Capítulo 30 - Samantha

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O flutuador já havia chegado quando atravessamos o portão da garagem. Lian pousou o helicóptero há uma boa distância do Refúgio, e logo depois nós corremos para chegar ao portão. Porém, o barulho de nossos pés pisando sobre cascalho era o único som que ouvíamos enquanto corríamos. Estava um silêncio terrível. Quando estávamos nos aproximando do Refúgio, diminuímos o passo. Sofia caminhava ao lado de Jason, segurando sua mão enquanto o garoto batucava os dedos no arco. Ethan fazia companhia para Lílian, os dois caminhando cabisbaixos. Eu e Anna ficamos caladas o caminho inteiro, até o momento em que Anna deu voz às perguntas que passavam em minha mente:

- Acha que eles vão nos deixar ficar? – pergunta Anna, ansiosa.

- Não sei – respondo, suspirando.

- Mas você acha que eles nos ajudam a encontrar Ben e Jake?

Eu a encaro, respirando fundo e dando de ombros.

- Não sei – repeti. Era verdade, não sabia de nada.

A garota suspirou, mordendo o lábio. Alguns segundos se passam até ela cruzar os braços, colocar um fio ruivo atrás da orelha e falar:

- Sinto muito por seu amigo.

Não consigo responder.

Jason soca o portão cinco vezes, antes do mesmo se erguer para nos dar passagem. Assim que a porta se fecha, meus olhos focam no símbolo do Refúgio, atrás de mim. O desenho das chamas com a folha dentro, eles usavam isso como um escudo. Vi isso assim que cheguei neste lugar, quando Ethan demonstrou que mesmo quando as pessoas perdem tudo, elas ainda têm muita coisa.

Algumas pessoas trocaram o cumprimento especial quando passaram umas pelas outras. No refeitório, os refugiados correm de um lado para o outro tentando ajudar os feridos. Outras eu vejo que estão chorando e tentando buscar algum consolo. Vejo Coisa 1 e Coisa 2 perto de outros garotos, como Colin, Ed e Bocão e Matthew. Olho para Coisa 1, perguntando por Andrew, mas o garoto apenas balançou a cabeça, negando.

Olhares duros e desconfiados são direcionados a mim pelos Esquadrões. Me encaram como se eu tivesse coberta de excremento. Me sinto deslocada, fora do lugar. De repente, a sensação de ter uma casa se foi por completo.

Por impulso, agarro a mão de Anna, que parece confusa com o aperto, mas não recua. Sofia corre até Lílian, uma bandagem em suas mãos, se ajoelhando em frente a ela. A loira parece tremer enquanto faz um curativo, os olhos marejados.

E então, Mila aparece atrás delas. Os olhos estão arregalados, assustados. As mãos pendem moles ao lado do corpo.

- Onde está Max? – perguntou, a voz baixa e trêmula. - Lílian, me diga onde ele está.

Lílian pisca, incapaz de responder. Então Sofia se ergue do chão, engolindo em seco e balançando a cabeça para a garota abalada a sua frente.

- O que...? – Mila solta um soluço entrecortado. – Não! Eu não...

Ela começa a chorar, desabando no chão. A líder se seu esquadrão, Alessandra, se ajoelha ao lado, abraçando seus ombros. Lílian encara o chão, os olhos azuis brilhando com as lágrimas. Sofia limpa o rosto rapidamente com as costas das mãos, voltando a fazer o curativo em Lily.

Não sei qual cena é pior, então não sei para onde olhar. Viro o rosto, sem querer ver aquilo. Ao meu lado, Anna parece prender a respiração, quieta.

Então, sinto sua mão apertar a minha.

Quando ergo o rosto, há armas apontadas para nós duas. Cinco soldados nos cercam, mas conheço apenas Colin e Bocão. Todas as pessoas no refeitório parecem ter parado para avaliar a cena.

A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}Onde histórias criam vida. Descubra agora