Acordo antes de Jason e Max e olho no relógio. 08h30min. Troco de roupa e coloco uma calça jeans e blusa branca. Calço o tênis e sigo para a ala de treinamento, os gêmeos Coisa 1 e Coisa 2 me cumprimentando no processo.
Quando entro na ala, vejo Lílian e Sofia se estapeando em um canto – as duas haviam desarmado uma a outra e agora treinam com os próprios punhos. No canto, girando um comprido bastão de madeira ao redor do corpo, está Sam. A agilidade com que ela manuseia qualquer tipo me arma me deixa surpreso.
- Oi, Ethan – cumprimenta Sofia, após espatifar Lílian no chão. – Onde está Jason? Achei que ele fosse treinar arco e flecha.
- Devia saber que ele está dormindo.
Sofia ri e também revira os olhos, mas acaba se distraindo e dando oportunidade para Lílian a puxar pelo braço e a chutar para longe. Franzo a testa ao pensar que as duas podem se machucar, mas minha irmã ergue o rosto rindo de si mesma quando a outra se levanta do chão.
- Você não vai mais precisar treinar a Sam com tiro e nem mira, magrelo – manifesta Lílian, seguindo até Sofia e a ajudando a levantar, apontando para o tiro ao alvo da sala com a cabeça.
O lugar do tiro ao alvo está com um buraco enorme no meio. A expressão de Sam continua a mesma, indecifrável, enquanto gira o bastão por cima da cabeça.
- Vocês precisam vê-la com facas, sério. – comento. – E por experiência própria, não vão querer entrar em uma luta contra ela.
Subitamente, a voz de Sam exclama:
- Pense rápido!
Bem, eu não pensei rápido, e Sam atinge minha cabeça com o bastão de madeira em cheio. Indignado, olho para ela, que pousa o bastão ao lado do corpo e me encara com diversão nos olhos.
Sofia, contendo uma risada, estende a mão para Sam, que joga o bastão em sua direção. A loira apanha e o gira nas mãos, ao passo que Lílian recupera seus sais largados ao chão. Não demora dois segundos até as duas avançarem uma contra a outra de novo.
Eu me viro para Sam, que alonga braços e pernas, concentrada. Para minha dignidade, consigo não demonstrar que estou impressionado.
- Sabe usar um arco e flecha? – Pergunto curioso e me dirigindo ao Paredão de armas.
Ela pousa a perna esquerda no chão depois de esticá-la até o alto, hesitando antes de responder:
- Na verdade, não – responde – sabe, não tem muitos arqueiros do lado de fora. E leva séculos até fazer uma flecha de madeira.
- Já vou te dizendo que sou um péssimo professor.
- Mas eu sou uma boa aluna – comenta, como sempre, convencida - Vamos ser uma boa dupla.
Depois de revirar os olhos, pego um arco e a entrego, passando a flecha logo em seguida. A garota coloca a flecha, se mexendo desconfortável.
- Como se segura isso? – pergunta, já perdendo a paciência.
Dou um passo para frente, me aproximando.
- Coloque o arco perto do queixo. – Eu a ajudo a se posicionar. – Levante o braço e endireite o corpo.
Sam me encara quando toco sua cintura, os olhos castanhos faiscando.
- Atire – digo embaraçado.
Ela respira fundo algumas vezes. Um segundo depois, a flecha corta o ar e acerta um ponto bem longe do centro do alvo.
- Que droga – resmunga, arqueando a sobrancelha. - Prefiro minha faca.
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A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}
Science FictionNova York, 2190. Em um futuro distante, as consequências dos avanços incontroláveis da tecnologia são irreversíveis. Após uma terrível guerra entre os humanos e os robôs, a população humana está quase extinta. Os que restaram, vivem em refúgios há s...