Capítulo 28 - Samantha

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Me lembro muito bem da última vez que vi Yeager. O líder dos robôs, e meu antigo chefe, me lançou o mesmo olhar desafiador e duro que está me lançando agora. Embora eu esteja perplexa, eu devolvo seu olhar com a mesma fúria, enquanto rosno para Dreyfus me segurando pelos cabelos. Fico tentada e chutá-lo com todas as minhas forças, mas tenho medo de atirarem em mais alguém do Refúgio 17. Todos os olhares estão focados em mim: minha equipe, os esquadrões, pessoas que confiaram em mim. Apesar disso, não consigo não olhar para o pior deles. Ethan. Seu rosto demonstra dor e dúvida. E ao mesmo tempo, raiva.

Esperneando contra Dreyfus, meu olhar fica firme em Yeager de novo. A raiva sobe cada vez mais em meu peito, ao vê-lo ali, parado e intocável. Anos de treinamento se repassam em minha mente, enquanto eu seguia Yeager como mestre, mentor. Cega com tantas mentiras que ele havia contado.

Yeager me observa com triunfo.

- Leve-os para as celas - Ele aponta o dedo para mim. - Menos ela. E o garoto. Quero levá-los daqui ainda hoje. Não acho que ela terá coragem de atacar com o garoto por perto.

Um robô se desloca da fileira de guardas, apontando para Kevin.

- Esse garoto?

Yeager nega impaciente, apontando para Ethan.

- Não esse. O outro.

O robô puxa o braço de Max, que o encara com ferocidade.

- Esse, senhor?

Yeager o encara, os olhos faiscando raiva e indignação.

- O Menino. De olhos verdes. Da esquerda.

Finalmente, o robô puxa Ethan pelo braço. Outro guarda me agarra pelos braços, e eu torço o nariz para Dreyfus. Sorrindo com malicia, ele balança a arma em suas mãos.

- Eu vou gostar disso – comenta, disparando.

A bala me atinge um pouco ao lado do umbigo, me fazendo perder o equilíbrio. Minha pele queima, minha barriga arde, sangue escorre de novo. O robô que me segura me obriga a ficar de pé, e eu deixo escapar um gemido de dor entre os dentes. O fato de eu me curar sozinha não significa que não sinta dor, e Dreyfus sabe bem disso. O guarda me guia bruscamente, com seus colegas nos seguindo. Max e os gêmeos trocam olhares com Ethan, que balança a cabeça enquanto é empurrado atrás de mim.

Dezenas de planos passam por minha cabeça; nenhum deles garante a sobrevivência dos Esquadrões. Fico quieta, ignorando minha ferida latejar e queimar, e continuo pensando.

Os outros robôs guiam os esquadrões em outra direção, e cerca de vinte guardas nos seguem, com as armas em punho. Caminhamos por entre corredores brancos e com grande iluminação, Ethan seguindo de cabeça baixa atrás de mim. Pelo modo com como nos cercam de todos os lados, parecem estar com medo.

Então, Ethan pigarreia.

- Achei que confiasse em mim - dispara, ríspido.

Eu pisco com força, surpresa, lançando um olhar rápido a ele.

- Ethan, eu não sabia como te contar...

Ele estala a língua, indignado.

- Eu devia ter deixado você se virar sozinha - diz ainda mais alto.

O robô ao nosso lado nos olha de relance.

- A única coisa que eu queria que você tivesse feito era me contar a verdade! - Ethan exclama.

Minha cabeça dói, assim como meu ferimento. Me recuso a aumentar meu tom de voz - Eu não estava no direito de gritar com Ethan.

Os sentinelas pressionam o cano das armas em nossas costas.

A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}Onde histórias criam vida. Descubra agora