Prólogo - Ethan

475 44 20
                                    

Robôs.

Durante muito tempo, eram apenas braços trabalhando em fábricas. Outros eram acessórios inteligentes ou drones de combate. Mas a tecnologia avançou ainda mais e foram criados os serviçais: robôs treinados para servirem os humanos. Satisfaziam as vontades humanas tão bem quanto as próprias pessoas. Podiam executar serviços militares, usos domésticos, atividades perigosas e serviam como cobaias de laboratório. O mundo sorriu ao saber que a vida de jovens e crianças seriam poupadas. No entanto, havia necessidade de algo em troca. Muitos acreditavam que os robôs não se importavam em serem usados e descartados..., mas eles possuíam consciência. Pensamentos. Os robôs também tinham sua vida – Na verdade, era chegado o momento em que a única diferença entre eles e os humanos era o modo em que nasciam.

Houveram sinais de que eles estavam insatisfeitos com a humanidade. A babá robótica que "acidentalmente" atacara a patroa, quando essa derramara de propósito a jarra de café no chão. O robô motorista que causara um acidente de carro. O drone faxineiro que avançara contra as crianças que o importunavam... sim, houveram diversos sinais de impaciência e indignação contra nós, humanos. Mas não fizemos nada a não ser ignorar.

Então, os robôs perceberam que não iriam ter justiça a menos que exigissem seus direitos. E eles fizeram isso.

Kodak Yeager foi eleito líder. Era um dos principais no comando das industrias de Albert Yeager, o criador do primeiro robô. Kodak, a favor da política, incentivou protestos pacíficos a favor de as máquinas serem incluídas de forma digna na sociedade. Chegou até mesmo a tentar conversar com os presidentes. O resultado foi que os líderes mundiais chegaram em um consenso entre si: os robôs foram criados para servirem a humanidade e nada além disso.

Foi aí que o problema começou: As máquinas se rebelaram e tentaram subir ao poder. Os humanos tentaram contê-los, mas os robôs declararam guerra à humanidade, o que causou um grande número de mortes em ambos os lados.

Ninguém estava seguro. As escolas pararam, haviam acidentes quase todos os dias e muitos hospitais e postos de saúde entraram em colapso. Haviam boatos de que seriam usadas armas nucleares, o que causou pânico na população. Porém, todos os dias haviam pronunciamentos oficiais do governo sobre refúgios que estavam sendo construídos, e as pessoas seriam encaminhadas para lá assim que possível.

O último dia em que os humanos caminharam livres pelas ruas foi no ano de 2184. Eu tinha 14 anos. Naquele dia, dezenas de países contra-atacaram pela última vez. França, China, Brasil... todos caíram. Por armas de destruição em massa. Estados inteiros destruídos, governos derrubados. Crateras imensas surgiram de lugares inesperados e cidades se transformaram em ruínas. A população estava sozinha. Os que tiveram sorte, conseguiram alcançar os refúgios antes que se fechassem para sempre.

Foi Kodak Yeager quem assassinou o próprio presidente dos Estados Unidos, e assumindo o poder, ordenou que todos os humanos fossem achados e destruídos; presos para serem exterminados.

O fim da guerra. O Ataque Definitivo.

Os robôs venceram, e os humanos se viram forçados a viverem escondidos, torcendo para nunca serem encontrados por armas que eles mesmos criaram.

Há quem diga que 3,5 bilhões de pessoas morreram na guerra atômica. Mas é impossível saber. O contato com o mundo se perdeu em menos de duas semanas após o Ataque.

O planeta inteiro parecia estar se moldando para acolher a nova espécie dominante, apagando aos poucos os vestígios da existência humana e aderindo as adaptações feitas por Yeager e os robôs. Às vezes, podíamos jurar que a Terra respirava aliviada por tudo aquilo acabar. O mundo era verde, quente, bonito... um planeta cheio de vida. Mas é um mundo o qual não existe mais. Pelo menos, não para humanos.

Acho que talvez tivesse que ser assim.

Mas, eu sei que haverá um dia em que a esperança será restaurada, em que a raça humana se erguerá do pó.

Sei que as máquinas nunca desistem.

E eu também não.

A Rebelião {1°Vol. Da trilogia A Rebelião}Onde histórias criam vida. Descubra agora