Esfrego o rosto enquanto espero Keila voltar.
A enfermaria é uma sala de tamanho mediano. Há várias estantes com remédios, pílulas e outras coisas que eu quase sempre confundo sua utilidade – eu era ótimo em consertar coisas, mas era péssimo com remédios. Há armários com fechaduras eletrônicas nos cantos, onde Keila geralmente pega as coisas mais difíceis de se achar. Agora que outra incubadora foi encontrada e consertada, temos quatro delas para situações de emergência e risco de morte. A sala lembra bastante um consultório médico, principalmente por causa do potinho de pirulitos em cima da mesa.
A mulher da enfermaria anda de um lado para o outro cuidando de quatro pessoas levemente machucadas. Sam passa a mão atrás da cabeça repetidamente, com um leve toque de irritação. Ela recusou a ajuda da enfermeira.
Não machucamos muito. Lílian está com dor de cabeça, pois foi jogada contra a parede várias vezes. Jason está com o nariz sangrando e um corte na testa. Max foi de longe o que mais se machucou: Ele está com o olho roxo, um corte na bochecha e havia deslocado o braço.
Eu teria machucado mais se Sam não tivesse interferido. Na verdade, eu poderia acabar com Arthur. Eu queria ter acabado com ele. E era isso que me deixava com raiva.
Lílian, Max e Jason estão em outra enfermaria, a do lado. Keila sai da enfermaria e me diz para pressionar o corte acima da sobrancelha. Pressiono a ferida por alguns instantes, e Sam passa pela porta.
- Em uma escala de 1 a 10, qual o nível de sua dor? – ela faz careta como se fosse uma médica, me fazendo sorrir. – Me deixe ajudar você.
Sem esperar resposta, ela puxa o lenço de minha mão e pressiona sobre meu machucado. Dois segundos depois, ela suspira:
- Por que fez aquilo? – pergunta ainda segurando o papel na minha testa. Parece intrigada.
- Não gosto quando me chamam de nerd.
- Não. Eu quis dizer...por que você não terminou a luta?
Eu fico quieto.
- Não sei – respondo e ela dá de ombros. - Ele é mais forte do que eu. Você estava errada afinal de contas.
Sam arqueia a sobrancelha.
- Tem certeza?
Não respondo. Seguro seu braço enquanto ela ainda pressiona o lenço. A morena me encara, como se estivesse medindo meus passos.
- Qual o seu motivo? – pergunto. - Quero dizer, por que você lutou?
- Pode não parecer, mas não gosto quando brigam sem motivo. Ainda mais contra pessoas que eu gosto – Ela puxa o braço com impaciência, levando o lenço na vasilha de água.
- Está ardendo.
- Sinto muito, mas você deu de cara no chão – comenta, rindo.
- Obrigado pelo apoio.
Com um olhar rápido, ela me manda ficar quieto. Eu e Sam nos encaramos.
- Fico feliz de ser uma pessoa que você gosta, Sam – comento.
- Eu não sou uma pessoa muito aberta com as pessoas – dá de ombros. – Mas com você eu me sinto à vontade.
- E isso é uma ameaça pra você?
- Nunca se sabe quem são seus verdadeiros inimigos.
- Yeager.
Sam baixa os olhos com um sorriso fraco.
- O que eu estou querendo dizer... É que eu me importo com você – fala e volta a olhar para mim com um sorriso tranquilo. – Ou seja, Ethan Baker, eu odeio você.
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A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}
Science FictionNova York, 2190. Em um futuro distante, as consequências dos avanços incontroláveis da tecnologia são irreversíveis. Após uma terrível guerra entre os humanos e os robôs, a população humana está quase extinta. Os que restaram, vivem em refúgios há s...