Capítulo 10

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Yasmim

Estava sentada na mesa mais escondida possível. Peguei três livros sobre Van Gogh  e abri meu notebook para passar as fotos do meu celular.

- Ou você tem bom gosto, ou algum trabalho de escola te induz à isso. Se for a segunda opção, seu professor merece uma recompensa.- falou um homem com voz desconhecida.

Olhei para cima, e olhos azuis mais claros que os meus me encaravam. Era um homem de aproximadamente 24 anos, tinha cabelo bagunçado e sorria de canto com ar de sabedoria.

- Deixo você dar um beijo no meu professor, mas apenas porque ele está com um humor do inferno nessas últimas semanas.- falei e ele sorriu ainda mais - Só peguei esses livros porque gostaria de conhecer mais sobre esse pintor e sua esquizofrenia, porém, o que eu deveria estar fazendo é meu trabalho da faculdade, mas não sei bem por onde começar.

- Sobre o que? Aliás, me chamo Bryan- ele falou passando a mão na barba mal feita.

- Me chamo Yasmim. O trabalho é sobre mães que não amam seus filhos.

Não poderia dizer nada sobre os crimes.

- Deixa eu advinhar, você estuda na área da fumaça da Universidade. Psicologia?

- Sim. Mas só fumamos de segunda à sexta- brinquei

- Olha, não temos nenhum livro científico aqui sobre relatos ou até mesmo pesquisa. O máximo que você pode encontrar são romances que abordam essa trama.- ele explicou apontando para a prateleira no final do corredor.

Mas é óbvio! Ele trabalha aqui! Jamais estaria investindo em mim. Agora percebi o crachá, pois estava ocupada demais naquele sorriso.

- E agora? Será que você poderia verificar alguma biblioteca da região que tenha algum livro à esse respeito?

- Claro, mas talvez eu possa ajudar. Moro há dois quarteirões de um asilo, e acredite, lá tem muitas senhoras que odeiam seus filhos devido ao abandono.- Bryan falou olhando para os lados e sentando na cadeira a minha direita.

- Nossa, isso seria muito interessante! Quando posso voltar para pegar os relatos ou gravações? Só se você puder, é claro.

- Será um sacrifício passar um domingo ouvindo lamentação mas eu posso te entregar uma parte segunda feira, e vou entregando o resto durante o mês. Para ser sincero vou enrolar o que eu puder para te fazer voltar.

- Não precisa enrolar. Eu vou voltar - respondi um pouco envergonhada - Mas me conta sua experiência trabalhando em uma biblioteca. Eu ja teria lido tudo que tem aqui.

- Eu faço isso- ele susurrou olhando para os lados - Menos as prateleiras de bordados e crochê, não sei o motivo de haver isso aqui.

Rimos abafando com a mão. Ele é tão divertido que falamos sobre coisas banais sem ver o tempo passar. Olhei para o relógio e faltava dez minutos para Taylor chegar.

- Preciso ir, Bryan- falei empurrando tudo na minha bolsa - Não querendo abusar da sua boa vontade, mas será que poderia devolver esses livros, meu...- o que Taylor é para mim? - Meu motorista está vindo me buscar.

- Pensei que você quisesse matar sua curiosidade sobre Van Gogh.

- Você não quer me ter como companhia? Segundo Freud, se você tem o conhecimento, divida-o. - ele franziu a testa- Não foi ele quem disse isso, mas preciso configurar autoria para te convencer a me contar tudo que já leu sobre Van Gogh.

Levantei, dei um aceno com a mão esquerda e saí quase correndo. Cheguei ma Universidade ofegante, e cinco minutos depois ele buzinou.

- Você tem algo muito importante essa tarde? - Taylor perguntou assim que entrei no carro

- Quero apenas chegar em casa.- respondi seca

Odeio ficar com raiva dele, mas é impossível. Ele me deixa maluca com essa inconstância, queria lhe entender e quem sabe compreender o por quê disso tudo. Uma hora ele deixa evidente o quanto me deseja, e minutos depois enxergo culpa em seu olhar.

- Mas não vai, precisamos conversar. Vou te levar para almoçar em um restaurante afastado da cidade. Acho que vais gostar.

Não respondi, apenas aumentei o som. Estava tocando Close do Nick Jonas, sorri internamente, pois essa letra era um tapa na cara do idiota ao meu lado, e não tinha como negar, essa música é tudo que eu gostaria de dizer ao Taylor.

Ele consegue me levar aos extremos, eu quero o odiar, no entanto, odeio não conseguir. Basta um olhar safado, que eu não repondo por mim. Alguma coisa nele me faz querer cair de cabeça nisso.

Fechei os olhos, joguei a cabeça para trás e suspirei.

*************
Taylor

Fui muito idiota com Yasmim mais cedo, mesmo ela merecendo. Se alguém daquela casa descobre que passei a noite com ela, sem dúvida seu pai vai saber. Não quero perder a confiança da única referência paterna que tenho, porém, não aguento mais! Preciso ter essa menina, quem sabe assim essa obsessão passa de vez.

Chegamos ao meu restaurante favorito. Ele é de frente para um lago, o qual me passa a tranquilidade que a vida no FBI tira.

- Que lindo - ela falou encantada

- Deixa você provar a comida - comentei.

Sentamos em uma mesa próximo ao imenso vidro que permitia a visão que eu tanto gostava.

- Não foi minha intenção te deixar chateada, mas não quero e não vou trair a confiança do seu pai - falei e ela me encarou.

- Ok. Só não entendo porque ainda insiste em manter uma boa relação comigo. Eu já sei que meu pai é importante demais, então apenas me manter segura o faria feliz e por consequência isso seria o necessário para você .

- Errada. Acredite, eu já tentei, mas preciso te ter. Essa é a verdade, não paro de pensar no que eu poderia ter feito naquele banheiro ou no quarto ontem a noite.

- Então você quer transar?

- Não seja tão objetiva, assim parece que eu sou um babaca.

- Se você quer transar nós vamos transar. Simples- ela declarou sem mais nem menos.

Paixão Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora