Capítulo 2 - Ethan

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Acordo com o corpo doendo, minhas costas parecendo terem sido moídas. Eu me viro, e Sam não está lá. Esqueço que a bancada é extremamente pequena e acabo caindo no chão.

- Eu avisei – diz uma voz no fundo.

É Sam, carregando uma sacola na mão e a arma na outra.

- Eu disse para você tomar cuidado – a garota joga para mim um pequeno pacote cinza.

Franzo a testa.

- Isso é ração diária? - Pergunto e ela assente. - Como você achou isso?

As rações diárias seriam uma benção na nossa situação. Basta um pouco de água, e elas se transformam na comida anunciada. O pacote em minha mão está escrito "mingau de aveia". Empolgado, pego minha garrafa de água e abro o pacote.

- Roubei de um amigo - Sam responde, por fim.

- O mesmo que te atacou?

Ela não responde, apenas dá de ombros. Deixo o assunto de lado.

- Funciona do mesmo jeito? - olho para o pacote aberto em minha mão.

Sam assente, eu viro a garrafa. Cinco segundos depois, o mingau aparece.

- Demais - sussurro comigo mesmo e olho para ela, que come uma maça. - Posso levar algum?

A garota ergue a sobrancelha, confusa, mas pega a mochila e joga três pacotes em minha direção. Aquilo poderia ser útil para o refúgio.

Viro o mingau na boca e me levanto.

- Vamos. Temos que chegar antes do almoço - quando Sam faz careta, reviro os olhos. - Foi você quem disse que queria vir. Se quiser, pode ficar por aqui.

Um olhar duro em resposta, mas ela pega sua mochila e joga no ombro, me empurrando quando passa por mim.

- Sam, tinha alguém atrás de você? - Pergunto quando seguimos caminho.

Ela olha para mim, me avaliando. Perguntei em tom casual, mas quanto mais eu soubesse sobre ela, melhor. Sam bufa e não responde.

- Preciso saber das ameaças, se quiser vir comigo - digo.

Sem resposta. Bato o pé no chão com força e interrompo a caminhada.

- Não vai me ignorar pra sempre, vai?

Sam sorri por cima do ombro.

- Vou ignorar suas perguntas.

Volto a andar, irritado.

- Você é insuportável.

- Não sou eu quem não para de falar.

Eu a encaro:

- Tinha alguém perseguindo você ou não, Sam?

Cerrando os punhos, ela aponta para o lugar antes do posto.

- Ameaça neutralizada, senhor - Seus olhos castanhos demonstravam desafio. - Mais alguma coisa?

- Sua idade.

- Qual a sua idade?

Respiro fundo, voltando a andar impaciente.

- Vinte.

- Poxa, que garoto crescido - ela debocha atrás de mim e eu reviro os olhos. - Tenho dezessete.

Não digo mais nada, mas Sam sorri, confiante.

- Você pode me perguntar se quiser saber como uma garota tão jovem conseguiu sobreviver sozinha todo esse tempo – cantarola. - Isso eu teria o prazer em te contar.

A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}Onde histórias criam vida. Descubra agora