dar a chance de conhecê-la.

- Não sei quantas vezes você comeu essa putinha, depois o doente sou eu, mas depois de tudo que nossa mãe fez para nos tornar agentes, vamos simplesmente ignorar a morte mais esperada porque você está com peninha? Lembre- se, é matar para libertar.

- Nossa mãe é doente, você acha que as coisas que ela contou são verdades, so para pra pensar nisso! Nossas vidas vão acabar uma hora outra, fizemos muitas coisas ruins, essa não precisa ser mais uma.

- Essa só é mais uma - Adam falou e se ajoelhou em frente à Yasmim, empurrando-a para que deitasse no chão, em seguida colocou suas penas entre o corpo da irmã, de forma que ela não pudesse se mexer- Tão linda- aproximou o seu rosto do dela, por um segundo achei que ele fosse beija-la- Tão cheirosa, agora sei porque meu irmão caiu de quatro por você.

Yasmim tremia, e sussurrava um "para, por favor" um vez ou outra.

- Larga ela! Sai agora de cima dela!- Bryan mandou, e apontou a arma para o irmão- Vou atirar!

Eu percebi que Adam havia ignorado a ordem de Bryan, então eu levantei sem me preocupar com o revólver. Tirei o babaca pela camisa de cima de Yasmim. Empurrei para perto do irmão. Levantei Yasmim do chão e a coloquei atrás de mim.

- Se você der mais um passo eu atiro, e não estou falando com o Taylor- Bryan falou para o irmão que estava de costas para ele.

De repente Adam virou e bateu na arma do irmão, que por sua vez caiu no chão. Então eles começaram a se socar. Olhei para o lado, e Laura agora estava sentada no chão gritando, sem pensar muito, peguei um vaso de cima da mesa e taquei na cabeça da mulher, que desmaiou na hora, assim espero.

Minha atenção estava dobrada, me senti como nas missões de alto risco. E era. Acho que perder Yasmim seria o maior risco que já vivenciei.

Avistei a maçaneta do escritório girando, com certeza eram os caras voltando, então virei o bar ao lado da porta bem na hora que eles passaram. Era vidro para tudo quanto era lado.

Voltei o olhar para a briga, e Adam havia conseguido o revólver. Ele apontou para Yasmim, mas voltou para o irmão e sem muita cerimônia atirou. Bryan caiu ao chão, e bem no fundo percebi Johnny, Harry e Vivian invadindo com mais agentes.

Com toda certeza eles estavam dando um jeito nos traidores lá fora, por isso demoraram, no entanto, os seguranças do papai também devem ter ajudado de alguma forma.

Eles mobilizaram Adam, enquanto alguns homens de branco prestavam socorro ao Bryan.

- Yasmim, me perdoa por favor- ele pediu com dificuldade e ela se arrastou até ele em prantos. Não conseguia dizer nada.

- Você vai sair dessa e conquistar o perdão dela- falei e ele sorriu fraco.

- Se alguma coisa acontecer, olha pela minha filha. Amo ela.- ele disse e fechou os olhos, aparentemente com muita dor, afinal o tiro havia sido na região abdominal- Amo você!

- Também te amo - ela conseguiu dizer antes que o levassem.

Outros médicos vieram prestar ajuda ao Tio Paul, e à Yasmim, pois esta havia inalado algumas substâncias.

Enquanto o atendimento acontecia, Johnny e Vivian se aproximaram.

- Não lembrava o quão irresponsável você era- ele falou e eu sorri, encarei o chão e olhei novamente para ele.

- E sua responsabilidade maximizada não combina com a negligência relacionada aos seus funcionários, que boicotaram todo caso. Deixa essa picuinha para o tribunal.

- Claro, afinal você cometeu crime federal. Vai precisar de sorte- disse Vivian

- Se sorte for o apelido de Alice. Sim precisarei. Aliás, negligência a honra do Governo não me parece um crime brando.

Saí de perto, e fui atrás a ambulância que Yasmim, papai e tio Paul estavam, não foi difícil, so havia essa lá. Deveria haver outra mas já levaram Bryan, e Laura desmaiada.

Entrei e sentei ao lado dela, que me abraçou fortemente durante alguns minutos, sim, minutos.

- Muito obrigada.

- Agradece nunca mais saindo do meu campo de visão- eu disse ela fechou a expressão

- Não posso prometer isso- ela sussurrou para mim, e virou para o pai- Não quero mais tarde, amanhã, ou quando você ficar bem. Quero agora. Quero saber de tudo que foi omitido para mim durante toda a minha vida.

Paul olhou para mim e para papai incomodado.

- Filha, essa conversa precisa ser so entre nós dois.

- Não me faça rir, eles arriscaram suas vidas por nós, o mínimo que merecem é entender a verdade.

Pelo visto ela estava odiando o pai, provavelmente o culpa por tudo. Mas confesso, quero uma explicação menos insana que a de Laura.

Paixão Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora