Epílogo - Yeager

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Furioso com os resultados, eu me encostei em meu grande trono. Estou impaciente com o barulho da reforma. E acima de tudo, estou além da raiva por meus planos e minha belíssima empresa terem sido arruinados por humanos idiotas. Ir para La Guardia tinha me poupado de problemas maiores, porém, houve um preço. E minha cabeça estava doendo como se eu ainda estivesse levando um choque.

Meus cientistas passam nervosos diante de mim.

Como se eu fosse uma espécie de humano repugnante, pensei.

Rapidamente, os jovens pesquisadores atravessam todo o salão, ignorando os trabalhadores da construção, e seguiram para suas mesas de trabalho. Desvio o olhar para minhas celas de vidro. Elas estavam sendo recolocadas por construtores habilidosos. Outros traziam os objetos de aço, e os encaixavam dentro da cela. Todas estavam quase prontas.

A esplêndida prisão de Kodak Yeager, o líder supremo dos robôs.

Eu sorrio com o pensamento, e me alegro ainda mais com os buracos das paredes serem tampados e depois as marcas desaparecerem como se nunca houvessem existido. Mais alguns instantes, e meu lindo salão estaria novamente impecável.

Ergo a sobrancelha para meu general Dreyfus, que atravessava a porta do salão e caminhava em minha direção.

- Senhor...

- General Dreyfus, seu desempenho nos últimos meses tem sido deplorável – ralhei, notando na cicatriz aonde a faca da garota Número 4 havia cortado seu pescoço – Da próxima vez, eu mesmo ordeno que sua cabeça seja arrancada, teve muita sorte de terem o resgatado há tempo. Espero que tenha acabado com aquela... Rebelião.

Meu general abaixa a cabeça, tocando sua cicatriz e engolindo em seco.

- Estamos trabalhando nisso, senhor. Temos novas informações – Ele anuncia, e eu sinalizo para que ele prossiga. – A Biônica, o experimento Nº 4, está novamente com os humanos. E junto, o experimento Nº3. Devemos seguir com o protocolo?

- Ah, general – cantarolo com desdém. – Não percebeu que eles estão fazendo isso por nós? – Reviro os olhos para a expressão confusa do robô a minha frente. – A garota Nº4, agora, precisa proteger o Possível Novo Biônico, de si mesma. O soro em seu corpo aumenta a cada minuto. Ela agora representa uma ameaça para nós: Quero-a dentro desta cela, assim como a Nº3!

Dreyfus assente.

- O que faremos com o Possível Novo Biônico?

- Aparentemente, as garotas ainda não contaram a ele que há soro Biônico em seu corpo. – Eu digo. – Vamos deixar que descubra primeiro, e ver suas decisões. Os seres humanos sempre tomam decisões erradas e nós, robôs, vamos tirar proveito disso. Devo dizer que seu erro ao atingir o garoto com o soro se tornou um acerto. Veja, meu amigo, que isso tudo agora faz parte de um plano muito maior.

Suspirando, vejo os últimos detalhes serem encaixados no enorme salão, e contemplo minha criação; os laboratórios na mesma altura de meu Trono de Concreto, a Celas de vidro ocupando as laterais, a Área de pesquisa já coberta e lacrada pelo vidro, a alguns metros acima das duas celas da esquerda.

O general limpa a garganta novamente, o que me faz lhe lançar um olhar preguiçoso.

- Senhor, e quanto aos experimentos Nº1 e Nº2? Alguns de nossos informantes disseram que os dois estão na floresta.

Soltei uma gargalhada.

- Perfeito – comemoro me levantando do Trono. – General Dreyfus, eu vejo o início de nosso verdadeiro domínio sobre a Terra. Mande uma das Naves para o Refúgio 25, e destrua tudo. Mate qualquer verme humano que encontrar por lá, e certifique-se de que a construção da Central de Treinamento aos novatos já esteja sendo iniciada logo depois. A estação para o transporte já está quase no fim, e quase fomos descobertos pelos humanos – Dreyfus abre a boca para falar, mas eu o interrompo: – Os outros dois biônicos logo estarão juntos as duas garotas. Creio que não vá demorar muito até o Refúgio 17 começar a procurá-los.

- Algo mais, senhor?

Caminho até a beirada do terceiro degrau, e sorrindo, cruzo os braços atrás do corpo.

- Sim, general – Confirmo. – Dê permissão ao projeto 2.0, e os coloque na floresta. É um presente meu aos Biônicos.

O general faz a continência e se apressa para sair do salão.

Então, me sento no trono novamente, jogando as pernas por cima do braço esquerdo do trono. Jogo a cabeça para trás e gargalho alto.

Minha risada ecoa pelo salão, indo e voltando em meus ouvidos.

Eu sorrio com a ideia:

Nenhum humano escapará de minhas mãos.

A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}Onde histórias criam vida. Descubra agora