Me lembro muito bem da última vez que vi Yeager. O líder dos robôs, e meu antigo chefe, me lançou o mesmo olhar desafiador e duro que está me lançando agora. Embora eu esteja perplexa, eu devolvo seu olhar com a mesma fúria, enquanto rosno para Dreyfus me segurando pelos cabelos. Fico tentada e chutá-lo com todas as minhas forças, mas tenho medo de atirarem em mais alguém do Refúgio 17. Todos os olhares estão focados em mim: minha equipe, os esquadrões, pessoas que confiaram em mim. Apesar disso, não consigo não olhar para o pior deles. Ethan. Seu rosto demonstra dor e dúvida. E ao mesmo tempo, raiva.
Esperneando contra Dreyfus, meu olhar fica firme em Yeager de novo. A raiva sobe cada vez mais em meu peito, ao vê-lo ali, parado e intocável. Anos de treinamento se repassam em minha mente, enquanto eu seguia Yeager como mestre, mentor. Cega com tantas mentiras que ele havia contado.
Yeager me observa com triunfo.
- Leve-os para as celas - Ele aponta o dedo para mim. - Menos ela. E o garoto. Quero levá-los daqui ainda hoje. Não acho que ela terá coragem de atacar com o garoto por perto.
Um robô se desloca da fileira de guardas, apontando para Kevin.
- Esse garoto?
Yeager nega impaciente, apontando para Ethan.
- Não esse. O outro.
O robô puxa o braço de Max, que o encara com ferocidade.
- Esse, senhor?
Yeager o encara, os olhos faiscando raiva e indignação.
- O Menino. De olhos verdes. Da esquerda.
Finalmente, o robô puxa Ethan pelo braço. Outro guarda me agarra pelos braços, e eu torço o nariz para Dreyfus. Sorrindo com malicia, ele balança a arma em suas mãos.
- Eu vou gostar disso – comenta, disparando.
A bala me atinge um pouco ao lado do umbigo, me fazendo perder o equilíbrio. Minha pele queima, minha barriga arde, sangue escorre de novo. O robô que me segura me obriga a ficar de pé, e eu deixo escapar um gemido de dor entre os dentes. O fato de eu me curar sozinha não significa que não sinta dor, e Dreyfus sabe bem disso. O guarda me guia bruscamente, com seus colegas nos seguindo. Max e os gêmeos trocam olhares com Ethan, que balança a cabeça enquanto é empurrado atrás de mim.
Dezenas de planos passam por minha cabeça; nenhum deles garante a sobrevivência dos Esquadrões. Fico quieta, ignorando minha ferida latejar e queimar, e continuo pensando.
Os outros robôs guiam os esquadrões em outra direção, e cerca de vinte guardas nos seguem, com as armas em punho. Caminhamos por entre corredores brancos e com grande iluminação, Ethan seguindo de cabeça baixa atrás de mim. Pelo modo com como nos cercam de todos os lados, parecem estar com medo.
Então, Ethan pigarreia.
- Achei que confiasse em mim - dispara, ríspido.
Eu pisco com força, surpresa, lançando um olhar rápido a ele.
- Ethan, eu não sabia como te contar...
Ele estala a língua, indignado.
- Eu devia ter deixado você se virar sozinha - diz ainda mais alto.
O robô ao nosso lado nos olha de relance.
- A única coisa que eu queria que você tivesse feito era me contar a verdade! - Ethan exclama.
Minha cabeça dói, assim como meu ferimento. Me recuso a aumentar meu tom de voz - Eu não estava no direito de gritar com Ethan.
Os sentinelas pressionam o cano das armas em nossas costas.
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A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}
Science FictionNova York, 2190. Em um futuro distante, as consequências dos avanços incontroláveis da tecnologia são irreversíveis. Após uma terrível guerra entre os humanos e os robôs, a população humana está quase extinta. Os que restaram, vivem em refúgios há s...