A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}

Capítulo 23 - Ethan

Admito que foram as duas horas mais normais da minha vida desde 2184. Eu e Sam ficamos, literalmente, brincando. Advinhas, pedra, papel e tesoura...

Até que as luzes dos planadores começam a piscar e somos forçados a sair da janela, alertas. Tampo a abertura por completo, mas nem isso fez com que Sam relaxasse os ombros. Ela arruma a touca no cabelo, respirando fundo. Eu a observo avaliar as fotos presas na parede, fotos que tirei há muito tempo com a câmera guardada.

Olho no relógio. São 19:24.

– Estamos aqui a mais de duas horas. Não quer voltar?

- Não.

Eu sorrio. Sua expressão se fecha depois de alguns segundos, e ela pergunta:

- Ethan, já que você não comentou nada a respeito quando eu disse... se eu quisesse sair do Refúgio...

- Sam, de novo...

- Se eu quisesse sair do Refúgio... - repete, rígida, e lentamente se vira para mim - para procurar por Anna, Jake e Ben, eu poderia? Quero dizer, não apenas quando estivermos  em uma missão, mas se eu quisesse sair especificamente pra isso. Apenas por eles.

- Você quer fazer isso?

- Não respondeu minha pergunta, Ethan.

Estalo a língua, coçando o queixo e me levantando.

- Você poderia, Sam - respondo, me aproximando dela. - Contando que não revelasse a localização do refúgio.

- Então, eu poderia sair e voltar? Quando quisesse?

- Não faz nem duas horas  que disse que ficaria, agora está pensado em ir embora de novo?

A garota bufa e solta os braços irritada.

- Ethan. Pare de responder minhas perguntas com outras perguntas.

- Se você ainda quer ir embora, eu preciso saber, Sam.

- Eu não vou ir embora, Ethan, mas preciso achá-los - quando fecho a cara para ela e desvio o olhar, ela pousa carinhosamente os braços em meus ombros. - Você sabe que eu preciso.

- Vamos tentar o primeiro plano antes, está bem? - falo, segurando os prendedores de sua calça jeans. - Eu falo com Max, mas se não der certo... eu vou com você.

Sam se afasta, rápida, mas eu falo primeiro:

- Você sai, eu saio, lembra? – a menina torce o nariz, encarando o chão. - Não pode quebrar uma promessa.

- Então prometa que não vai levar um tiro lá fora.

Ergo as mãos em rendição, sorrindo.

- Eu prometo.

Sam sorri, balançando a cabeça.

- Quero essa foto – Pede se aproximando da minha parede de fotos e puxa uma foto que tirei do mar. – Posso?

- É toda sua – falo e me aproximo dela. Pego a câmera e a coloco na mão de Sam. – Sua vez de tirar fotos. Devolva intacta, beleza?

Assentindo, Sam me acompanha ao sair da sala. Passamos pela sala de música e pela sala de Lian, embarcando no elevador e descendo até refeitório. Demorei alguns segundos para entender que estava de mãos dadas com Sam, e ela parecia estar tão surpresa quanto eu.

Nos sentamos à mesa com os outros, e dois minutos depois, Jason se aproxima de meu ouvido:

- Talvez devesse ir falar com Lian – sussurra indicando a cabeça na direção da mesa de jantar.