Capitulo 27

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O empurro com o resto da força que tenho e ele não diz nada, apenas me encara

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O empurro com o resto da força que tenho e ele não diz nada, apenas me encara. E para ser sincera me sinto cansada. Cansada do rumo que as coisas estão indo e principalmente desse jeito grosso e antiquado dele. Pois mesmo nesse pequeno período de tempo em que estamos fingindo tudo isso, queria imaginar que ele poderia me tratar melhor, mas vejo que ainda não entrei na lista de confiança dele.

Respirando fundo e com os olhos fechados sinto outra lagrima traidora escorrer pelo meu rosto. O encaro e agora ele está sentado encarando algum ponto fixo em sua frente. Falo que estou sem fome e sem mais nenhuma palavra me dirijo para o quarto. Entro e fecho a porta me jogando na grande e bonita cama. E sem nenhuma vergonha por ele está ouvindo, me permito a chorar pela primeira vez desde a morte do meu pai.

Nunca pensei que poderia chorar por alguém e esse alguém fosse o William. Isso é tão surreal, essa coisa de fingir namorar alguém e todos esses sentimentos que chegaram tão avassaladores que eu nem sei como controlar.

No meio do meu choro lembro-me de uma vez em que cheguei em casa depois da escola. Isso nos tempos de ensino médio. Estava gostando de um garoto da minha classe e simplesmente cheguei e fui passando direto para o meu quarto. Meu pai estranhando o comportamento bateu na porta e perguntou se estava tudo bem, eu por outro lado não consegui disfarça minha expressão e ele veio conversar comigo.

– Tudo bem com você? – perguntou sentando em meu lado na cama.

– Claro pai – tento dar o melhor sorriso que consigo, mas só o que ele faz é levantar uma sobrancelha indicando que não caiu na minha mentira.

– Não é o que seu rosto deixa transparecer.

– Acho que estou amando alguém.

Joguei assim, sem mais nem menos minha confissão. Meu pai por outro lado estava surpreso, mas depois sua expressão suavizou-se e no lugar da surpresa brotou um sorriso em sua face. Eu não entendia o que aquilo significava e fiquei mais confusa do que eu já estava.

– É alguém da escola? – confirmo balançando a cabeça e ele suspira ao meu lado.

– Como você sabe que ama essa pessoa? – me pergunta sério e eu paro um pouco pensando em uma resposta.

O nome dele era David, sempre sentava ao meu lado e ficávamos conversando sobre tudo e qualquer coisa que vinha em mente. Eu amava o jeito que ele me fazia sorrir, o jeito em que ele passava os dedos arrumando algo que pudesse bagunçar seu belo cabelo castanho. Seus olhos eram de um verde lindo e eu sempre falava que eram as esmeraldas mais lindas que eu já tinha visto em toda a vida. Falei detalhadamente ao meu pai como ele era e todos os adjetivos possíveis que existia na face da terra.

Contei também que tínhamos virado amigos e que no dia em que ia me declarar, ele me puxou para um canto da sala e disse que estava gostando de uma pessoa. Toda boba pensando que seria eu a tal pessoa, quase cai quando ele disse que era Melanie, uma garota do grupo das patricinhas da escola.

– Lauren filha, você não ama esse tal de David. Você apenas gosta do jeito que ele lhe trata. Da sensação de bem estar que você tem com ele, isso é apenas carinho meu bem – disse com os braços ao redor dos meus ombros.

– Como você percebeu que estava amando a mamãe? – respirou fundo e olhou pra algum lugar do quarto como se estivesse se lembrando do passado.

– Apenas percebi, e acredite ou não, aconteceu um dia de eu ter chorado por ela – vejo um sorriso sem graça brotar em seu lábios.

– Chorar? – perguntei muito confusa.

– Eu tentava de todo jeito reprimir o que eu sentia por sua mãe, até que a vi com outro e simplesmente voltei pra casa amaldiçoando-a das piores coisas possíveis – seu sorriso se alargou e ele continuou a falar – resumindo, cheguei em casa e só o que consegui fazer foi chorar. Chorar por que eu a amava e amo até agora com todas as minhas forças. Chorei pois a tinha visto com outro.

– E que o que o senhor quer dizer com isso pai?

– Quero dizer que quando se ama de verdade alguém, você se permite chorar. Ele lhe disse que gosta de outra, mas você não ficou triste o suficiente pra se permitir a chorar por um amor não correspondido, e logo se ver que esse sentimento não é "amor". Eu chorei por sua mãe pois a vi com outro e teria chorado sem hesitar se ela mesma me falasse que estava gostando dele.

– Então amar é chorar por essa pessoa?

– Não precisamente, mas sim em algumas situações quando esse amor ainda está brotando – responde sorrindo.

– Mas...

– Mas nada, um dia na hora certa você saberá do que estou falando, agora, vamos almoçar – fala me puxando pra fora do quarto.

E agora, sozinha nesse quarto enorme, entendi o que ele estava tentando me explicar. Choro pois ele ama outra, choro por não ser eu quem ele ama, e choro principalmente pois o amo com todas as minhas forças.

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