Yasmim
Estava sentada na mesa mais escondida possível. Peguei três livros sobre Van Gogh e abri meu notebook para passar as fotos do meu celular.- Ou você tem bom gosto, ou algum trabalho de escola te induz à isso. Se for a segunda opção, seu professor merece uma recompensa.- falou um homem com voz desconhecida.
Olhei para cima, e olhos azuis mais claros que os meus me encaravam. Era um homem de aproximadamente 24 anos, tinha cabelo bagunçado e sorria de canto com ar de sabedoria.
- Deixo você dar um beijo no meu professor, mas apenas porque ele está com um humor do inferno nessas últimas semanas.- falei e ele sorriu ainda mais - Só peguei esses livros porque gostaria de conhecer mais sobre esse pintor e sua esquizofrenia, porém, o que eu deveria estar fazendo é meu trabalho da faculdade, mas não sei bem por onde começar.
- Sobre o que? Aliás, me chamo Bryan- ele falou passando a mão na barba mal feita.
- Me chamo Yasmim. O trabalho é sobre mães que não amam seus filhos.
Não poderia dizer nada sobre os crimes.- Deixa eu advinhar, você estuda na área da fumaça da Universidade. Psicologia?
- Sim. Mas só fumamos de segunda à sexta- brinquei
- Olha, não temos nenhum livro científico aqui sobre relatos ou até mesmo pesquisa. O máximo que você pode encontrar são romances que abordam essa trama.- ele explicou apontando para a prateleira no final do corredor.
Mas é óbvio! Ele trabalha aqui! Jamais estaria investindo em mim. Agora percebi o crachá, pois estava ocupada demais naquele sorriso.
- E agora? Será que você poderia verificar alguma biblioteca da região que tenha algum livro à esse respeito?
- Claro, mas talvez eu possa ajudar. Moro há dois quarteirões de um asilo, e acredite, lá tem muitas senhoras que odeiam seus filhos devido ao abandono.- Bryan falou olhando para os lados e sentando na cadeira a minha direita.
- Nossa, isso seria muito interessante! Quando posso voltar para pegar os relatos ou gravações? Só se você puder, é claro.
- Será um sacrifício passar um domingo ouvindo lamentação mas eu posso te entregar uma parte segunda feira, e vou entregando o resto durante o mês. Para ser sincero vou enrolar o que eu puder para te fazer voltar.
- Não precisa enrolar. Eu vou voltar - respondi um pouco envergonhada - Mas me conta sua experiência trabalhando em uma biblioteca. Eu ja teria lido tudo que tem aqui.
- Eu faço isso- ele susurrou olhando para os lados - Menos as prateleiras de bordados e crochê, não sei o motivo de haver isso aqui.
Rimos abafando com a mão. Ele é tão divertido que falamos sobre coisas banais sem ver o tempo passar. Olhei para o relógio e faltava dez minutos para Taylor chegar.
- Preciso ir, Bryan- falei empurrando tudo na minha bolsa - Não querendo abusar da sua boa vontade, mas será que poderia devolver esses livros, meu...- o que Taylor é para mim? - Meu motorista está vindo me buscar.
- Pensei que você quisesse matar sua curiosidade sobre Van Gogh.
- Você não quer me ter como companhia? Segundo Freud, se você tem o conhecimento, divida-o. - ele franziu a testa- Não foi ele quem disse isso, mas preciso configurar autoria para te convencer a me contar tudo que já leu sobre Van Gogh.
Levantei, dei um aceno com a mão esquerda e saí quase correndo. Cheguei ma Universidade ofegante, e cinco minutos depois ele buzinou.
- Você tem algo muito importante essa tarde? - Taylor perguntou assim que entrei no carro
- Quero apenas chegar em casa.- respondi seca
Odeio ficar com raiva dele, mas é impossível. Ele me deixa maluca com essa inconstância, queria lhe entender e quem sabe compreender o por quê disso tudo. Uma hora ele deixa evidente o quanto me deseja, e minutos depois enxergo culpa em seu olhar.
- Mas não vai, precisamos conversar. Vou te levar para almoçar em um restaurante afastado da cidade. Acho que vais gostar.
Não respondi, apenas aumentei o som. Estava tocando Close do Nick Jonas, sorri internamente, pois essa letra era um tapa na cara do idiota ao meu lado, e não tinha como negar, essa música é tudo que eu gostaria de dizer ao Taylor.
Ele consegue me levar aos extremos, eu quero o odiar, no entanto, odeio não conseguir. Basta um olhar safado, que eu não repondo por mim. Alguma coisa nele me faz querer cair de cabeça nisso.
Fechei os olhos, joguei a cabeça para trás e suspirei.
*************
TaylorFui muito idiota com Yasmim mais cedo, mesmo ela merecendo. Se alguém daquela casa descobre que passei a noite com ela, sem dúvida seu pai vai saber. Não quero perder a confiança da única referência paterna que tenho, porém, não aguento mais! Preciso ter essa menina, quem sabe assim essa obsessão passa de vez.
Chegamos ao meu restaurante favorito. Ele é de frente para um lago, o qual me passa a tranquilidade que a vida no FBI tira.
- Que lindo - ela falou encantada
- Deixa você provar a comida - comentei.
Sentamos em uma mesa próximo ao imenso vidro que permitia a visão que eu tanto gostava.
- Não foi minha intenção te deixar chateada, mas não quero e não vou trair a confiança do seu pai - falei e ela me encarou.
- Ok. Só não entendo porque ainda insiste em manter uma boa relação comigo. Eu já sei que meu pai é importante demais, então apenas me manter segura o faria feliz e por consequência isso seria o necessário para você .
- Errada. Acredite, eu já tentei, mas preciso te ter. Essa é a verdade, não paro de pensar no que eu poderia ter feito naquele banheiro ou no quarto ontem a noite.
- Então você quer transar?
- Não seja tão objetiva, assim parece que eu sou um babaca.
- Se você quer transar nós vamos transar. Simples- ela declarou sem mais nem menos.
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Paixão Quase Perfeita
Roman d'amourDurante o casamento de sua melhor amiga, o advogado Taylor Hadfield recebe uma proposta irrecusável. Irrecusável não pelo fato de ser boa ou tentadora, mas sim por ser uma resposta de gratidão ao homem que teve um papel paterno em sua vida. Paul Sh...