Pisco várias vezes pois a luz que invade meus olhos é muito forte e irritante. Mas logo os fecho novamente para me acostumar enquanto as vozes ao meu redor vão ficando cada vez mais nítidas.
Abro lentamente com um pouco de dificuldade quando tudo começa focar. Olho vagarosamente em minha frente e percebo que estou no quarto do hospital com Karen, minha mãe e Davi me olhando como se esperassem que eu dissesse algo.
- Água!
Minha voz sai fraca, como um fio de ar, mas sei que eles me escutaram. Minha garganta e meus lábios estão tão secos e necessitados por água que sinto minha garganta coçar para tossir.
Karen sai apressada do quarto e minha mãe senta em uma poltrona logo ao meu lado segurando minha mão.
- Graças a Deus que você acordou!
- Mãe...
- Não se esforce muito. Vá com calma você ainda está em recuperação.
Ela me impede de falar e concordo dando um sorriso mais fraco. Respiro fundo porém sinto algo me incomodando no nariz e é um daqueles tubinhos para Passagem de ar. Davi se aproxima depois de alguns segundo quando Karen entra novamente no quarto com um copo plástico em mãos.
- Bem vinda novamente. Que bom que acordou - ele diz e eu não digo nada.
- Estávamos começando a ficar preocupados.
Karen diz e quanto Davi checa minha pressão e o curativo que estava em minha cabeça. Penso no que aconteceu durante a cirurgia e me lembro que apaguei depois que minha vista doeu, e claro, lembro do sonho que tive com meu pai e o pequeno menino que estava com ele.
Depois de alguns minutos me examinando ele se afasta dando um pequeno sorriso anotando algo em meu prontuário. Eu por outro lado me sinto melhor depois de beber a água e sentir minha coluna se movimentar quando ele levanta o colchão da cama com um controle.
- Você irá se recuperar melhor Apartir de agora.
- O que aconteceu? - Pergunto novamente com minha voz fraca.
- Enquanto estávamos na cirurgia o tumor resolveu agir do mesmo modo de quando você desmaiava.
- Sim, foi um susto para todos nós.
Minha mãe fala e eu posso imaginar sua aflição quando sai da sala de cirurgia.
- Até pra mim- ele continua - mas fomos mais rápidos e conseguimos terminar com você ainda bem.
- O que acontecerá agora? - Karen pergunta e sinto o alívio em sua voz.
- Bom! Ela terá que tomar alguns medicamentos e fazer mais alguns exames por causa da retirada do tumor, cuidar mais um pouco de sua cabeça e só depois disso poderá ir para casa.
- Me sinto muito fraca.
- Isso passará, até por que você ficou quase duas semanas desacordada!
Meus olhos se arregalam por suas palavras e logo minha mãe me pergunta se estou sentindo algo. Respondo que não, é mais pelo fato de eu ter ficado tanto tempo em cima de um leito de hospital.
- Agora vou deixar vocês a sós enquanto peço para alguem trazer algo para você começar a comer.
Ele sorri tentando parecer um galã de novela mas o ignoro.
- Estou feliz que você já esteja se sentindo melhor - Karen fala logo que ele sai.
- Obrigada.
Respondo feliz também por ela está aqui junto com minha mãe.
.........
Depois que acordei às semanas passaram lentamente enquanto eu fazia exames e tomava remédios para acostumar meu cérebro sem o espaço que o tumor tinha ocupado. Davi fazia questão de me acompanhar e aparecer pelo menos umas três vezes durante o dia em meu quarto. Por um lado aquilo me irritava mas por outro eu sabia que ele tava fazendo seu trabalho.
Durante essas duas semanas que passaram, Alex veio ao meu encontro e fiquei mega feliz por vê-lo. Eu ja estava me sentindo melhor e sem os pontos da cirurgia na minha cabeça, porém ele estava muito preocupado e disse que nossa formatura tinha passado, e eu lógico fiquei triste, pois tinha pensado tanto no dia em que receberia meu diploma em mãos na cerimônia de encerramento da faculdade, mas aquilo não aconteceu.
Ele me contou também que descobriu que eu estava no hospital no mesmo dia em que fiz a cirurgia, e que só viajaria para nova York depois que eu tivesse alta.
Passou alguns dias e até o senhor Thomaz veio me ver e claro que lhe agradeci por ele ter me ajudado a pagar o hospital. Ele por sua vez se remexeu na cadeira ao meu lado mas disse que não tinha sido ele que pagara por todas as despesas que eu tinha tido durante todo aquele tempo, já que o hospital é particular.
- Foi William que pagou por seus tratamentos.
Fico lhe encarando por ouvir o nome dele durante todo esse tempo, pois já tinha se passado um mês desde que eu tinha acordado e começado a fazer os últimos tratamentos depois da cirurgia que ninguém tinha me falado dele, nem mesmo Karen que sempre vinha me ver.
- Diga a ele que eu agradeço, mas que o pagarei.
- Voce sabe que não precisa - senhor Thomaz fala levantando.
- Mas faço questão.
Respondo e ele sorri balançando a cabeça como se estivesse se lembrando de algo.
- Espero que se recupere mais rápido. Qualquer coisa que precisar não hesite em me contactar ok?
- Obrigado senhor Thomaz.
Por último ele afirma com um pequeno balanço de cabeça e sai do quarto. Me encosto novamente na cama e solto o ar que estava segurando desde que tinha escutado o nome de William.
Eu tinha ficado todo esse tempo apenas focando em minha recuperação que nem tinha sequer me lembrado dele, por um momento temi que meu desejo de tê-lo esquecido durante a cirurgia tivesse se realizado.
Fecho os olhos sentindo meu coração bater forte em meu peito como se só agora ele tivesse bombeando sangue para todo o meu corpo. Puxo ar lembrando do que senhor Thomaz tinha me dito. William tinha me ajudado e eu sabia que chegaria uma hora em que teríamos que ficar frente a frente, eu para agradecer e ele...Ele talvez não falaria nada, mas eu faria assim mesmo.
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عاطفيةDesde pequenos somos ensinados a não aceitar algo de estranhos ou sempre a nos afastar quando a "esmola" é boa, pois quando ela é demais, até o santo desconfia, não é mesmo? Foi justamente isso que Lauren pensou quando William, seu mais novo vizinho...