A luz atinge meu rosto, me dando sinal de que já é hora de levantar. Verifico o relógio e me levanto da cama. Deixo Jason dormir mais um pouco, já que ele ficava de mau humor quando era acordado por mim ou por Max.
A cama de Max está vazia, o que me faz pensar que o garoto está na Ala de Treinamento. Troco de roupa atrás do local estabelecido como "antivistas horrendas", o qual é apenas um lençol estendido entre o armário e o beliche, e sigo para o refeitório, batucando os dedos na perna pelo nervosismo. Tenho certeza de que não sou o único a estar assim - Hoje será o dia mais difícil que o Refúgio já passou, pelo menos até hoje.
Resgatar pessoas fora do alcance dos robôs, tudo bem.
Mas, invadir uma empresa altamente protegida para resgatar mais de cem humanos que até então estão sendo usados em experimentos... isso nunca passou pela minha cabeça. E eu jamais imaginei que isso um dia fosse acontecer.
O refeitório a esta hora está praticamente vazio. Mas é claro: quem gostaria de acordar às seis horas da manhã em um dia, provavelmente, desastroso? Aposto que Coisa e Coisa 2 estão apenas enrolando para não sair do quarto.
Vejo Sofia em nossa mesa, e eu me sento ao seu lado depositando um beijo no alto da cabeça.
- Você está bem? - Pergunto e ela me lança um olhar triste.
- Mais ou menos – suas mãos balançam a caneca de café. - Só estou um pouco assustada.
- Gostaria de poder falar alguma coisa para ajudar, mas me sinto tenso quase tanto você...
- Maninho, nunca passamos por isso – Solta. - É a maior missão que já realizamos e pela primeira vez praticamente todas as equipes vão. Isso é loucura, parece que voltamos seis anos e estamos revivendo a última guerra. E a guerra ainda nem terminou!
A guerra ainda nem terminou.
- Você vai ver, Sofie – falo, tocando seu ombro. – estaremos todos de volta daqui algumas horas e mostraremos para os robôs quem é que manda.
A loira sorri.
- Parece até o papai falando.
- Alguém tinha que puxar alguma coisa da personalidade dele - eu rio.
Como uma sombra, Sam se senta ao meu lado, um pequeno bolo de chocolate que sobrara do jantar noite passada.
- Oi - Digo casualmente e ela me olha nervosa.
- Oi...
Franzo a testa ao ver Sam brigar com o doce para conseguir pegar um pedaço, mas o mesmo se esfarela em sua mão e ela bufa impaciente. Troco olhares com Sofia, mas a loira apenas sorri e se concentra em sua caneca de café.
- Você parece tensa – comento para Sam.
- Eu não estou tensa.
- Mas parece estar.
- Quem é que está tensa aqui?
- Eu estou tenso.
Sam solta os ombros, mas sua ansiedade continua nos dedos, que batucam rapidamente na mesa.
- Está uma bagunça isso tudo – fala, brincando com os farelos de bolo. – Acho que vou mexer no carro, tentar esfriar a cabeça.
- Então te vejo mais tarde? – pergunto, me levantando e cutucando Sofia na orelha como despedida. Sam assente com a cabeça, mas então, dois segundos depois, se vira para trás:
- Ethan?
- Sim?
Ela contrai os lábios, suspirando e balançando a cabeça.
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A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}
Science FictionNova York, 2190. Em um futuro distante, as consequências dos avanços incontroláveis da tecnologia são irreversíveis. Após uma terrível guerra entre os humanos e os robôs, a população humana está quase extinta. Os que restaram, vivem em refúgios há s...